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quarta-feira, 20 de maio de 2015

Discipulado Insubstituível

Discipulado insubstituível
Editorial



Reformador (FEB) Maio 1972

            Os espíritas são estudantes privilegiados; além de terem sido aprovados no vestibular da reencarnação, obtiveram matrícula nos avançados cursos mantidos no educandário Terra. E nestes abrem-se-lhes as portas do estudo da Ciência das Ciências: a Ciência da Vida. Fazem o aprendizado dos aprendizados: o aprendizado da Verdade. Para aproveitamento integral desse aprendizado, recebe o espírita, ao transpor os pórticos de sua universidade, uma senha que lhe manda distribuir o seu Reitor Excelso: “A letra mata; o espírito vivifica.” Esta amorosa advertência não pode ser nem abandonada nem esquecida, pois há de servir, preliminarmente, para lembrar sempre ao estudante que ele é Espírito, em trânsito pela forma, como recurso de elevação.

            Feita a advertência preliminar, encontra o estudante, a seguir, o programa básico de estudos, um binário simples e conciso que o Espírito de Verdade, Professor emérito, consignou em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, a págs. 124: “Espíritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo.” Aí está o programa proposto no sentido pluralizado, isto é, dirigido para a massa. Mas, sendo o aprendizado tarefa personalíssima reservada ao aprendiz, há que singularizar o programa, traduzindo-o para seu uso pessoal, do que resultará a divisa: “Amar e instruir-se.” Nesta forma, é claro que as duas ações implicam um movimento de dentro para fora, a exigirem uma radical mudança de postura, a modo de uma guinada de 180 graus.

            Portanto, em primeiro lugar, torna-se evidente que amar, no sentido evangélico, exclui a hipótese de usar o verbo com a partícula reflexiva; amar é desejar o bem dos outros, é dar, é servir. E mais: que o único método de transmitir esse ensinamento é o do exemplo; e que se, porventura, tiver o espírita o anseio de difundir a arte de amar, só o conseguirá através da “pregação fundamental”, que é, sem tirar nem pôr, o método utilizado pelo Mestre Inigualável e único.

Quanto a instruir-se, evidencia-se, ao revés, que a ação, no caso, não é a transitiva, mas, sim, a reflexiva, exclusivamente; não se trata, pois, de instruir os outros, mas instruir a si mesmo, adquirir conhecimentos, num esforço de autodidaxia. Neste particular, há algo mais a considerar: no tocante a instruir-se, a criatura pode fazê-lo de duas maneiras distintas: instruir-se intelectualmente ou instruir-se moralmente. Mas, é óbvio que, com o Espiritismo, retomando a pureza do Evangelho, a instrução a realizar é a moral, dentro dos padrões que o Cristo timbrou em exemplificar do primeiro ao último minuto do seu messianato.

            Impõe-se, assim, a conclusão de que o Espiritismo compareceu ao cenário do mundo para “ensinar o homem a sofrer”. Fora daí, qualquer outra função que se lhe queira atribuir será - pelo menos por enquanto - espúria, num propósito que adulterará seus postulados básicos, pois que, se de fato está o discípulo convicto de que “fora da caridade não há salvação”, a primeira caridade a praticar será a de instruir-se a si mesmo com a certeza de que se encontra num “mundo de provas e expiações”, a executar a ingente empreitada de eliminar de si mesmo as causas das dores e sofrimentos, através do sofrimento e da dor suportados segundo os ensinamentos do Evangelho.

            As lições aí estão, ao dispor do mundo. Os instrutores poderão revezar-se, poderão multiplicar-se. Mas, o esforço consciente do discípulo é insubstituível, é imprescindível. Sem ele, nada se fará.


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