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sexta-feira, 1 de maio de 2015

O Decálogo

O Decálogo

Rodolfo Calligaris

Reformador (FEB)  Janeiro 1973

            O Decálogo ou os 10 mandamentos da lei de Deus acha-se registrado duas vezes no Velho Testamento: a primeira, em Êxodo, 20:2 a 17, e a segunda, com pequenas diferenças de redação, em Deuteronômio, 5:6 a 21.

            Quem o teria transmitido, para a edificação dos terrícolas?

            Durante muito tempo, enquanto se concebia Deus como uma entidade antropomórfica (com formas humanas), acreditava-se que fora ditado diretamente pelo Criador a Moisés, no monte Sinai

            A ideia que se faz atualmente da Divindade torna inadmissível tal suposição, prevalecendo a crença, muito mais verossímil, de que essa estupenda revelação nos foi trazida não pelo próprio Deus, que jamais foi visto por qualquer mortal (como a Bíblia nos instrui), mas sim por um Seu mensageiro (anjo, Espírito sublimado, ou qualquer outro nome que se lhe queira dar). Isto, no entanto, carece de importância.

            Anjo e Deus são termos usados com muita frequência no Velho Testamento com a mesma significação. Assim, embora não seja exato que "o Senhor falava a Moisés cara a cara, como um homem costuma falar a seu amigo" (Êxodo, 33:11), não padece a menor dúvida de que esse grande profeta (médium, na terminologia espírita) mantinha, mesmo, reiterados colóquios com o Mundo Espiritual, especialmente com os guias e protetores do povo judeu, do qual se fizera líder inconteste.

            Aliás, já nos primórdios do Cristianismo, os discípulos de Jesus não criam na  comunicação direta de Deus com Moisés, mas sim através das potestades espirituais.

            Haja vista o discurso de Estêvão perante o Sinédrio, em que, defendendo-se das acusações que lhe faziam, de haver blasfemado contra Moisés, e reafirmando sua veneração por ele, assim se exprime (Atos, cap. 7):

            "A este Moisés, ao qual desprezaram, dizendo: Quem te fez a ti príncipe, e  juiz?A este enviou Deus por príncipe e redentor, por mão do anjo que lhe apareceu na sarça... " (v. 35). "Este é o que esteve na assembleia do povo, no deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai, do qual recebeu palavras de vida, para no-las transmitir" (v. 38).

            É certo, ainda, que, ao ser ditado a Moisés, o Decálogo constava de preceitos breves e incisivos, que puderam ser gravados em duas tábuas de pedra, facilmente transportáveis, sendo-lhe feitos, posteriormente, vários aditamentos, contendo promessas de recompensas aos que o pusessem em prática, assim como ameaças a quem deixasse de dar-lhe cumprimento.

            Esses dez mandamentos, baseados na lei natural, constituem um código de conduta e referem-se aos deveres da criatura para com o Criador, para consigo mesma e para com o próximo.

            São, pois, eternos, irrevogáveis, e alcançam a Humanidade inteira, sem acepção de raça, crença, etc.


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