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quarta-feira, 23 de março de 2016

O louvor das crianças

      
         21,15   Os sacerdotes e os escribas, vendo os milagres que fazia e as crianças que gritavam no templo: -Viva o filho de Davi!, ficaram indignados
21,16  e perguntaram a Jesus:  -Estás    ouvindo o que dizem? “-Sim!”, respondeu Jesus. “ -Nunca leram na Bíblia que “da boca das crianças e dos que ainda mamam tiraste perfeito louvor.?”
21,17  Depois, deixou-os, saiu da cidade e foi para Betânia, onde passou a noite.

         Para  Mt (21,15-17) -O louvor das Crianças  - leiamos a Kardec, em “O Livro dos Médiuns” ,  Cap. XVIII, sobre o tema:
           
Mediunidade nas crianças

            Pergunta:  Haverá inconveniente em desenvolver-se a mediunidade nas crianças?

            Resposta: Certamente e sustento mesmo que é muito perigoso, pois que esses organismos débeis e delicados sofreriam por essa forma grandes abalos, e as respectivas imaginações excessiva sobreexcitação. Assim, os pais prudentes devem afastá-las dessas idéias, ou, quando nada, não lhes falar do assunto, senão do ponto de vista das conseqüências morais.
           
            Pergunta: Há, no entanto, crianças que são médiuns naturalmente, quer de efeitos físicos, quer de escrita e de visões. Apresenta isto o mesmo inconveniente?

            Resposta: Não, quando numa criança a faculdade se mostra espontânea, é que está na sua natureza e que a sua constituição se presta a isso. O mesmo não acontece, quando é provocada e sobreexcitada. Nota que a criança, que tem visões, geralmente não se impressiona com estas, que lhe parecem coisa naturalíssima, a que dá muito pouca atenção e quase sempre esquece. Mais tarde, o fato lhe volta à memória e ela o explica facilmente, se conhece o Espiritismo.

            Pergunta: Em que idade se pode ocupar, sem inconvenientes, da mediunidade?


            Resposta: Não há idade precisa, tudo dependendo inteiramente do desenvolvimento físico e, ainda mais, do desenvolvimento moral. Há crianças de doze anos a quem tal coisa afetará menos do que a algumas pessoas já feitas. Falo da mediunidade, em geral; porém, a de efeitos físicos é mais fatigante para o corpo; a da escrita tem outro inconveniente, derivado da inexperiência da criança, dado o caso de ela querer entregar-se a sós ao exercício da sua faculdade e fazer disso um brinquedo.”

terça-feira, 22 de março de 2016

Na saída do Templo

           
         21,14   Os cegos e os coxos vieram a Ele no templo e Ele os curou.


            Para  Mt  (21,14) -Jesus  a saída do Templo - leiamos “Dois Mundos Tão Meus” de Luiz Sérgio por Irene Pacheco Machado:

         “Jesus entrou em Jerusalém no domingo, primeiro dia da semana.

            O povo que havia ido vê-Lo em Betânia acompanhava-O. Junto a eles também se encontrava muita gente que ia a  Jerusalém celebrar a Páscoa.

            A natureza sorria, as árvores verdejavam, as flores espargiam pelo ar todo o seu perfume, e Jesus, montado no asninho, dava entrada triunfal em Jerusalém; mas eis que parou e Seu olhar contemplou o sol que banhava o Templo que atraía todos os olhares, tal a sua beleza.

            Majestoso, suntuoso, destacava-se de todos os outros edifícios.

            Ele era o orgulho da nação judaica. Os romanos uniram-se aos judeus para embelezá-lo, e o imperador de Roma o enriquecera, fazendo dele uma das maravilhas do mundo. O puro e alvo mármore das entradas do Templo cintilavam, beijadas pelo sol. Na entrada achava-se uma videira de ouro e prata, com verdes folhagens e maciços cachos de uvas, feitos pelos mais hábeis artistas da época.

            Todo esse deslumbramento representava Israel como uma próspera vinha.

             No olhar de Jesus estampava-se a tristeza; e a multidão, que antes cantava e gritava, silenciou, encantada com tal esplendor. As pessoas não compreenderam por que  Jesus estava triste diante de tanta beleza.

            O povo, que antes agitava os ramos de palmeira, olhava a cena sem compreender a causa de tanto desalento no olhar de Jesus. Os discípulos pensavam fosse porque logo adiante estava a porta das ovelhas, pela qual, durante séculos, haviam sido conduzidos os animais destinados às ofertas sacrificiais.

            Mas não era essa a tristeza de Jesus.

            Em seguida, vimos Jesus no Templo expulsando os vendilhões.

            A minha casa será chamada casa de oração, mas vós fizestes dela covil de ladrões.

             Ele curava os cegos e os coxos (Mt 21,14), mostrando ao povo que o templo não é lugar de comércio, é um hospital de Deus, onde o homem vai para curar a alma.
           
O templo tinha diversos átrios: dos sacerdotes, dos israelitas, e um externo chamado dos gentios, que era uma espécie de praça diante dele, na qual podiam entrar também os pagãos, onde os negociantes vendiam animais para os sacrifícios e os cambistas trocavam moedas profanas pelas sagradas, únicas válidas para as ofertas.

            Deste templo Jesus expulsou os vendilhões e, com eles, os animais. Era um comércio contrastante com a pureza que deveria existir num lugar de oração.

            Jesus não chicoteou quem quer que fosse, apenas usou o chicote das palavras, e estas, por serem verdadeiras, doeram por demais.

            Se Jesus houvesse chicoteado os animais e ficado furioso, como alguns interpretaram nessa passagem, Ele deitaria por terra toda a Sua Doutrina.

             E, Ele, que é o caminho, a verdade e a vida, não ía enfurecer-se Jamais, como diz esse trecho do Evangelho.

             O chicote usado pelo Mestre foi o chicote da verdade.

             Quantos de nós, quando a sentimos no espírito, sofremos por demais.


           Saindo do Templo, Jesus, pela manhã, voltava para a cidade...”  

domingo, 20 de março de 2016

Os vendilhões do templo


21,12 Jesus entrou no templo e expulsou dali todos aqueles que se entregavam ao comércio. Ordenou a retirada das mesas dos cambistas e das bancas dos negociantes  de  pombas. 
21,13  e  disse-lhes: “Está escrito: Minha casa é uma casa de oração (Is. 56,7), mas vós fizestes dela covil de ladrões ( Jer. 7,11).”

         Para Mt (21,12-13), -Os Vendilhões do Templo - encontramos a luz em Allan Kardec, no Cap. XXVI  de  “ O Evangelho...”:

            “Jesus expulsou os vendilhões do templo, condenando, assim, o tráfico das coisas santas sob qualquer forma que seja. Deus não vende nem sua benção, nem seu perdão, nem a entrada no reino dos céus; o homem, pois, não tem o direito de as fazer pagar.”

            “Mediunidade Gratuita -  Os médiuns modernos -porque os apóstolos também tinham mediunidade- igualmente receberam de Deus um dom gratuito: o de serem os intérpretes dos Espíritos para a instrução dos homens, para mostrar-lhes  o caminho do bem e conduzi-los à fé, e não para vender-lhes palavras que não lhes pertencem, porque não são o produto de sua concepção, nem de suas pesquisas, nem de seu trabalho pessoal.”                         

            Para  Mt (21,12-13) -Os Vendilhões do Templo -  leiamos  a  Antônio  Luiz Sayão em “ Elucidações Evangélicas ”:

            “Quanto ao tráfico, tendo por objeto o reino de Deus, constitui uma impiedade. Os Judeus, como se sabe, resgatavam suas faltas por meio do sacrifício de vítimas propiciatórias e os mercadores lhes forneciam as vítimas, os vasos de perfume, etc. Tudo era trazido para o templo e aí vendido.

             Depois, o negócio se ampliou e o templo, que era considerado a casa de Deus, se tornou sede de toda sorte de transações comerciais. A Bolsa dos tempos atuais, com as suas baixezas, teve um modelo no templo de Israel.

            Entretanto, se atentarmos bem nas palavras de Jesus quando dali expulsou os que negociavam, veremos claramente que esse seu ato não obedeceu ao pensamento de defender a pureza de um templo de pedra, apresentando-o como lugar verdadeiramente sagrado, em que as coisas constituíam uma ofensa à Divindade.

             Ele, que ensinara ser Deus espírito e só dever ser adorado em espírito e verdade, estaria em contradição consigo mesmo, se expulsasse do templo os vendilhões, por ser ali a casa de Deus. Cumpre também atentemos nas suas palavras: “ Minha casa será chamada por todos, etc,”. Se aquela fosse a “sua” casa e a casa de Deus, Ele, dizendo isso, se teria declarado Deus.

            Aquele ato, pois,  foi todo simbólico e, à luz da Nova Revelação, o seu simbolismo se faz claramente compreensível.

            O mundo terreno, como todos os que o Criador semeou pelo espaço infinito, é uma das inúmeras casas existentes na infinita morada do Senhor do Universo e é também um templo, onde cada uma de suas criaturas corre o dever de adorá-lo na prática do amor, cuja lei é a lei das leis. Casa, portanto, de oração, Ele o é igualmente, porquanto orar é trabalhar na obra do progresso comum, trabalhando cada qual pelo seu próprio progresso intelectual e moral.

             

Jesus entra em Jerusalém

    
        
21,1  Aproximou-se de Jerusalém. Quando chegaram a Betfagé, perto do monte das Oliveiras, Jesus enviou dois de seus discípulos, 
21,2  dizendo-lhes: “ -Ide à aldeia que está defronte. Encontrareis, logo, uma jumenta amarrada e com ela seu filhote. Desamarrai-os e trazei-os. 
21,3 se alguém disser qualquer coisa, respondei-lhe que o Senhor necessita dele e que Ele, sem demora, os devolverá.” 
21,4  Assim, neste acontecimento, cumpria-se o oráculo do profeta: 
21,5 “Direi à filha de Sião: Eis que teu rei vem a ti, cheio de doçura, montado numa jumenta, num jumentinho, filho de um animal  de  carga  (Zac 9,9).” 
21,6   Os discípulos foram e executaram a ordem de Jesus.  
21,7   Trouxeram  a  jumenta  e  o jumentinho, cobriram-nos com seus mantos e fizeram-no montar. 
21,8    Então, a multidão estendia os mantos pelo caminho, cortava ramos de árvores e espalhava-os pela estrada;
21,9 e toda aquela multidão, que o precedia e que o seguia, clamava: “Viva o filho de Davi! Bendito seja aquele que vem em nome do Senhor! Viva Deus no mais alto dos céus!
21,10  Quando Ele entrou em Jerusalém, alvoroçou-se toda a cidade, perguntando:
-Quem é este? 21,11  A multidão respondia: - É Jesus, o profeta de Nazaré da Galiléia.
        
Para  Mt  (21,10-11) -Jesus entra em Jerusalém -  leiamos  a  Antônio  Luiz Sayão  em “Elucidações Evangélicas”:

            “A cidade de Jerusalém se levantou em peso, comovida e surpresa, a perguntar:
“-Este quem é?” E a multidão que o acompanhava dizia:  É Jesus, o profeta de Nazaré, na Galiléia. Jesus nunca disse que era Deus e seus discípulos só lhe atribuíram a divindade, depois de finda a sua missão, tendo em vista os “milagres” por Ele realizados e o fato “miraculoso” da sua ressurreição e das suas aparições em seguida a esta, não admitindo que a outrem, senão somente a um Deus encarnado, fosse possível realizar tais coisas.”

            A  cerca  do   sempre  discutido  tema  dos  “milagres”, achamos que vale a pena reler aqui a palavra do Espírito São Luiz, que responde a pergunta formulada por  Allan Kardec, em “O Livro dos Médiuns”, Cap. IV: 

            “Pergunta XXV . Entre os fenômenos que se apontam como probantes da ação de uma potência oculta, alguns há evidentemente contrários a todas as conhecidas leis da Natureza. Nesses casos, não será legítima a dúvida
             É que o homem está longe de conhecer todas as leis da Natureza. Se as conhecesse todas, seria Espírito superior. Cada dia que se passa desmente os que, supondo tudo saberem, pretendem impor limites à Natureza, sem que por isso, entretanto, se tornem menos orgulhosos. Desvendando-lhe, incessantemente, novos mistérios, Deus adverte o homem de que deve desconfiar de suas próprias luzes, porquanto dia virá em que a ciência do mais sábio será confundida.


            Não tendes todos os dias, sob os olhos, exemplos de corpos animados de um movimento que domina a força da gravitação? Uma pedra, atirada para o ar, não sobrepuja momentaneamente aquela força? Pobres homens, que vos considerais muito sábios e cuja tola vaidade a todos os momentos está sendo desbancada, ficai sabendo que ainda sois muito pequeninos.”  

sexta-feira, 18 de março de 2016

Espiritismo e Política


            Não raro me perguntam como situar os espíritas em face dos acontecimentos políticos que se desenrolam no Brasil. E ainda: qual a posição do Espiritismo dentro do processo histórico brasileiro.

            Minha resposta é sempre a mesma e me advém da própria Doutrina Espírita. Divido-a em dois aspectos fundamentais. Vejamos o primeiro. Espiritismo e Politica são incompatíveis. É inútil tentar um paralelo entre ambos. Ou a criatura faz Política ou faz Espiritismo, o que não invalida, é lógico, a hipótese de o político ser espírita. E é até bom que seja. Mas saberá sempre, com mais razão, que não se pode servir a dois Senhores ao mesmo tempo, tal como prescrevem os Evangelhos.

            Recordemos, a propósito, a tentativa farisaica no sentido de envolver Jesus politicamente nos acontecimentos da sua época. Quiseram mesmo fazê-lo o líder do movimento de libertação material dos judeus. O Mestre não apenas se furtou à manobra, mas situou clara e explicitamente a sua presença entre nós, alheando-se à politica de César e tão somente preparando os homens para a redenção espiritual. A alusão ao seu Reino, que não era nem é deste mundo, desestimularia qualquer jogada política, de quem quer que fosse.

            Não se infira disso tudo que a Política é um mal. Claro que não. Encarada apenasmente como a arte de governar, ela tem a sua razão de ser e há inúmeros políticos de ilibada moral e imaculado comportamento. Contudo, a cada um o seu mister. Isto porque, a Política obriga às vezes a tomadas de posição que não são imorais nem ilegais, mas acabam fazendo gerar incompreensões, intolerâncias, radicalismos, extremismos, para não dizer vaidades e presunções. Ela exige, não raro, atitudes em bloco, de bancadas nem sempre capazes, nos seus fins, de reunir o endosso consciencial da unanimidade. No entanto, é preciso votar. E votar partidariamente, não individualmente. Mas seria isto um crime? Não, claro que não. O sistema partidário implica essas nuanças. Todavia, a Religião (ipso facto, o Espiritismo) não pode subjugar-se a compromissos de qualquer outra natureza que não seja o da aproximação da criatura com o seu Criador. Qualquer sistema que vise mais ao Homem do que ao Espírito extrapola da Doutrina de Allan Kardec. Por isso tudo é que o Espiritismo não é contra a Política, mas prefere que ela seja feita pelos políticos. Aos espíritas, pois, cabe fazer Espiritismo e nada mais.

            Vejamos agora o outro aspecto fundamental da minha resposta, referido no início deste artigo. Sem interferir na Política nem praticá-la em nome do Espiritismo, os espíritas confiam, entretanto, em que os políticos brasileiros, cedo ou tarde, farão do Brasil o "Coração do Mundo", isto é, um pais onde afinal impere o bem-estar social, o progresso amplo e generalizado, a fraternidade em todos os seus sentidos. Esta confiança e esta convicção nos advém duma obra ditada ao maior médium psicógrafo do mundo, o generoso missionário de Pedro Leopoldo, Francisco Cândido Xavier. Humberto de Campos inspirou, através da sua faculdade psíquica, trabalho interessantíssimo, a que chamou "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho", o qual foi editado pela Federação Espírita Brasileira, em 1938, e pode ainda hoje ser encontrado em sua livraria, na Avenida Passos, 30.

            O inesquecível escritor maranhense, transposto o limiar da Eternidade, foi prestes chamado a colaborar na tarefa de divulgação da Terceira Revelação, isto é, o Espiritismo, e, dentre outras mensagens, enviou-nos essa verdadeira sinfonia de esperança, a encantar-nos a alma com um aceno imarcescível à espiritualização dos homens, dos povos e das nações! Segundo o que se contém em "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho", nosso pais está fadado à mais bela missão terrestre. Sua gente - em cuja preferência o Espiritismo, segundo todas as estatísticas, é a religião que mais cresce - há de transformar-se no ideal modelo de harmonia e compreensão para todas as outras gentes, já podendo ser divisados esses horizontes nas muitas dádivas naturais com que temos sido prodigalizados, além dos processos que marcam nossa evolução histórica, quase sempre incruentos e desfigurados dos ódios e das crueldades.

            Não é à-toa que - sem blague - dizem haver no outro plano Espíritos sabidões preocupados em conseguir pistolões para reencarnar no Brasil. Ignoram, é claro, que ante a Grande Lei o único pistolão válido é unicamente o do merecimento ou o da necessidade.

                                                           (Ext. do “Diário de Notícias", de 20 de Maio de 1970)


Espiritismo e Política
Luciano dos Anjos

Reformador (FEB) Julho 1970

terça-feira, 15 de março de 2016

Bartimeu e o outro cego de Jericó

            

         20,29 Ao sair de Jericó, uma grande multidão o seguiu.   20,30 Dois cegos, sentados à beira do caminho, ouvindo dizer que   Jesus   passava,  começaram   a   gritar:  -Senhor, filho de Davi,, tem piedade de nós! 20,31 A multidão, porém, os repreendia para que se calassem, mas eles gritavam ainda mais forte: -Senhor, filho de Davi, tem piedade de nós! 20,32 Jesus parou, chamou-os e perguntou-lhes: “ -Que queres que Eu faça?” 20,33  -Senhor, que nossos olhos se abram! 20,34 Jesus, cheio de compaixão, tocou-lhes os olhos. Instantaneamente, recobraram  a  visão  e puseram-se a servi-lo.          
     
           Para Mt (20,32) -Que queres que Eu faça.-,  encontramos  a  palavra de Emmanuel por Chico Xavier em “Fonte Viva”:
           
            “Cada aprendiz em sua lição.
            Cada trabalhador na tarefa que lhe foi cometida.
            Cada vaso em sua utilidade.
            Cada lutador com a prova necessária.
            Assim, cada um de nós tem o testemunho individual no caminho da vida.
            Por vezes, falhamos aos compromissos assumidos e nos endividamos infinitamente. No serviço reparador, todavia, clamamos pela misericórdia do Senhor, rogando-lhe compaixão e socorro.
            A pergunta endereçada pelo Mestre ao cego de Jericó é, porém, bastante expressiva.

            “Que queres que Eu faça?

            A indagação deixa perceber que a posição melindrosa do interessado se ajustava aos imperativos da Lei.
            Nada ocorre à revelia dos Divinos Desígnios.
            Bartimeu, o cego, soube responder, solicitando visão. Entretanto, quanta gente roga acesso à presença do Salvador e, quando por ele interpelada, responde em prejuízo próprio?
            Lembremo-nos de que, por vezes, perdemos a casa terrestre a fim de aprendermos o caminho da casa celeste; em muitas ocasiões, somos abandonados pelos mais agradáveis laços humanos, de maneira  a retornarmos aos vínculos divinos; há épocas em que as feridas do corpo são chamadas a curar as chagas da alma, e situações em que a paralisia ensina a preciosidade do movimento.


            É natural peçamos o auxílio do Mestre em nossas dificuldades e dissabores; entrementes, não nos esqueçamos de trabalhar pelo bem, nas mais aflitivas passagens da retificação e da ascensão, convictos de que nos encontramos invariavelmente na mais justa e proveitosa oportunidade de trabalho que merecemos, e que talvez não saibamos, de pronto, escolher outra melhor.”

sábado, 12 de março de 2016

Salomé e Zebedeu, pais de Tiago e João


20,20 Nisso, aproximou-se a mãe dos filhos de Zebedeu (Salomé), com seus filhos, e prostrou-se diante de Jesus para lhe fazer uma súplica.
20,21 Perguntou Ele: “ -Que queres?” Ela respondeu: -Ordena que estes meus dois filhos se sentem no Teu reino, um à Tua direita e outro à Tua esquerda.
20,22  Jesus disse: “-Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que devo beber?” -Sim, disseram-Lhe.
20,23  “De fato, bebereis meu cálice. Quanto, porém, ao sentar-vos à minha direita ou à minha esquerda, isto não depende de mim vo-lo conceder. Esses lugares cabem àqueles aos quais Meu Pai os reservou”
20,24 Os dez outros, que haviam ouvido tudo, indignaram-se contra os dois irmãos. 20,25 Jesus, porém, os chamou e lhes disse: “ -Sabeis que os chefes das nações as subjugam, e que os grandes as governam com autoridade;
20,26 Não seja assim entre vós. Todo aquele que quiser tornar-se grande, entre vós, se faça servo
20,27 E o que quiser tornar-se, entre vós, o primeiro, se faça vosso servo.
20,28 O Filho não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate do mundo.”

         Para Mt (20,20-28)leiamos a Allan Kardec, no Cap. VII  de  “O Evangelho Segundo o Espiritismo”:
           
            “...O Espiritismo vem sancionar a teoria pelo exemplo, em nos mostrando grandes no mundo dos Espíritos aqueles que eram pequenos na Terra e, frequentemente bem pequenos aqueles que nela eram maiores e os mais poderosos. É que os primeiros levaram, em morrendo, aquilo que, unicamente, faz a verdadeira grandeza no céu e não se perde: as virtudes; enquanto que os outros deveram deixar o que fazia sua grandeza na Terra, e não se leva: a fortuna, os títulos, a glória, o nascimento; não tendo nenhuma outra coisa, eles chegam no outro mundo desprovidos de tudo, como náufragos que tudo perderam, até suas vestes; não conservaram senão o orgulho que torna sua nova posição mais humilhante, porque vêem acima deles, e resplandecentes de glória, aqueles que espezinhavam na Terra.”
           
            Para Mt (20,22) -Não sabeis o que pedis! - lemos, em “Caminho, Verdade e Vida”, de Emmanuel por Chico Xavier, o que se segue:

            “A maioria dos crentes dirige-se às casas de oração, no propósito de pedir alguma coisa.

            Raros os que aí comparecem, na verdadeira atitude dos filhos de Deus,  interessados nos sublimes desejos do Senhor, quanto à melhoria de conhecimentos, à renovação de valores íntimos, ao aproveitamento espiritual das oportunidades recebidas de Mais Alto.

            A rigor, os homens deviam reconhecer nos templos o lugar sagrado do Altíssimo, onde deveriam aprender a fraternidade, o amor, a cooperação no programa divino. Quase todos, porém, preferem o ato de insistir, de teimar, de se imporem ao paternal carinho de Deus, no sentido de lhe subornarem o Poder Infinito. Pedinchões inveterados, abandonam, na maior parte das vezes, o traçado reto de suas vidas, em virtude da rebeldia suprema nas relações com o Pai. Tanto reclamam, que lhes é concedida a experiência desejada.

            Sobrevêm desastres. Surgem as dores. Em seguida, aparece o tédio, que é sempre filho da incompreensão dos nossos deveres.

            Provocamos certas dádivas no caminho. Adiantamo-nos na solicitação da herança que nos cabe, exigindo prematuras concessões do Pai, à maneira do filho pródigo, mas o desencanto constitui-se em veneno da imprevidência e da irresponsabilidade.

            O tédio representará sempre o fruto amargo da precipitação de quantos se atiram a patrimônios que lhes não competem.

            Tenhamos, pois, cuidado em pedir, porque, acima de tudo, devemos solicitar a compreensão da vontade de  Jesus a nosso respeito. ”

            Para Mt  (20,28) -O filho não veio para ser servido, mas para servir... - leiamos “Fonte Viva” de Emmanuel por Chico Xavier:

            “A Natureza, em toda parte, é um laboratório divino que elege o espírito de serviço por processo normal de evolução.

            Os olhos atilados observam a cooperação e o auxílio nas mais comezinhas manifestações nos reinos inferiores.

             A cova serve à semente. A semente enriquecerá o homem.

            O vento ajuda as flores, permutando-lhes os princípios de vida. As flores produzirão frutos abençoados.

            Os rios confiam-se ao mar. O mar faz a nuvem fecundante.

            Por manter a vida humana, no estágio em que se encontra, milhares de animais morrem na Terra, de hora em hora, dando carne e sangue a benefício dos homens.

            Infere-se de semelhante luta que o serviço é o preço da caminhada libertadora ou santificante.

            A pessoa que se habitua a ser invariavelmente servida em todas as situações, não sabe agir sozinha em situação alguma.

            A criatura que serve pelo prazer de ser útil progride sempre e encontra mil recursos dentro de si mesma, na solução de todos os problemas.

            A primeira cristaliza-se. A segunda desenvolve-se.

            Quem reclama excessivamente dos outros, por não estimar a movimentação própria da satisfação de necessidades comuns, acaba por escravizar-se aos servidores, estragando o dia quando não encontra alguém que lhe ponha a mesa. Quem aprende a servir, contudo, sabe reduzir todos os embaraços da senda, descobrindo trilhos novos.

            Aprendiz do Evangelho que não improvisa a alegria de auxiliar os semelhantes permanece muito longe do verdadeiro discipulado, porquanto companheiro fiel da Boa Nova está informado de que Jesus veio para servir, e desvela-se, a benefício de todos, até ao fim da luta.

            Se há mais alegria em dar que em receber, há mais felicidade em servir que em ser servido.

            Quem serve,  prossegue...”


O 3º Anúncio da Crucificação



20,17 Subindo para Jerusalém, durante o caminho, Jesus tomou à parte os doze e disse-lhes:
20,18 “Eis que subimos a Jerusalém e Eu serei entregue aos príncipes, aos sacerdotes principais e aos escribas. Eles Me condenarão à morte.
20,19 E Me entregarão aos pagãos para ser exposto às suas zombarias, ser açoitado e crucificado; mas, ao fim do terceiro dia, ressuscitarei!”

            Para Mt (20,17-19) -3º Anúncio da Crucificação - , temos a orientação de Antônio Luiz Sayão em “Elucidações Evangélicas”:

            “Jesus, neste passo, repetiu a predição que já fizera da sua  ‘morte’  e da sua  “ressurreição”, acrescentando e  precisando novas particularidades.”

            “Jesus, fundamentava os momentos que iam ocorrer e desse modo dava maior peso às suas afirmativas. As narrações dos Evangelistas se completam, como sempre, uma pelas outras.

            Os discípulos não compreenderam, dessa vez, melhor do que das precedentes, o sentido exato das palavras do Mestre. Não atinavam, sobretudo, com o que poderia ser a “ressurreição” de Jesus. Tinham o entendimento obscurecido, quanto a esse ponto, a fim de que os fatos pudessem suceder sem obstáculos.

            Os apóstolos, diz um dos Evangelistas, muito admirados e receosos, seguiam, o Mestre, quando a caminho de Jerusalém. É que temiam os sacerdotes e os principais Judeus, sentindo que seria difícil escapar-lhes.” 

            Apresentamos, ainda, em poucas linhas, uma fração do pensamento de Allan Kardec, em “O Livro dos Médiuns”, quando ele nos diz:
           
            “Por isso dizemos que quem deseje estudar esta ciência (O Espiritismo)  deve observar muito e durante muito tempo. Só o tempo lhe permitirá apreender os pormenores, notar os matizes delicados, observar uma imensidade de fatos característicos, que lhe serão outros tantos raios de luz. Se, porém, se detiver na superfície, expõe-se a formular juízo prematuro e, conseguintemente, errôneo.”    
           


'Os Empregados da Vinha' (Parábola)


19,30 Muitos dos primeiros serão  últimos e muitos dos últimos serão primeiros!
20,1 Com efeito, o reino dos céus é semelhante a um pai de família que saiu ao romper da manhã, a fim de contratar operários para a sua vinha.
20,2 Ajustou com eles um denário por dia e enviou-os para sua vinha.
20,3 Cerca da 3ª hora, saiu  e viu alguns mais na praça sem nada fazer.      
20,4 Disse-lhes :-Ide também  para minha vinha e vos darei o justo salário.
20,5 Eles foram. À 6ª hora saiu de novo e também na 9ª hora fez o mesmo.
20,6 Finalmente, pela undécima hora, encontrou ainda outros na praça e perguntou-lhes: Porque estais todo o dia sem fazer nada?      
20,7   Eles responderam: -É porque ninguém nos contratou. Disse-lhes, então: Ide vós também para minha vinha.
20,8   Ao cair da tarde, o senhor da vinha disse a seu feitor: -Chama os operários e paga-lhes, começando pelos últimos até os primeiros.
20,9 Vieram aqueles da undécima hora e receberam cada qual um denário.
20,10 Chegando, por sua vez, os primeiros, julgavam que haviam de receber mais, mas só receberam cada qual um denário;
20,11  Ao receberem, murmuraram contra o pai da família, dizendo:
20,12  Os últimos só trabalharam uma hora... e destes-lhes tanto como a nós, que suportamos o peso do dia e do calor.
20,13 O senhor, porém, disse:
 -Meu amigo, não te faço injustiça, não contrataste comigo um denário?
20,14 Toma o que é teu e vai-te: -Eu quero dar a este último tanto quanto a ti.
20,15 Ou não me é permitido fazer dos meus bens o que me apraz? Porventura vês com maus olhos que eu seja bom?
20,16 Assim, pois, os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos (porque muitos serão os chamados, mas poucos os escolhidos).

         Para Mt (19,30 até 20,16) -O Trabalhador da última hora-, temos a orientação de Constantino (espírito protetor), no Cap. XX de  “O Evangelho...”:
           
            “O trabalhador da última hora tem direito ao salário, mas é preciso que a sua vontade tenha estado à disposição do Senhor que devia empregá-lo, e que esse atraso não seja o fruto da preguiça ou da má vontade. Tem direito ao salário, porque desde a madrugada, esperava impacientemente aquele que, enfim, o chamaria ao trabalho; era trabalhador,  só o trabalho lhe faltava.
             Mas se tivesse recusado o trabalho a cada hora do dia; se tivesse dito: Tenhamos paciência, o repouso me é agradável; quando a última hora soar, será tempo de pensar no salário da jornada; que necessidade teria de me incomodar por um senhor que não conheço, que não amo! quanto mais tarde, será melhor. Este, meus amigos, não teria encontrado o salário do obreiro, mas o da preguiça.
            Que será, pois, daquele que, em lugar de permanecer simplesmente na inação, tiver empregado as horas destinadas ao labor do dia em cometer atos culpáveis; que tiver blasfemado contra Deus, vertido o sangue de seus irmãos, lançado a perturbação nas famílias, arruinado os homens confiantes, abusado da inocência, que tiver enfim se chafurdado em todas as ignomínias da Humanidade; que será, pois, daquele? Bastar-lhe-á dizer na última hora: Senhor, eu empreguei mal meu tempo; tomai-me até o fim do dia, que eu faça um pouco, bem pouco da minha tarefa, e dai-me o salário do trabalhador de boa vontade?   Não, não; o senhor lhe dirá: Não tenho trabalho para ti, no momento; esbanjaste teu tempo; esqueceste o que havias aprendido e não sabes mais trabalhar o que havias aprendido e não sabes mais trabalhar na minha vinha. Recomeça, pois, a aprender, e quando estiveres mais disposto, virás a mim e eu te abrirei meu vasto campo, e tu poderás nele trabalhar a toda hora do dia. 
            Bons espíritas, meus bem-amados, sois todos vós obreiros da última hora. Bem orgulhoso seria aquele que dissesse: Comecei o trabalho no alvorecer e não o terminarei senão no declínio do dia. Todos vós viestes quando fostes chamados, um pouco mais cedo, um pouco mais tarde, para a encarnação, da qual carregais os grilhões; mas desde quantos séculos e séculos o Senhor chamou para sua vinha sem que tivésseis querido nele entrar!  Eis o momento de receberdes o salário; empregai bem essa hora que vos resta e não olvideis jamais que a vossa existência, tão longa que vos pareça, não é senão um momento bem fugidio na  imensidade dos  tempos  que  formam  para  vós  a eternidade.”

            Para  Mt  (20,16) -Muitos são chamados mas poucos  escolhidos-     leiamos  “Livro da Esperança” de Emmanuel por Chico Xavier:

            “O espírita, na prática da Doutrina Espírita, faz-se realmente conhecido, através de características essenciais.

            Rende constante preito de amor a Deus, começando na consciência.

            Respeita no corpo de carne um santuário vivo que lhe cabe sublimar.   Abraça o trabalho construtivo, seja qual seja a posição em que se encontre.    Abstém-se formalmente do profissionalismo religioso.    Sabe-se um espírito em evolução e, por isso, não exige nos outros qualidades perfeitas que ainda não possui.

            Aceita sem revolta dificuldades e provações por não desconhecer que os princípios da reencarnação situam cada pessoa no lugar que traçou a si mesma, ante os resultados das próprias obras. Empenha-se no aprimoramento individual, na certeza de que tudo melhora em torno, à medida que busca melhorar-se. Estima no dever irrepreensivelmente cumprido, seja no lar ou na profissão, na vida particular ou na atividade pública o alicerce da propaganda de sua própria fé. Exalta o bem, procurando a vitória do bem, com esquecimento de todo mal. Foge da crítica pessoal, à face da caridade que lhe rege o caminho, mas não recusa o exame honesto e imparcial desse ou daquele problema que interesse o equilíbrio e a segurança da comunidade em que vive. Exerce a tolerância fraterna, corrigindo o erro sem ferir, como quem separa o enfermo da enfermidade. Estuda sempre. Ama sem escravizar e sem escravizar-se. Não tem a presunção de saber e fazer tudo, mas realiza, com espontaneidade e alegria o trabalho que lhe compete. Age sem paixões partidárias, em assuntos políticos, embora esteja atento aos deveres de cidadão que o quadro social lhes preceitua. Usa as posses do mundo em favor da prosperidade e do bem de todos.    Evita os excessos. Simplifica, quanto possível, a própria existência. Acata os preconceitos dos outros, conquanto não se sinta obrigado a cultivar preconceito algum.

            Definindo-se o espírita de aprendiz infatigável do progresso, será justo lembrar aqui a conceituação de Allan Kardec, no item sete do capítulo primeiro de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”: Assim como Cristo disse  “ não vim destruir a lei, porém, cumpri-la”, o Espiritismo também diz -“não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe execução.””

domingo, 6 de março de 2016

Missão do Espiritismo


Missão do Espiritismo - parte 1
J. Martins Peralva
Reformador (FEB) Outubro 1970

            - A crença no Espiritismo ajuda o homem a se melhorar,
firmando-lhe as ideias sobre certos pontos do futuro. Allan Kardec

             Acima de tudo, cultuemos as bases codificadas por Allan Kardec,
sob a chancela do Senhor, assinalando-nos as vidas renovadas, no rumo do Bem Eterno. Emmanuel
           

            Difícil encontrar doutrina de tamanho equilíbrio, haja vista seu tríplice aspecto de Ciência, Filosofia e Religião. Harmonia completa com o bom-senso, a lógica, o sentimento e a fé.

            Revivendo os ensinos de Nosso Senhor Jesus-Cristo, cuja pureza vem restaurando em exegese racional, terá sempre a Doutrina Espírita meios de situar-nos, adequadamente, no âmbito social.

            Identifica-nos com as mais variegadas atividades humanas, desde que elevadas nobilitantes. 

            Corolário da ética do Cristianismo induz-nos ao respeito e acatamento às leis que regem a vida, na indefectível bilateralidade dos imperativos físico-morais.

            O Espírita será, assim, invariavelmente, um amante da ordem.

            Um impulsionador do progresso.

            Um respeitador da autoridade constituída.

            Bom cidadão.

            Cumpridor, consciente, dos deveres cívicos.

            Uma peça afinada no mecanismo da sociedade, da qual se torna eficiente servidor.

            Procurando amar a Deus sobre todas as coisas, o Espírita será encontrado, a qualquer tempo, na posição de efetivo e sincero colaborador do progresso e da felicidade.

            Recordando o diálogo de Jesus com fariseus que O procuravam confundir os Espíritos Superiores, da Codificação aos nossos dias, de Kardec a Emmanuel e outros induzem-nos ao cumprimento de todos os deveres, nos vários setores componentes da Vida, esclarecendo que tais deveres se estendem à família, à sociedade, à autoridade, tanto quanto para com os indivíduos em geral.

            Por isso que os Espíritas, sem qualquer embaraço ou prejuízo à sua diligência e senso progressista, são, via de regra, criaturas operantes, mas cordatas.

            Humildes, mas dignas.

            Modestas, mas realizadoras.

            Esclarecidas, mas não enfatuadas.

            Religiosas, mas não fanatizadas nem dogmatizadas .        

            Desprendidas, mas não perdulárias.

            Quando fortes, procuram amparar.

            Quando ajudam, o fazem sem humilhar.

            Quando servem, tem o cuidado de passar.

            Quando difundem a verdade, não o fazem com afetação.

            A fabulosa obra assistencial que se espalha por todo o Brasil, a atestar-lhes o dinamismo silencioso, confirma a atualidade de "O Evangelho segundo o Espiritismo",
que, em todas as suas lições, induz ao trabalho que enobrece.

            O que se faz, hoje, no campo assistencial, simboliza a compreensão de que não basta esclarecer, nem confortar espiritualmente. Que é, igualmente, imperioso, dar o pão, o vestuário, o medicamento.

            Ajudando materialmente e impulsionando, ao mesmo tempo, o serviço de expansão evangélico-doutrinária, o preceito "a César o que é de César e a Deus o que é de Deus" estará sendo aplicado através da ação dos Espíritos, atualizando, assim, os ensinos grafados por Allan Kardec e pelas entidades de Mais Alto.

            A mediunidade edificante, em nossos dias, revigora as palavras dos Instrutores
de Escol que se fizeram presentes no trabalho de evangelização efetuado pelo Codificador, levando os companheiros do Espiritismo ao esforço da difusão doutrinária na tribuna e nos livros, na televisão e noutros veículos publicitários, simultaneamente com o labor de centenas e centenas de instituições que dão abrigo e educação, fraternidade e amparo aos desvalidos do caminho.

            Nos Templos de Fé, o ensino nobre no dar a Deus o que é de Deus."

            Lá fora, na sociedade, o impulso ao progresso e o respeito às instituições humanas, no "dar a César o que é de César".







Missão do Espiritismo - parte 2
J. Martins Peralva
Reformador (FEB) Novembro 1970


- O Espiritismo ensina o homem a suportar as provas com paciência e resignação;
afasta-o dos atos que possam retardar lhe a felicidade, mas ninguém diz que,
sem ele, não possa ela ser conseguida. Allan Kardec

    O Espiritismo, desdobrando o Cristianismo, é claro como o Sol.
Não nos percamos em labirintos desnecessários, porquanto ao espírita não se permite a expectação da miopia mental.        Emmanuel


            A missão de Jesus, O Cristo Consolador, é a consubstanciação da mensagem de eterno amor que se insculpiu, em todos os tempos, na consciência dos povos mais antigos, através dos Enviados de Sua Misericórdia, presente em todos os surtos evolutivos por Ele supervisionados, como "Pão da Vida" e "Luz do Mundo", mensagem que mais tarde, no terceiro quartel do século XIX, restaura-se, estuante de vida, nas páginas de "O Evangelho segundo o Espiritismo" .

            A missão do Espiritismo, em nossos dias, alimentada pela Voz dos Espíritos que orientam e inspiram, amparam e iluminam os missionários da mediunidade, em cuja vanguarda identificamos a nobre personalidade de Emmanuel, consiste em explicar, em Espírito e Verdade, o pensamento de Jesus.

            Se o que por Jesus foi dito, os homens esqueceram, no curso dos séculos; se as Suas palavras foram distorcidas ou sepultadas no sarcófago do obscurantismo, "O Evangelho segundo o Espiritismo" a tudo reviveu, em glorioso trabalho de interpretação e vivência que se perpetuam na atualidade, para felicidade de todos nós, no fabuloso acervo de instruções que a Espiritualidade Superior faz jorrar em intérminas catadupas de luz e sabedoria, assegurando, desta maneira à maravilhosa obra kardequiana, reconfortante e indestrutível perenidade, no Tempo e no Espaço.

            Os Espíritas, em nome do Senhor e por inspiração de "O Evangelho segundo o
Espiritismo", continuam consolando os deserdados. Encorajando os fracos. Reanimando os desesperançados Convertendo e redimindo almas impiedosas.
Argamassando o edifício da renovação humana.

            Graças à profunda beleza de sua filosofia, o Espiritismo supre a alma humana de tudo quanto ela precisa para sustentar-se, nos labores evolutivos, esclarecendo e consolando, porque, sem o conhecimento das motivações do sofrimento, com suas origens, via de regra no passado; sem o entendimento pelo raciocínio, da destinação da Terra -TERRA-ESCOLA, TERRA-TEMPLO, TERRA-OFICINA; sem a compreensão dos altos objetivos do sofrimento regenerador, por crise salutar ao Espírito Eterno, eis que conducente à felicidade, com o resgate depurador; enfim, sem essas noções filosóficas, profundas e ao mesmo tempo acessíveis, a consolação seria de superfície, sem nenhuma dúvida piedosa, mas, na verdade, inconsistente, como o esclarecimento teria a vacuidade das coisas transitórias.

            Hoje, como ontem, pelo desdobramento possibilitado pela obra realmente evangelizadora de Emmanuel e seus iluminados companheiros do Mundo Invisível, vai o homem, quando sofre, compreendendo a função renovadora da dor.

            Que o resgate é justo, como reflexo de ações pretéritas.

            Que gloriosas foram as portas abertas pelo conhecimento espírita, conhecimento que abrange o passado, opera no presente e descortina as paisagens do futuro.

            O Espiritismo oferece ao espírito humano os horizontes do porvir, concitando-o, sobretudo, a inabalável fé na Providência Divina, na Presença de Deus em nossa caminhada, desde o primeiro instante, em recuados milênios de milênios, dando-nos, outrossim, aquela certeza de que os sofrimentos do mundo, criados exclusivamente pela invigilância humana, em todos os tempos, nada representam, apesar de suas características dolorosas e incômodas, ante os esplêndidos panoramas que vislumbraremos na vitória do Amanhã.

            Renovando as palavras de "O Evangelho segundo o Espiritismo", a literatura mediúnica de nossos dias revigora os conceitos de amor e fraternidade, de cultura e sentimento, que o Cristo estabeleceu e que Kardec complementou, com o concurso e supervisão dos Espíritos.

            O Cristo da Galileia plantou, no solo da Palestina, a semente de luz, simbolizada em o Novo Testamento, revivendo-a Kardec, na França, em "O Evangelho segundo o Espiritismo."

            O Novo Testamento e "O Evangelho segundo o Espiritismo" refulgem, gloriosos, em nossos dias, na opulenta literatura mediúnica que se iniciou em Pedro Leopoldo, em 8 de Junho de 1927, e tem prosseguimento, em requintes de fidelidade doutrinário-evangélica, nas missionárias mãos de Francisco Cândido Xavier.

            O Evangelho é livro perene. Jamais perderá sua atualidade.

            Seu conteúdo moral resume o próprio pensamento de Jesus. Opulenta-se, hoje, nas milhares de mensagens que nos falam de Sabedoria e Amor, Cultura e Sentimento.

            O “livro-coração” dá-nos, de permeio, com o reconforto nas horas menos tranquilas, o conhecimento das coisas. A explicação sensata e lógica, de onde viemos e para onde iremos. Do que somos. É nos incentivo para que empreguemos o máximo esforço na construção do bem, no cenário bem controvertido da Terra, com diversidades aparentemente inexplicáveis.