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terça-feira, 28 de outubro de 2014

Assemelha-se à criança


Assemelha-se
à criança

 19,13 Foram-Lhe, então, apresentadas algumas crianças para que as abençoasse e orasse por elas. Os discípulos, porém, as afastaram.
19,14 Disse-lhes Jesus: “ -Deixai vir a mim essas crianças. Não as impeçais. Porque o reino dos céus é para aqueles que se lhes assemelham.
19,15 E, depois de impor-lhes as mãos, continuou Seu caminho.

          Para Mt (18,13-15) -Assemelha-te a Criançaencontramos a orientação de Kardec, no Cap. VIII de  “O Evangelho...”:

            “... uma vez que o espírito da criança já viveu, por que não se mostra ele, desde o nascimento, tal qual é?”

            “...seria preciso que a atividade do princípio inteligente fosse proporcional à fraqueza do corpo que não poderia resistir a uma atividade muito grande do espírito, assim como se vê nas crianças muito precoces. É por isso que, desde a proximidade da encarnação, entrando o Espírito em perturbação, perde, pouco a pouco, a consciência de si mesmo; ele, durante um certo período, permanece numa espécie de sono durante o qual todas as suas faculdades se conservam em estado latente.”

            “...a partir do nascimento, suas idéias retomam gradualmente impulso, à medida que se desenvolvem os órgãos, de onde se pode dizer que, durante os primeiros anos, o espírito é verdadeiramente criança, porque as ideias que formam o fundo do caráter estão ainda adormecidas.”

            “...o espírito reveste, pois, por um tempo, a túnica da inocência e Jesus está com a verdade quando, malgrado a anterioridade da alma, toma a criança por emblema de pureza e da simplicidade.”

            Colocada a palavra de Kardec, leiamos a Néio Lúcio por Chico Xavier, em  “Jesus no Lar”, que nos conta uma historieta onde Jesus nos fala de criança, de caridade e de benemerência:

            “...em zona montanhosa, através de região deserta, caminhavam dois velhos amigos, ambos enfermos, cada qual a defender-se, quanto possível, contra os golpes do ar gelado, quando foram surpreendidos por uma criança semimorta, na estrada, ao sabor da ventania de inverno.

            Um deles fixou o singular achado e clamou, irritadiço: “Não perderei tempo. A hora exige cuidado comigo mesmo. Sigamos em frente!”

            O outro, porém, mais piedoso, considerou:
            - “Amigo, salvemos o pequenino. É nosso irmão em humanidade.”

            - “Não posso - disse o companheiro, endurecido - sinto-me cansado e doente. Este desconhecido seria um peso insuportável. Temos frio e tempestade. Precisamos ganhar a aldeia próxima sem perda de minutos.”

            E avançou para adiante em largas passadas.

            O viajor de bom sentimento, contudo, inclinou-se para o menino estendido, demorou-se alguns minutos colocando-o paternalmente ao próprio peito e, aconchegando-o ainda mais, marchou adiante, embora menos rápido.

            A chuva gelada caiu, metódica, pela noite a dentro, mas ele, sobraçando o valioso fardo, depois de muito tempo atingiu a hospedaria do povoado que buscava. Com enorme surpresa, porém, não encontrou aí o colega que o precedera. Somente no dia imediato, depois de minuciosa procura, foi o infeliz viajante encontrado sem vida, num desvão do caminho alagado.

            Seguindo à pressa e a sós, com a ideia egoística de preservar-se, não resistiu à onda de frio que se fizera violenta e tombou encharcado, sem recursos com que pudesse fazer face ao congelamento, enquanto que o companheiro, recebendo, em troca, o suave calor da criança que sustentava junto do próprio coração, superou os obstáculos da noite frígida, guardando-se indene de semelhante desastre. Descobrira a sublimidade do auxílio mútuo... Ajudando ao menino abandonado, ajudara a si mesmo. Avançando com sacrifício para ser útil a outrem, conseguira triunfar dos percalços da senda, alcançando as bênçãos da salvação recíproca...

            Foi então que Jesus, depois de curto silêncio, concluiu expressivamente:


            -As mais eloquentes e exatas testemunhas de um homem, perante o Pai Supremo, são as suas próprias obras. Aqueles que amparamos constituem nosso sustentáculo. O coração que socorremos converter-se-á agora ou mais tarde em recurso a nosso favor. Ninguém duvide. Um homem sozinho é simplesmente um adorno vivo da solidão, mas aquele que coopera em benefício do próximo é credor do auxílio comum. Ajudando, seremos ajudados. Dando, receberemos: esta é a Lei Divina. ”

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