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quinta-feira, 24 de abril de 2014

Espiritismo: Religião dinâmica



Espiritismo:
Religião Dinâmica

Indalício Mendes
Reformador (FEB) Maio 1962

            O Espiritismo é a Doutrina que melhor se adapta aos tempos presentes, com vistas ao futuro, porque encerra princípios eternos, que preexistiam antes de Swedenborg e das irmãs Fox, porque têm a idade da vida humana neste planeta. Importa, no entanto, que todos nós, responsáveis pela disseminação das ideias espíritas - todos nós, entendam, profitentes, médiuns, mentores, simpatizantes, etc. -, nos esforcemos para dar demonstração prática e permanente daquilo que a Doutrina nos ensina, para que não caiamos nos erros de outras religiões, que se petrificaram em dogmas inconciliáveis com a razão ou se tornaram ineficientes em virtude da apatia dos que as dirigem, mais preocupados com eles mesmos e com os problemas da vida material do que com as responsabilidades intrinsecamente espirituais.

            Em vez de uma religião estática, o Espiritismo precisa de continuar sendo uma religião dinâmica, em todos os seus compartimentos, em todos os seus setores, em todos os seus graus, enfim. Não nos preocupamos com o número de espíritas, mas com a qualidade de cada um dos que aceitam a Doutrina codificada por Allan Kardec. A caridade é uma tarefa dinâmica e indeclinável em qualquer lugar onde haja um espírita verdadeiramente integrado nos princípios doutrinários. O essencial é permanecer fiel à Doutrina, é pregar a Doutrina, é exemplificar a Doutrina. Sem isto ninguém será realmente espírita.

            O Espiritismo não se alheia das obras de caráter social. Socorre, assiste, orienta, multiplicando sempre a sua ajuda, quer no setor material, quer no moral e no espiritual. Renunciar à caridade, sob qualquer pretexto, será trair a Doutrina. O espiritista tem um dever fatal: servir. Não pode deixar-se ficar à margem de iniciativas destinadas a beneficiar o próximo. Votar-se à inação ou revelar má vontade em relação ao trabalho de outros confrades, constitui uma traição à Doutrina.

            O misticismo não atende integralmente às aspirações doutrinárias. O Espiritismo é uma religião prática, assente no Evangelho do Cristo, uma religião dinâmica, atuante, alerta, que restabeleceu no mundo o Cristianismo verdadeiro que foi expulso da Terra desde que se começou a dar maior importância às vantagens de ordem temporal, aceitando-se conchavos com os poderosos e realizando-se barganhas com a Política. O Espiritismo não pode cair nesse atoleiro; mas, para que não o comprometamos, mister se torna iluminarmos o nosso caminho com as luzes da Doutrina, respeitando-a e fazendo que a respeitem e a sigam.

            Já houve quem dissesse que o Espiritismo não é religião, mas apenas uma filosofia. Não nos surpreende o que possam dizer mais do que já disseram os inimigos da nossa crença. O que Kardec afirmou é que o Espiritismo não é uma religião constituída, "visto que não tem culto, nem rito, nem templos e que, entre seus adeptos, nenhum tomou nem recebeu o título de sacerdote ou de sumo-sacerdote”. O que se faz em certos países que adotaram um espiritismo a seu jeito e possuem pastores e bispos, igrejas, liturgias, etc., é uma deturpação do Espiritismo legítimo, uma imitação de religiões dominantes nesses países.

            Quando insistimos pelo estudo e exemplificação da Doutrina, fazemo-lo pela convicção cada vez mais arraigada de que somente ela dará ao espírita sincero e estudioso a oportunidade de conhecer mais de perto as belezas contidas em suas páginas, ao mesmo tempo que apressa o burilamento de nossas qualidades morais, encurtando-nos o caminho para o aperfeiçoamento espiritual.

            Caso contrário, ocorrerá a “morte do espírito”, que pode anteceder e geralmente antecede à “morte do corpo”. Mas o espírito morre? Certamente, num dado sentido. Se a criatura humana se desvia do bom caminho, comprometendo a sua posição cármica, seu espírito torna-se “enfermiço” e “morre” em relação aos bens que o aguardariam se outra fosse a sua diretriz. Quando ocorre a morte do corpo, isto é, a desencarnação, o espírito dessa criatura, muito perturbado, perde a consciência de si mesmo, até que seja encaminhado ao trabalho de recuperação, tão bem descrito nas extraordinárias obras de André Luiz. Então, o espírito que havia “morrido”, por não ter consciência do valor da vida moral, realiza estágios na erraticidade, aprendendo ou reaprendendo coisas que desconhecia ou das quais se esquecera, empolgado pelo imediatismo da vida material. Quando alcança determinado grau de depuração, é quase um novo Espírito. O espírito velho, portanto, “agoniza”. Quando se completa a sua reabilitação, pode-se dizer, então, que morreu o espírito velho e nasce um Espírito novo.

            É preciso, no entanto, compreender que o “eu” é sempre o mesmo. O que na realidade se verifica é a evolução moral do Espírito. Com a aquisição da Verdade, o espírito velho desaparece para dar lugar a um Espírito novo, integrado na realidade espiritual. Pelo menos é assim que o entende Allan Kardec, cujas lições têm sempre algo de novo para quem se decida a repetir o estudo de suas obras.



              Indalício Mendes

Os destaques são do Blog.

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