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quarta-feira, 12 de abril de 2017

Nótulas Espiritualistas X




    Nótulas Espíritualistas - X
Dr. Antônio J. Freire
in Reformador (FEB)  Junho  1955


            Corta as asas à tua alma quando não te conduzirem para Deus.

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            No Universo, como na música, só há vibrações, ritmo e harmonia, quando o homem não desafina.

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            Ocupamo-nos excessivamente com a higiene do corpo, mas descuramos a higiene da nossa alma, a parte mais nobre, influente e divina da individualidade eterna e responsável.
            A oração, a prece, fervorosas e sentidas, pedindo mais para o nosso próximo de que para nós próprios, são o melhor preventivo do pecado e das ruins tentações, tanto internas, como externas.

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            Não nos preocuparemos e até perdoaremos o desprezo dos soberbos e a maledicência dos ingratos, se vivermos no luminoso caminho da virtude, iluminados pela graça de Deus, e fiéis aos princípios de Jesus.

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            Vitoriosos ou derrotados, defendamos sempre os fracos, os perseguidos, os vencidos e os desalentados.
            No bom combate a derrota é sempre uma vitória do espírito sobre a matéria, seja perfurando montanhas, seja combatendo déspotas.
            Na dor alheia, sejam quais forem as causas que a condicionem, mais devemos avigorar o nobre sentimento da fraternidade e da compaixão que Jesus proclamou e exemplificou, levando-lhe o lenitivo do nosso conforto.
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            Os déspotas podem escravizar e torturar os corpos das suas vítimas; mas não dominam as almas dos homens honestos e valorosos que saibam defender um nobre e redentor ideal onde palpite o espírito de sacrifício, de abnegação e de fraternidade cristã. Lutar pela Liberdade e Justiça é a melhor prece que podemos oferecer a Deus.

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            Cada vida terrena é simultaneamente uma colheita e uma sementeira. Colhemos no presente o que semeamos no passado, em nossas múltiplas vidas pretéritas; semeamos no presente o que colheremos, irremediavelmente, nas vidas futuras, nesses ciclos infindos de preexistências e sobrevivências, de Mundo para Mundo, na trajetória ascendente da nossa evolução espiritual.
            "Faze sempre o Bem e não olhes a quem." Só procedendo, assim, invariavelmente, poderemos evitar dores e sofrimentos no encadeamento das vidas terrestres.
            Só podemos colher a felicidade que tivermos proporcionado aos nossos semelhantes neste tumultuar tenebroso das perversas paixões humanas.

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            A suprema Lei da causalidade psíquica (o Carma), na qual está consubstanciada a Justiça Divina, a universal Justiça lmanente, está viva e flagrantemente expressa em alguns dos nossos adágios: “se semearmos ventos, colheremos tempestades", “quem semeia cardos, colhe espinhos!”
            Jesus, o lídimo representante de Deus em nosso Planeta, enunciou-a no Monte das Oliveiras, intimando o apóstolo Pedro a embainhar a espada: “quem com ferro mata, com ferro morre.”
            A resignação às injustiças, e o perdão aos agressores, constituem das mais belas e redentoras virtudes cristãs.

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            A Lei cármica é justa, mas inflexível na sua estrutura e mecanismo, ligando logicamente, com mão de ferro, o efeito à causa determinante.
            A sua finalidade não representa castigos de Deus; apenas corretivos paternais para a compreensão das Leis divinas, de amor, de perdão e de fraternidade, que não soubemos respeitar em vidas anteriores. O bendito e justiceiro carma não é um castigo; mas uma lição proveitosa.

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            O inexorável carma só procura elucidar o prevaricador pela dor e sofrimento a fim de lhe provocar o arrependimento, a regeneração cristã e a reparação dos prejuízos morais ou materiais com que tenha, por egoísmo ou malvadez, prejudicado os seus semelhantes.

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            O carma, tão mal apreciado e pior compreendido, atuando sobre todas as Humanidades, sobre todo o Cosmos, é o principal motor e orientador de todo o progresso material, de toda a evolução espiritual, entrelaçando passado, presente e futuro das coisas e das Humanidades.
            Abençoado seja o carma pelo seu indomável poder depurador e impulsão evolutiva, conduzindo todos os pecadores, os criminosos mais empedernidos, a porto de salvamento, abrindo-lhes a rutilante e compreensiva aurora do arrependimento e da reparação no rotativismo alienante das vidas terrestres e astrais. Eis a vitória e conquista redentora da virtude sobre o pecado, através do calvário cármico.

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            O Homem, ao transpor a aurifulgente e vitoriosa passagem da animalidade para a Humanidade, conquistou as inestimáveis e preciosas dádivas divinas: a inteligência racional em troca do instinto; e a consciência moral, donde resultaram as fundamentais bases da sua eterna individualidade: o livre-arbítrio e, como corolário, a responsabilidade.
            Os animais, nossos irmãos mais novos no quadro da Evolução geral, são seres instintivos, logo irresponsáveis; o homem, tendo ascendido por esforço próprio, depois de centenas de milhões de anos passados na animalidade e noutros Reinos inferiores da Natureza, à culminância mais elevada da escala da Criação, acabou por conquistar as duas supremas aspirações indispensáveis para o seu progresso espiritual: a liberdade e consequentemente a responsabilidade perante Deus e perante a Humanidade.

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            No estado tenebroso, confuso, desvairado, que envolve toda a nossa Humanidade, impulsionada pelos mais perversos vícios e paixões, irrompendo brutalmente do seu atavismo animal, só há um dique a opor a esta torrente caudalosa, um Luzeiro para iluminar a sua inteligência, um bálsamo para amenizar o seu coração, um poderoso antídoto para aniquilar os venenos que perversos mentores lhe têm infiltrado no cérebro e no coração - o Cristo, o Senhor do Amor e da Compaixão.

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            A Doutrina de Jesus é um sol que ilumina e esclarece as inteligências e purifica as almas, Jesus-Cristo é um sol refulgente e radiante; um sol sem Poente nem Ocaso, eterno na sua pura essência divina.

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            A Doutrina de Jesus é, por excelência, a via luminosa do resgate e da redenção; é o mais curto e cintilante caminho que nos pode conduzir a Deus.
            Servir a Jesus, de alma e de coração, é integrarmo-nos no nobre sentimento da Fraternidade humana, foco orientador da nossa Evolução espiritual, desfolhando-se em amor e compaixão.
            Só pelo Amor e Fraternidade esta Humanidade pode salvar-se dos perigos e abismos insondáveis que tem abertos, escancarados,  a seus pés.

Lisboa - 1955.


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