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domingo, 12 de abril de 2015

Eclipse passageiro

Eclipse passageiro
Ismael Gomes Braga
Reformador (FEB) maio 1956

            De 1855 a 18S0 o sábio Alexandre Aksakof reuniu uma tremenda documentação sobre os fatos espíritas e publicou seu gigantesco livro - "Animismo e Espiritismo" - que formava dois alentados volumes na edição espanhola que apareceu no princípio deste século (século XX). A primeira edição, em língua alemã, foi, porém, datada 3-15 de Fevereiro de 1890, em S. Petersburgo.

            O Império Moscovita empregava o velho calendário que era 12 dias atrasado do universal, e tudo era datado assim. Tivemos correspondência com habitantes do Império e as cartas sempre traziam duas indicações da data.

            O livro foi traduzido primeiramente para o russo, depois para o inglês, o francês, e outras principais línguas de cultura.

            Agora a FEB conseguiu acomodar o material todo em um único volume de 705 páginas, com letra miúda, tornando-o mais manejável para o estudioso.

            Diante de toda aquela documentação, fora de supor que a Rússia caminharia para o Espiritismo, ainda que lentamente; mas assim não foi... Justamente o contrário ocorreu: o que triunfou naquela imensa região do Planeta foi o materialismo oficial, em oposição à igreja oficial, cujos frutos deixavam tudo a desejar.

            O regime czarista celebrizou-se na História pelo despotismo, pela tirania, pelas mais duras formas de imperialismo contra os vizinhos mais fracos que foram sendo conquistados e incorporados ao Império, sob o mais tremendo jugo do conquistador.

            O sistema feudal permaneceu em todo o território que se estendia pela Europa e Ásia.

            O regime se tornou odioso e odiado pelos seus milhões de vítimas e finalmente esboroou para sempre.

            Um abismo cava outro: se a religião oficial dera tão amargos frutos, acharam que deveriam adotar o sistema diametralmente oposto: o ateísmo igualmente oficial, como "religião" negativa do Estado.

            O ideal de Alexandre Aksakof se acha em pleno eclipse em sua própria pátria.

            Quanto tempo durará ainda o eclipse? Só Deus o sabe; mas a nossa curta ciência nos basta para convencer-nos de que ele terá fim tão fatal como o dia sucede à noite; porque não há força humana capaz de impedir os fenômenos espíritas, iguais ou semelhantes aos reunidos por Alexandre Aksakof, e a persistência dos fatos é invencível.

            Pode queimar-se Giordano Bruno, pode obrigar-se Galileu a abjurar, mas a Terra continuará girando em torno do seu eixo até que gerações mais adiantadas venham a compreender o ridículo das proibições e perseguições. O mesmo ocorre com os fenômenos espíritas: repetem-se incessantemente e por fim hão de triunfar contra toda a cegueira dos homens.

            O reaparecimento do monumento de Aksakof talvez já seja um sinal dos tempos.


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