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domingo, 2 de fevereiro de 2014

Contra Senso


Contra senso
Valérium
por W. Vieira
Reformador (FEB) Jan 1962

            Alguém bate à porta principesca.
            Ela, a dona da casa, atende.
            Abre a porta e encontra pobre velhinho à frente.
            Andrajoso. Cansado. Feridento.
            É um pedinte que roga auxílio,
            Fria e insensivelmente, ela despede o visitante, dizendo nada ter que possa dar.
            E volta resmungando à intimidade doméstica, maldizendo o infeliz.
            - É malandro: - declara.
            E acrescenta:
            - Para vadios, só a cadeia.

            Nisso, pequeno rato desliza-lhe pelos pés.
            Assustadíssima, clama por socorro. Chora.
            Fecha-se, superexcitada, em quarto próximo, a lastimar-se.
            Bate-lhe o coração fortemente, as mãos tremem, a face está lívida e, por fim, depois de um copo d’água, procura o festejado gato de estimação para exterminar o camundongo.

                                                                       *

            Assim são muitas de nossas comoções.
            Não vibramos ante os quadros dolorosos que pedem ajuda e agitamo-nos, agoniados, diante de incidentes banais.         

                                                                       *

            Amigo, controle a sensibilidade, vigiando reações e policiando as ideias, para que o rendimento maior dos seus dias, à luz do Evangelho Vivo, seja realidade em seu caminho.

            Recorde que muita gente na Terra enfeita gatinhos prediletos e se enoja diante de irmãos em luta.

            E há milhares de almas outras que exibem clamorosa frieza ante os apelos do bem e mostram imensa emoção à frente de um rato.




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