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quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Evolução


Evolução 
por Múcio Teixeira (em 1908)
                                                                              in Reformador (FEB) Outubro 1959
           
Morri no mineral, para nascer na planta.
Fui pedra e fui semente;
Brilhei no diamante e no cristal luzente,
E fez em mim seu ninho, o pássaro, que canta.

II

Na planta adormeci e despertei um dia
No animal, que move os músculos e anda;
Percorri  apressado uma senda sombria,
Vendo indistintamente uma luz na outra banda.

III

Do animal passei para as formas do homem,
E sendo Homem estou muito perto do Anjo;
Só assim chegarei aos círculos que abranjo
Com a Razão, que ainda as Dúvidas consomem.

IV

Poderei amanhã flutuar, batendo as asas,
Pela  vasta amplidão constelada de céus:
Faísca, que desceu às cinzas e às brasas,
Ascenderei mais tarde à Eterna Luz – que é Deus.
 ----------


Do Blog: Aparentemente, este processo evolutivo - da pedra ao homem - surge afirmado em algum livro de Léon Denis. Apesar de nossos esforços e por culpa das nossas limitações não conseguimos encontrar em que página e livro Monsier Dénis escreveu a respeito. Você poderia ajudar-nos?

domingo, 15 de janeiro de 2017

O Maior Mandamento


O   Maior Mandamento

22,34   Sabendo os fariseus que Jesus reduzira ao silêncio os saduceus, reuniram-se,
22,35  E um deles, doutor das leis, fez-Lhe esta pergunta para pô-Lo à prova:
22,36 -Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?
22,37 Respondeu Jesus: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda  a  tua  alma  e  de  todo  o teu  espírito.(Deut 6,5) 
22,38  Este é o maior e o primeiro mandamento
22,39  E o segundo, semelhante a este, é  "Amarás teu próximo como a ti mesmo." (Lev 19,18)
22,40  Nesses dois mandamentos se resumem toda a Lei e os Profetas.”

            Para Mt (22,34-40), O Maior Mandamento - leiamos “O Evangelho...”, de Kardec, Cap. XI:

            “...“Amar ao próximo como a si mesmo; fazer para os outros o que quereríamos que os outros fizessem por nós,” é a mais completa expressão de caridade, porque resume todos os deveres para com o próximo. Não se pode ter guia mais seguro, a  esse respeito, que tomando por medida, do que se deve fazer para os outros, o que se deseja para si. Com que direito se exigiria dos semelhantes mais de bons procedimentos, de indulgência, de benevolência e de devotamento do que se as tem para com eles? A prática dessas máximas tende à destruição do egoísmo; quando os homens as tomarem por normas de sua conduta e por base de suas instituições, compreenderão a verdadeira fraternidade e farão reinar, entre eles, a paz e a justiça; não haverá mais nem ódios nem dissenções, mas união, concórdia e benevolência mútua.”

            No Cap. XV, lemos:

            “Caridade e humildade, tal é, pois, o único caminho da salvação; egoísmo e orgulho, tal o da perdição. Esse princípio está formulado em termos precisos nestas palavras: - Amareis a Deus de toda a vossa alma e ao vosso próximo como a vós mesmos: toda a lei e os profetas estão contidos nesses dois mandamentos -. E para que não haja mais equívoco sobre a interpretação do amor de Deus e do próximo, ajunta: -E eis o segundo mandamento que é semelhante ao primeiro; quer dizer, que não se pode verdadeiramente amar a Deus sem amar ao próximo, nem amar ao próximo sem amar a Deus; portanto, tudo o que se faz contra o próximo se faz contra Deus. Não podendo amar a Deus sem praticar a caridade com o próximo, todos os deveres do homem se encontram resumidos nesta máxima: FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO.

            Emmanuel  nos legou a seguinte mensagem, inserida em “Caminho, Verdade e Vida”, também para Mt (22,39) -A Regra Áurea:
           
            “Incontestavelmente, muitos séculos antes da vinda do Cristo já era ensinada no mundo a Regra Áurea, trazida por embaixadores de sua sabedoria e misericórdia. Importa esclarecer, todavia, que semelhante princípio era transmitido com maior ou menor exemplificação de seus expositores.

            Diziam os gregos:  “Não façais ao próximo o que não desejais receber dele.”

            Afirmavam os persas: “Fazei como quereis que se vos faça.”

            Declaravam os chineses: “O que não desejais para vós, não façais a outrem.”

            Recomendavam os egípcios: “Deixai passar aquele que fez aos outros o que desejava para si.”

            Doutrinavam os hebreus: “O que não quiserdes para vós, não desejeis para o próximo.”

            Insistiam os romanos: “A lei gravada nos corações humanos é amar os membros da sociedade como a si mesmo.”

            Na antiguidade, todos os povos receberam a lei de ouro da magnanimidade do Cristo.

            Profetas, administradores, juízes e filósofos, porém, procederam como instrumentos mais ou menos identificados com a inspiração dos planos mais altos da vida. Suas figuras apagaram-se no recinto dos templos iniciáticos ou confundiram-se na tela do tempo em vista de seus testemunhos fragmentários.

            Com o Mestre, todavia, a Regra Áurea é a novidade divina, porque Jesus a ensinou e exemplificou, não com virtudes parciais, mas em plenitude de trabalho, abnegação e amor, à claridade das praças públicas, revelando-se aos olhos da Humanidade inteira.”   


Os Saduceus e a Ressurreição


Os Saduceus e a Ressurreição         

  22,23  Naquele mesmo dia, os saduceus, que negavam a ressurreição, interrogavam-nO. 
22,24  Mestre, Moisés disse: Se um homem morrer sem filhos, seu irmão deve casar-se com a viúva e dar-lhe, assim uma posteridade (Deut 25,5)
22,25  Ora, havia entre nós sete irmãos: O primeiro casou-se e morreu. Como ainda não tinha filhos, deixou sua mulher para seu irmão.
22,26  O mesmo sucedeu ao segundo, depois ao terceiro, até o sétimo.
22,27  Por sua vez, depois deles todos, morreu também a mulher.
22,28  No plano espiritual de qual dos sete será a mulher, uma vez que todos a tiveram?
22,29  Respondeu-lhes Jesus: “Errais, não compreendendo as escrituras nem o poder de Deus.   
22,30  No plano espiritual, os homens não terão mulheres nem as mulheres maridos; mas serão como os anjos de Deus no céu. 22,31  Quanto à ressurreição dos mortos, não lestes o que Deus vos disse?
22,32 “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó.” (Ex3,6). Ora, Ele não é o Deus dos mortos mas o Deus dos vivos!”    
22,33  E, ouvindo esta doutrina, as turbas se enchiam de grande admiração!

         Para Mt (22,32), -Deus não é dos mortos...  -   encontramos a chave em “Pão  Nosso”, de Emmanuel por Chico Xavier:

            “Considerando as convenções estabelecidas em nosso trato com os amigos encarnados, de quando em quando nos referimos à vida espiritual utilizando a palavra “morte” nessa ou naquela sentença de conversação usual. No entanto, é imprescindível entendê-la, não por cessação e sim por atividade transformadora da vida.

            Espiritualmente falando, apenas conhecemos um gênero temível de morte - a da consciência denegrida no mal, torturada de remorso ou paralítica  nos despenhadeiros que marginam a estrada da insensatez e do crime.

            É chegada a época de reconhecermos que todos somos vivos na Criação Eterna.

            Em virtude de tardar semelhante conhecimento nos homens, é que se verificam grandes erros. Em razão disso, a igreja católica romana criou, em sua teologia, um céu e um inferno artificiais; diversas coletividades das organizações evangélicas protestantes apegam-se à letra, crentes de que o corpo, vestimenta material do Espírito, ressurgirá um dia dos sepulcros, violando os princípios da Natureza, e inúmeros espiritistas nos têm como fantasmas de laboratório ou formas esvoaçantes, vagas e aéreas, errando indefinidamente.

            Quem passa pela sepultura prossegue trabalhando e, aqui, quanto aí, só existe desordem para o desordeiro. Na Crosta da Terra ou além de seus círculos, permanecemos vivos invariavelmente.

            Não te esqueças, pois, de que os desencarnados não são magos, nem adivinhos. São irmãos que continuam na luta de aprimoramento. Encontramos a morte tão somente nos caminhos do mal, onde as sombras impedem a visão gloriosa da vida.


            Guardemos a lição do Evangelho e jamais esqueçamos que Nosso Pai é Deus dos vivos imortais.”

Conclusões da Vida - 3


Alma grande traz consigo
Em permanente aliança
O raciocínio maduro
Num coração de criança.
Conclusões da Vida 
Chiquinho de Moraes por Chico Xavier

Reformador (FEB) Setembro 1966

A Felicidade



A Felicidade 
por Lauro S. Thiago
Reformador (FEB) Janeiro 1941

            A alma humana tem a intuição de que foi criada para a felicidade - por isso a sua vida inteira na Terra se resume num prolongado anseio de ventura. Os dias correm, os anos passam e a alma humana está sempre renovando as suas esperanças num futuro feliz, que nunca chega, entanto, perfeito, integral. Se corações existem que trazem: em si mesmos a felicidade interior, conquista de suas almas evoluídas, como podem eles sentir a felicidade integral em meio da sociedade humana cheia de chagas e de dores? Quem compreende a felicidade egoísta e que não é o resultado de uma imensa e fraterna partilha de bens? Não! A felicidade deve fazer os corações menos mirrados e mais amplos, não tão mesquinhos, mas cheios de ideal nobreza!

            Não é possível pretender-se, sequer, no momento atual, a felicidade na sua plenitude, quando milhões de corações sangram, tangidos das mais acerbas provações físicas e morais.

*

            Se essa é a condição da alma humana diante do quadro geral da humanidade, nem por isso deixam de existir, pela justiça implícita nas coisas e distribuída pela magnanimidade do Criador pequeninas felicidades parciais, esboços longínquos da grande Felicidade que a sociedade deve conhecer um dia. Dentre todas, uma é particularmente grata á alma humana e resulta do entendimento amoroso de dois corações. O amor é, para os corações humanos, como o orvalho celeste que refresca as grandes e vigorosas árvores, assim como os arbustos pequenos e frágeis. O homem e a mulher se sentem mais completos quando tocados pelo divino chamamento do amor e, então, marcham, assim amparados, assim unidos, como animados por um novo sopro de vida, para maiores e mais gloriosos destinos. A felicidade, para dois corações afins, está na nobreza dos sentimentos que os enlaça e na elevação dos ideais que nutrem suas almas engrandecidas.

*

            Quando felizes, os corações bem formados não devem permanecer egoisticamente indiferentes ao quadro atual da humanidade, mas meditar sobre ele e sua origem, que está no potencial de forças maléficas acumulado pela humanidade, gerado pelos seus crimes, e que agora sobre ela se abate sob forma de devastações, de guerra, de calamidade! Devem esses corações bem formados e, por isso, felizes, resistindo à influência nociva de uma sociedade que se decompõe, saturada das tendências mais criminosas e dos piores relaxamentos morais, constituir-se, em núcleos de resistência, que preparem para depois
da tempestade um mundo de bonança e de felicidade, onde floresçam as nobres qualidades da inteligência e do coração!

            Sim, é preciso não descrer do futuro.

            A felicidade não é um mito, mas uma realidade prometida, que o coração advinha e que será um dia vivida em sua plenitude pela Humanidade Redimida.






Bittencourt Sampaio no Grupo 'Ismael'.


Trabalhos do Grupo "Ismael" 
Dois ditados (psicografias) de Bittencourt Sampaio.
Reformador (FEB) Janeiro 1941

            Com a que publicamos em o Reformador de dezembro ultimo, ficou encerrada a série de manifestações através das quais puderam os leitores acompanhar, em suas fases sucessivas, a transformação radical que se operou nas três entidades espirituais que as produziram: Miguel, maioral da Inquisição, conforme ele próprio se qualificou, Espírito de portentosa inteligência, de vasta e variadíssima cultura científica e filosófica, orador de formidável eloquência, que arrebatava e dominava as massas, dos púlpitos das catedrais; o Padre Ascêncio, seu lugar-tenente e substituto eventual no comando das falanges numerosíssimas a cuja frente combatiam, no espaço, pela igreja de que foram servidores na Terra; e o outro, cujo nome não chegou a ser declinado, executor fiel das ordens que recebia dos dois primeiros, fanático de ambos, querido destes e temido em toda parte, pela impassibilidade e frieza com que praticava as violências que aqueles lhe ordenassem. Os três, empenhados sempre em perseguir, tenaz e implacavelmente, a quantos se não submetiam ao jugo da igreja em cujo seio ainda militavam no infinito, esforçando-se por ampliar-lhe na Terra, o poderio e a dominação, perseguidores, sobretudo, dos que, desde o advento do Espiritismo, se fizeram profitentes do Evangelho em espírito e verdade; os três, dizíamos, abateram, como se há visto, ao influxo do amor puríssimo da Virgem, as armas com que manobrando as suas legiões, guerreavam a Igreja do Cristo de Deus e encetaram, no Colégio de Ismael, sob as vistas e o amparo desse glorioso Anjo, que até ali os encaminhara, o aprendizado necessário a se tornarem servidores fieis dessa Igreja, a verdadeira Igreja Cristã.

            Do valor, da importância, da significação e do alcance de tão notável obra de conversão espiritual, que certamente acarretou a de uma multidão dos legionários que acompanhavam os três chefes vencidos pela misericórdia do Senhor, disseram sobejamente os grandes Espíritos de Bittencourt Sampaio e Pedro Richard, falando após cada uma das manifestações em apreço, para que precisemos encarece-Ia nesta breve nota com que apenas assinalamos o término dos trabalhos em que foram protagonistas os Espíritos a que vimos de aludir, trabalhos esses que se prolongaram por perto de três meses.

            Assim, sem mais sobre eles acrescentarmos coisa alguma, passaremos a publicar as resenhas de outros trabalhos análogos, tão interessantes e elucidativos quanto os de que tratamos e que também giraram em torno de personalidades espirituais que, depois de terem sido aqui figuras proeminentes da igreja romana,  continuaram no Além a sustenta-Ia, propugnando à sua definitiva predominância material no mundo e combatendo, logicamente, os que se hão posto ao serviço da de que é Pontífice único e eterno, Jesus, o Cristo Salvador.

            Antes, porém, da publicação desses novos trabalhos, inseriremos dois ditados, altamente instrutivos e extremamente oportunos na atualidade, de Blttencourt Sampaio, transmitidos no final de duas sessões em que não se manifestara nenhum Espírito sofredor ou obscurecido e obstinado no combate à Verdade.

Primeiro Ditado

            A conquista da paz, como efetuá-Ia - Os temores que assaltam a igreja. - Assombro das falanges do mal. - A dor: diversidade nas maneiras de interpretá-la.  - A do Cristo, neste momento. - Em que naçõcs preferencialmente se originam as guerras. - À que causa estas se filiam. – Advertências aos praticantes do Cristianismo à luz da nova Revelação. - O eco das paixões que se exteriorizam por palavras levianas e insensatas. - Atitude que compete aos espíritas em face dos  acontecimentos que se desenrolam no mundo. Os heroísmos, as gloríolas terrenas, ante a majestade do  Criador.

            Meus companheiros, Deus vos abençoe e vos conceda a sua doce Paz!...

            Quanto a desejam as criaturas, filhas de um mesmo Pai, colhidas inesperadamente no torvelinho de sofrimentos inenarráveis!

            É tão fácil, entretanto, a conquista desse bem supremo, desde que o Espírito se dispõe a realiza-Ia, mediante um trabalho Íntimo, no sentido de crIar dentro de si um estado de serenidade e confiança!

            Todo aquele que crê no Supremo Poder, na Suprema Caridade, no Supremo Amor aguarda tranquilo, firmado na sua fé, que se cumpra a vontade de Deus, expressa imutavelmente na sua Lei, sábia e justa, Esse o ‘x’ do problema que, como se vê, é de fácil solução, mas que, no entanto, se conserva afastado das cogitações humanas neste século de idolatria e de perversão.

            Aquela, que devera ser o baluarte da mansidão e da autoridade moral, vê,  atemorizada. as chamas a lhe envolverem as muralhas e seus servos, estarrecidos, perguntam: Onde está o Cristo? O sacerdos magnus inquire, sobressaltado: o defensor da Igreja abandona o seu vigário ao descrédito e às chacotas das massas pagãs?

            Não é menor, deste lado, o assombro entre as falanges aguerridas do mal, que pensavam restaurar, no seio da humanidade, as práticas do passado, concretizadas no "crê ou morre".

            Há pouco, acompanhei o vosso estudo. Ouvi a leitura e os comentários que cada um de vós fez, sobre a maneira de interpretar-se a dor. É difícil a questão, porque os sentimentos se diferenciam, segundo a elevação dos Espíritos. Há quem sofra por ver malogrado o seu anseio de dominação; há quem sofra por não poder praticar o bem; há quem sofra por não poder impedir as hecatombes que devastam o mundo e assim por diante.

            Figurai-vos, então, o que deverá sentir, neste momento, o Cristo de Deus, contemplando, na amplidão dos campos ensanguentados, os quadros que Ele debuxou para Jerusalém!

            A História como que se repete, em suas fases e períodos. É que o Espírito, quando na carne, quase sempre se compraz na prática dos vícios e dos crimes. Olvida facilmente as resoluções que tomou na Espiritualidade, de acordo com o grau do seu progresso, e deixa-se dominar pelas tendências do homem velho.

            Poderemos acaso, medir a extensão do sofrimento do Cristo, vendo, após vinte séculos da implantação da sua doutrina de amor, trucidar-se reciprocamente os homens que se dizem cristãos? Porque, atentai bem, nas nações de onde se originam as guerras, a religião professada é uma das variantes do Cristianismo. Naquelas onde se praticam o Xintoísmo, o Budismo, o Esoterismo e outras seitas religiosas semelhantes a essas em sua substancia, os povos vivem mais ou menos aquietados e conformados com as suas condições. Não é sintomático? Será por defeito do Cristianismo? Não; é por efeito dos desvirtuamentos que o homem lhe infligiu aos ensinos, através dos tempos.

            Aí tendes a razão das nossas constantes e férvidas advertências, a vós outros que praticais o mesmo Cristianismo, porém à luz da Nova Revelação. Comedimento nas palavras e exteriorização de sentimentos cristãos, eis o
caminho a seguir, porque é o que conduz à regeneração do mundo e a livrá-lo de futuras hecatombes. Homens houve que anteviram os acontecimentos cujos primórdios se estão desenrolando.

            Chegam até nós os ecos das paixões que se exteriorizam por palavras levianas e insensatas, porque as criaturas, em vez de se recolherem dentro de si mesmas, para orar e meditar, discutem o poderio destes ou daqueles valentões que se atiram à arena para se entredevorarem como feras bravias. Ouvimos a repercussão de tais palavras e lastimamos a insensatez do homem, a sua nenhuma preparação para compreender o que se passa, para enfrentar as consequências que se seguirão.

            Será possível que também aos espíritas precisemos ainda advertir, para que se abstenham desses comentários insensatos? Um único é o dever que lhes corre: o de implorarem a misericórdia do Altíssimo para os infelizes instrumentos do mal necessário; o de rogar ao Pai que lhes ilumine a inteligência e o coração, a fim de compreenderem que não só de pão vive o homem.

            De que serve a posse de imensos campos para a semeadura do grão, se a inclemência da Natureza pode devastar toda a cultura e reduzir à fome as populações, que se lançaram na conquista deles com violência e fúria? Que valem os heroísmos, as condecorações, as gloríolas terrenas, símbolos do orgulho, ante a Majestade do Pai Criador, que ordena a seus filhos se amem como irmãos?

            Oremos, meus caros companheiros, á nossa excelsa Mãe. Para as grandes dores, os grandes remédios. Como símbolo da doçura, só o sentimento de Maria. Que Ela, pois, purificando com a sua virtude a prece do pecador, a conduza ao seio de Jesus, advogando a causa da humanidade, que se deixou empolgar pelo espírito do mal, que tudo subverte.

            Que Ela acoberte com o seu manto de piedade o Colégio de Ismael e não consinta que no coração de nenhum de seus membros penetre o vírus das paixões maléficas, que o levem, sequer em pensamento fugaz, a armar o braço
fratricida para o assassínio de seu irmão.

            Que a Mãe Santíssima defenda o eventual detentor do poder na Terra de Santa Cruz, para que não se interrompa o trabalho preparatório  dos prepostos de lsmael à obra da sua missão.

            Meus companheiros, cuidado! O tempo atual é o predito, como bem o sentis.

             Apegai-vos à Virgem, para poderdes, sem falir, chegar gloriosamente ao fim da jornada, satisfeitos por haverdes cumprido o vosso dever

            Paz fique convosco. - Bittencourt.


Segundo Ditado

                O pavor sucedendo à estupefação, nos mundos visível e invisível. - Estado de ânimo da igreja nos dois planos. - Situação em que se encontra o papa. - A confusão entre os sacerdotes do espaço. - O grande educador do homem. - Papel da caridade nessa educação. - A seleção natural dos Espíritos, no Além. - Enquanto isso, o que fazem os homens. - O timoneiro da barca como lhe contempla a singradura. - Os marinheiros da nau como devem proceder. - O turbilhão processando a separação dos bodes e das 8 ovelhas. - Como devem viver nesta hora os discípulos do Cristo. - Mais do que nunca necessárias a vigilância e a oração.

            Companheiros caros, paz seja convosco.

            A estupefação sucedeu o pavor nos dois mundos que se completam. A igreja da Terra e a igreja do espaço, porque desprezaram o Cristo espírito, sentem-se embotadas e cegas para divisar as clareiras do futuro e o que aguarda a humanidade terrena, após vinte séculos de civilização supostamente moldada nos ensinos do carpinteiro.

            O papa, prisioneiro dos instrumentos de caldeamento das massas, é uma figura sem expressão. Sua palavra só ecoa na consciência dos potentados, quando se exprime de acordo com os interesses deles. Na consciência das massas, nulo é o seu efeito, porque não se firma na essência da palavra revelada pelo Verbo de Deus aos simples, de coração puro.

            Os sacerdotes do espaço não menos confusos se encontram nesta hora trágica, porque, colocados num plano que lhes proporciona maiores elementos de apreciação, anteveem a derrocada de suas idéias, a nulidade de sua ação e o destino que lhes está reservado, nas trevas exteriores, onde há choro e ranger de dentes.

            Sempre entendi, nos meus estudos do Evangelho, quando aí estive burilando, calcinando o meu espírito, também necessitado de progresso, que nada valem fórmulas, nem ritos, nem palavras eloquentes na predicação da Verdade, simples e pura.

            Sempre entendi que o coração é e deve ser o grande educador do homem. A caridade é a mensageira dessa verdade, a propagadora dessa educação. E, por assim entender e sentir, pude encerrar a última página do livro da minha vida na carne e encontrar nos cursos superiores do Infinito elementos para confirmação desse sentir e desse pensar.

            Vejo aqui a seleção natural dos Espíritos. Eles vêm como que destinados a seus núcleos, segundo o grau de progresso que trazem. Estudam, debatem idéias, atraem sumidades das mais altas regiões do Infinito, para lhes esclarecerem as dúvidas na interpretação da ciência divina.

            Que fazem os homens? Cogitam, porventura, de conhecer as causas dos acontecimentos que os envolvem? Não. Atentam mais para o futuro imediato das condições terrenas, preocupados com a satisfação dos gozos, do século. Por isso, quando das grandes hecatombes, ou por eles mesmos provocadas, na sua cegueira e maldade, ou provenientes dos cataclismos naturais do planeta, quedam-se apavorados, sem norte e sem bússola.

            A igreja pequena, da Terra e do Espaço, começa a vislumbrar as suas tremendas responsabilidades nesse caos que domina a mente do homem moderno, no planeta. 

            Mas, é o Filho do Homem, quer dizer: o Espírito não nascido do conúbio dos sexos, o timoneiro da barca. Ele sente a fúria dos mares encapelados e percebe os escolhos à frente de sua singradura. Contempla, porém, sereno, o deslizar da nau por sobre o furor das ondas, porque vê além, muito além o plácido porto que a espera.

            Assim é que deveis pensar e sentir; já que sois marinheiros dessa nau. Nela embarcastes por vontade própria e assentimento do Mestre. Confiai que, depois da tempestade, chegareis com Ele ao bonançoso porto.

            Mas, precisais enfrentar a fúria dos elementos, vencer as paixões humanas e as vossas próprias paixões, antes que possais realizar dentro de vós mesmos os festins da paz, da esperança, do amor com o nosso Cristo e nosso Mestre.

            Meus companheiros, nunca foi mais oportuno o conselho da oração e da vigilância, e turbilhão envolve a humanidade. É bem a separação dos bodes e das ovelhas o que se processa. Os discípulos do Cristo devem viver em silêncio e em prece, porque sobre suas cabeças pairam as legiões do mal, prontas a atender aos chamamentos dos corações humanos. Assim, aqueles que quiserem servir ao Cristo e a sua obra precisam imunizar-se contra a lepra das paixões que degradam as criaturas humanas, levando-as à categoria das feras.

            Nunca foram tão necessárias a vigilância e a oração para os que quiserem viver uma  vida plácida. apegados à sua crença em espírito e verdade, dentro do torvelhinho dessas lutas pavorosas, mas indispensáveis, para salvação da humanidade.            

            Maria, Mãe carinhosa, obrigado, por mais esta hora de labor, que concedeste ao servo de teu Filho.  Volvo os olhos para o passado de séculos e vejo as mãos ensangüentadas e o cérebro encandecido por ideias de vingança e maldades. Vejo também o marco da nova estrada que o meu Espírito, na companhia destes, vem percorrendo, em busca de teu Filho, da sua pureza, da sua moral.

            Ajuda-nos, a estes que ainda se acham na carne e a nós libertos dela, para a realização desta obra que redime séculos de crimes, obra de purificação, de fraternidade, de amor, prescrita pelo teu Filho divino.

            Ajuda-nos; sê para nós outros o que o Cirineu foi para o teu Filho na sua via-sacra de redenção dos homens. Lustra os nossos corações, para que possamos sentir e guardar a essência do Evangelho santo. Defende com a coorte dos teus servidores as portas da Casa de Ismael e os lares dos seus fieis trabalhadores, a fim de que eles dêem tudo o que esteja nas suas possibilidades ao serviço da humanidade.

            Obrigado. Faze que o olhar de Nosso Senhor Jesus Cristo não se afaste deles um só instante.

            Paz, meus companheiros. Recomendo-vos muita concentração na reunião próxima. Possivelmente os nossos rogos serão ouvidos e merecemos uma graça maior.

            Ide em paz para os vossos lares e até breve. - Bittencourt.





Ano Velho


Ano Velho
por Pereira Guedes
Reformador (FEB) Janeiro 1941

Ano velho, infeliz, ano de guerra,
Tu que viste cobrir de luto a Terra,
Devastados os campos e as cidades
Nas mais negras e rudes tempestades.
Deves chorar comigo orando aos céus,
Rogando a paz e a proteção de Deus!
,Quando surgiste, o mundo era um vulcão
E sobre a humanidade a maldição
Descia como raios fuzilantes.
Os homens, as mulheres e os infantes
São lançados às mesmas desventuras,
Prisioneiros de um mundo de amarguras!
O como é triste a dor da despedida!
Nascer chorando e por toda a vida,
Ver de Leste, a Oeste, Sul a Norte,
Por toda parte campeando a morte!
Qual a causa, meu Deus, de tanto horror?
Porque foge do mundo o grande amor
Pregado por Jesus há dois mil anos
E a humanidade é a presa dos tiranos?
O Evangelho do Cristo é letra morta!
A doutrina do amor que mais conforta,
Que era paz, que era luz, que era esperança,
Que floresceu num berço de criança,
Sol que dos céus iluminava a Terra,
É tudo agora uma expressão de guerra!
Ano Velho, infeliz, eu me prosterno
E rogo a Deus que faça deste inferno
Um mundo mais feliz, de paz, de amor.
Tal como predicou Cristo, o Senhor

                                                                                  *

Meu Deus, meu Deus! O mundo é um desconforto
E só pregam na Terra um Cristo morto,
Amortalhado no seu Evangelho,
-Como atestado de que o mundo velho
É o fruto do pecado. Pobre mundo,
Abismado num mar de dor profundo!

*

O problema econômico, dirão.
É a causa-mater desta maldição!

                                                                                  *

Eu vos direi· no entanto, convencido,
Que a causa deste mundo corrompido
É a falta da moral, da luz, da Fé,
Tão mal cuidadas pela Santa Sé.

*

Um ano novo vem surgindo agora,
Envolto
em crepe, no romper da aurora,
Chega tristonho, como que chorando,
Quando devia, alegre, vir cantando,
Eu te saúdo infante, sê bem vindo,
Pois, cedo ainda te verei sorrindo.
Ao seio das Nações há de voltar
A Paz que há de sorrir, que há de cantar,
Entoando o hino da FRATERDADE
E unindo pelo AMOR a HUMANIDADE.



sábado, 14 de janeiro de 2017

Alma


Alma 
Erasmo Porangaba
Reformador (FEB) Janeiro 1941

Alma que luta, sofre, ama e sente
O drama extraordinário de viver,
Alma que se dispôs, sincera e crente,
A conquistar o bem e o mal vencer.
Alma, sê forte, heroica, resistente,
Não deixando a descrença te abater,
Mantém a tua fé acesa e ardente
Que ela há de te amparar e proteger.
Alma que te enrijaste na aspereza
Da luta pelo ideal, pela beleza,
Não descreias da vida e seus misteres.
Segue o caminho que esta norma indica:
Evita todo mal, que prejudica.
- Faze todo benefício que puderes.


A Mediunidade não é profissão




A Mediunidade não é profissão
Allan Kardec in “O Evangelho segundo o Espiritismo”

            A mediunidade não é uma arte, nem um talento, pelo que não pode tornar-se uma profissão. Ela não existe sem o concurso dos Espíritos; faltando estes, já não há mediunidade.
            Pode subsistir a aptidão, mas o seu exercício se anula. Daí vem não haver no mundo um único médium capaz de garantir a obtenção de qualquer fenômeno espírita em dado instante.
            Explorar alguém a mediunidade é, conseguintemente, dispor de uma coisa da qual não é realmente dono. Afirmar o contrário é enganar a quem paga. Há mais: não é de si próprio que o explorador dispõe; é o concurso dos Espíritos, das almas dos mortos o que ele põe a preço de moeda. Esta ideia causa instintiva repugnância. Foi esse tráfico, degenerado em abuso, explorado pelo charlatanismo, pela ignorância, pela credulidade e pela superstição que motivou a proibição de Moisés. O moderno Espiritismo, compreendendo o lado sério da questão, pelo descrédito a que lançou essa exploração, elevou a mediunidade à categoria de missão.