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sexta-feira, 10 de abril de 2015

Verdades Espíritas na Bíblia

Verdades Espíritas
 na Bíblia
Sylvio Brito Soares
Reformador (FEB) Março 1971

            Há quem supunha que nós, espiritistas, depreciamos a Bíblia.

            Absolutamente. O que acontece é que os ensinamentos contidos nesse velho livro, considerado sagrado, foram superados com o advento do Cristianismo. Não obstante, ele revela, realmente, verdades de cunho moral, verdades de fundo histórico, verdades de caráter religioso, escritas todas por criaturas humanas sob a inspiração do Alto.

            Devemos lembrar, no entanto, que o verbo inspirar é oriundo do latim - Inspirare -, que quer dizer: soprar dentro ou sobre.

            Inspiração, portanto, é a ação de inspirar alguém, de aconselhar, de sugerir alguma coisa. E os portageiros desses conselhos, dessas sugestões são, na linguagem bíblica, os anjos, os quais, no entanto, nada mais são, em verdade, do que espíritos libertos do corpo carnal e já possuidores de apreciável progresso moral e intelectual.

            A leitura da Bíblia tem de interessar a todos os estudiosos, porque nela vamos, encontrar passagens interessantes para bem apreciarmos a marcha evolutiva dos povos primitivos, e também conselhos dignos de nossa meditação. Somos, por isso, leitor assíduo desse livro, que foi o primeiro a ser publicado impresso, em 1455, como gostamos igualmente de ler Buda, Confúrio, Sócrates, Platão e outros. E depois, no Velho Testamento, vamos apreciar uma série de fatos comprobatórios da comunicabilidade dos espíritos desencarnados com aqueles que ainda se acham ligados a um corpo de carne. Os espíritos desencarnados sempre exerceram e continuam exercendo influência muito acentuada na vida dos chamados vivos.

            O notável teólogo e grande tribuno norte-americano, reverendo Charles Reynalds Brown, decano da Universidade de Yale e pastor da Igreja Congregacionista de Oakland,  fez constar de seu livro “Os Pontos Principais da Crença Cristã” estas palavras: “O dia de Pentecostes não foi uma maravilha isolada, que se operou no início de uma nova dispensação, para atrair a atenção. Foi uma amostra do modo pelo qual as forças do mundo invisível (isto é, os Espíritos) podem ser invocadas para ajudar as nossas próprias forças morais no estabelecimento do reino de Deus”.

            Cumpre-nos acentuar que desde o primeiro livro do Velho Testamento, que é o “Gênesis”, até o último, o Apocalipse, ou Revelação, os ensinos ministrados pelos Espíritos se sucedem de maneira positiva, insofismável. O próprio Moisés não ouviu a voz de Deus, mas, sim, a dos Espíritos, e isto quem afirma é o apóstolo Paulo, quando disse: - “Vós que recebestes a lei por ministério dos anjos” (anjos, do latim ANGELUS, significa mensageiro, o que anuncia). “A lei foi anunciada pelos anjos” (veja-se Atos dos Apóstolos, 7 ;53, e Epístola aos Hebreus, 2 ;2). “Anjos são espíritos”, afirmou ainda o apóstolo Paulo, em sua Epístola aos Hebreus, 1 ;7. E que papel representam esses Espíritos? E' ainda Paulo quem responde: “São uns administradores, enviados para exercer o seu ministério a favor daqueles que hão de receber a herança da salvação” (Epístola aos Hebreus. 1:14).

            Moisés ouviu e viu o anjo, ou espírito que falava na sarça que ardia no monte Sinai (Atos 7:30-1). O Espírito da mãe de Lemuel aparece-lhe e dá-lhe esta sábia, edificante e instrutiva comunicação: “ ... Abre a tua boca a favor do mundo, pelo direito de todos os que se acham em desolação. Abre a tua boca, julga retamente e faze justiça aos pobres necessitados” (Provérbios, 31 ;1/9).

            Um Espírito apareceu a Manoah e à sua mulher, fala-lhes claramente por mais de uma vez (.Juízes, capo 13). Espíritos com corpos perispirituais aparecem a diversas pessoas (Mateus 27:83). O Espírito de um macedônio comunica-se com Paulo (Atos, 16 ;9). Um Espírito fala com Aarão e Míriam e promete manifestar-se a um médium vidente ou profeta, ou a comunicar-se por meio de sonhos (Números 12:6). Os judeus acreditavam que os Espíritos do mundo invisível se comunicavam com os encarnados (Atos 23: 9). Jeremias esperou dez dias a comunicação de um Espírito (Jer. 42:7). Ezequiel descreve a incorporação de um Espírito (Ezequiel cap. 1 e cap. 2, V. 2). O profeta Daniel, médium vidente, viu um Espírito voando e que repousou nele (Dan. 4:8 e 9; 21/22), Um Espírito anuncia a José, em sonho, o nascimento de Jesus (Mat. 1:20). Um Espírito, em sonho, recomenda a José que fuja com a família para o Egito. a fim de escapar à fúria de Herodes (Mat. 2;13). Um Espírito evita que os magos caiam na cilada preparada pelo rei Herodes (Mat. 2;7/12).

            Os 22 capítulos do livro Apocalipse, com 404 versículos, foram ditados ao apóstolo João Evangelista, quando exilado na ilha de Patmos, por ser discípulo do Nazareno. Eis como fala o apóstolo : “Eu João, vosso irmão, que tenho parte na tribulação, e no reino e na paciência em Jesus, estive em uma ilha que se chama Patmos, por causa da palavra de Deus e pelo testemunho de Jesus. Entretanto, em êxtase num dia de domingo, ouvi por detrás de mim uma grande voz como trombeta, que dizia: “- O que vês, escreve-o num livro e envia-o às sete igrejas que há na Ásia: a Éfeso, a Smirna, a Pérgamo, a Tiatira, a Sardes, a Filadélfia e a Laudicéia”.

            A Bíblia, pois, é a grande e insuspeita difusora da verdade Kardequiana, razão por que nós, espíritas, jamais podemos repudiá-la, porquanto nos fala, abundantemente, ser uma realidade as manifestações espíritas.


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