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segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Importância experiência de desdobramento voluntário


Importante experiência
de desdobramento voluntário
Boanerges da Rocha / (Indalício Mendes)
Reformador (FEB) Julho 1961

            Um dos fatos extraordinários do Espiritismo foi o oferecido pela médium Sra. Vlasek, num caso de voluntário desdobramento ou bilocação, ocorrido na Califórnia, Estados Unidos, cujo amplo relato encontramos em “Maisons et Lieux Hantés”, de Raoul Montandon.

            A Sra. Vlasek desenvolvia, a esse tempo, dinâmica atividade espirítica, desempenhando cargos de grande responsabilidade em centros e associações espíritas norte-americanas. Mulher de grande prestígio, por sua autoridade moral e sua cultura, conferencista muito apreciada, conhecia a Doutrina e exercia com êxito as faculdades pessoais que possuía. 

            O caso que vamos oferecer aos leitores constitui um dos mais expressivos documentos comprobatórios do chamado “desdobramento voluntário”, que ela conseguiu após longo e paciente treinamento, que culminou com a famosa experiência mencionada por Montandon.

            “Em 1926, a Sra. Vlasek, designada para representar as Associações espíritas dos Estados Unidos em importante conclave de Toledo, Ohio, foi insistentemente solicitada para repetir uma experiência já tentada e parcialmente bem sucedida no ano anterior, por ocasião do Congresso de Milwaukee.

            Partindo, pela manhã, de Los Angeles, no trem da “Union Pacific”, a Sra. Vlasek preparou-se para a experiência da tarde, apenas reduzindo sua alimentação ao mínimo. Deveria seu Espírito, de acordo com o convencionado, desprender-se no curso da viagem e produzir uma manifestação em uma das reuniões do grupo a que pertenciam os solicitantes da prova, realizada a muitos quilômetros de distância. Essas reuniões contavam com um médium que promovia a fala direta de Espíritos através de porta-vozes, e de um médium de materializações. A primeira manifestação da Sra. Vlasek deveria ocorrer ao fim do dia de sua partida, a 27 de Setembro, na sessão da Sra. Webb, médium de vozes diretas, e a segunda, no dia imediato, na sessão da Sra. Allyn, médium de materializações.      

            No momento da sessão (tendo-se em conta a diferença de horas já estabelecida pela marcha do trem), a Sra. Vlasek retirou-se para a sua cabina, seguindo o seu método habitual de concentração, tendo como objetivo a sessão da médium de vozes diretas. A primeira experiência foi coroada de êxito. Na segunda, a Sra. Vlasek, concentrando toda a sua vontade, compareceu à sessão combinada. Ao entrar no Centro Espírita, ela teve a impressão de haver chegado atrasada. Efetivamente, a sessão já ia bem adiantada. Passando para o gabinete mediúnico, ela viu, segundo declarou, grande número de Espíritos, alguns em cima e outros fora das cortinas, à espera do momento de se materializarem.

            Entre os Espíritos ali reunidos, um, feminino, que parecia ser o “Espírito-Guia”, desejou dar-lhe boas-vindas, acrescentando: “Mas, você é uma mortal, não poderá senão assistir aos trabalhos.”

            A Sra. Vlasek, então, examinou a médium, Sra. Allyn; viu-a profundamente caída em transe; o corpo inteiriçado, meio-deitado na poltrona. Depois, seu interesse se fixou nas fases sucessivas dos trabalhos em curso. Três Espíritos, que ela denomina de “Espíritos Químicos”, trabalham ativamente: um, de porte elevado e pele escura; outro, pequeno e idoso, mas de pele branca, e o terceiro, igualmente pequeno, mas de tez escura como o primeiro.

            O trabalho do primeiro Espírito consiste, antes de tudo, em concentrar a própria atenção. Conservando-se à entrada do gabinete, ele agita os braços constantemente, parecendo recolher uma substância cinzento-azulada, vibrante, que se semelhava um pouco com as ondas de vapor, e produzida pelos assistentes humanos presentes à reunião. Mas, posto que essa substância contornasse todo o grupo de espectadores, como se fosse uma cinta, a contribuição dada por cada um dos assistentes era desigual. Alguns até não forneciam nada.

            A cinta partia da Sra. Allyn, sentada à direita do gabinete, e, seguindo o grupo, chegava à esquerda do mesmo gabinete, aumentando progressivamente de volume “pro-rata” da contribuição de cada um dos espectadores. Ao se formar, debaixo do joelho direito da Sra. Allyn, a cinta não tinha mais que 5 centímetros de largura por 15 de espessura, e, em sua supuração, alcançava, aproximadamente, 30 por 45 centímetros. Essa cinta era de substância que, penetrando no gabinete mediúnico, a cerca de 60 centímetros do chão, ia sendo recolhida pelo primeiro “Espírito químico”.

            A observadora assinala que, junto ao grupo humano presente, vários Espíritos trabalhavam para regularizar a produção recebida dos assistentes encarnados, de maneira a manter uma espécie de “constante” na corrente vibratória.

            Quando o primeiro “Químico” acumulava a quantidade desejada de substância passava-a ao segundo, que a espalhava sobre a base do crânio e sobre a nuca do médium, onde ela penetrava. E, correspondendo a essa penetração, uma matéria branca emanava do queixo, da garganta e do peito da médium. Essa emanação, que parecia uma substância mais condensada, era, então, empregada pelo terceiro “Químico” para recobrir o Espírito que ia materializar-se. À medida que o operador realizava esse trabalho de “revestimento” sob a forma fluídica, recomendava imperativamente que o paciente concentrasse seu pensamento sobre a parte a materializar: “Pense em seus traços. fisionômicos! Em seu rosto! Pense em seus olhos! Pense na forma que você tinha na Terra! Pense com clareza e precisão! Pense em seus braços, etc.”

            E, a pouco e pouco, segundo a concentração se fizesse sobre tal ou qual parte do corpo, este se ia formando, construindo, e ficando material.”

            Podem os leitores observar bem essa particularidade narrada pelo Espírito da Sra. Vlasek, graças ao desdobramento espiritual que voluntariamente ela provocara. Enquanto seu corpo permanecia no trem que a levava a Ohio, seu Espírito comparecia à sessão que se realizava nessa cidade, e via e era visto ali, comprovando o extraordinário fenômeno de bilocação. Mas, continuemos o seu instrutivo relato:

            “Enquanto a realização do fenômeno prosseguia, os assistentes cantavam uma velha melodia dos negros americanos: “Old Black Joe”. Mas, subitamente, eles a interromperam e um deles passou a entoar, então, a marcha da Guerra da Secessão: “Marching through Georgia”. Essa mudança brusca do ritmo das vibrações teve deplorável efeito na formação que se fazia: a substância já organizada se desintegrou, tornando-se amorfa. Era preciso, então, recomeçar o trabalho.

            O “Químico” fez sinal a outro Espírito candidato à materialização para se aproximar e retomou sua tarefa. Mas outra mudança do canto ocasionou novo contratempo.

            Entrementes, observando esses insucessos, a Sra. Vlasek permanecia no gabinete mediúnico como que flutuando acima do chão. Era impossível, disse ela, ficar em pé no gabinete mediúnico. Depois de uma pausa da cantoria, alguém começou a cantar “Shall we gather at the river”. Ela verificou que se tornara mais pesada. Aproximando-se do “Químico”, este quis afastar-se; dizendo: “Você é uma mortal... Não tem nada que fazer aqui.” Em seguida, arrependendo-se, perguntou-lhe porque ela deseja materializar-se Quando ele soube que a “mortal” acreditava que uma manifestação dessa natureza seria muito instrutiva para os espectadores, seus amigos, e prodigiosamente valiosa para a Causa, consentiu em satisfaze-la. Dizendo-lhe para retornar de costas, ele apanhou a substância emanada da médium e, recobrindo seu corpo fluídico, ordenou-lhe: “Pense nos seus traços fisionômicos, com precisão... Pense no que você era, exatamente... Pense nos seus cabelos! Em seus olhos! Pense em sua forma! Pense em seus braços! Em suas mãos, em seus pés, etc...

            Apanhando ainda mais substância, o “Espírito químico” passou a se ocupar com as roupas e, por uma espécie de fantasia galante, imaginou para a Sra. Vlasek excelente vestido de rendas brancas.

            Finalmente, quando a Sra. Vlasek acreditou já estivesse bastante materializada para se mostrar aos espectadores, dirigiu-se para a entrada das cortinas, no meio do grupo. Mas, para grande surpresa sua, nada pode ver, absolutamente nada: era como se estivesse cega. Tal situação durou apenas alguns instantes, mas, concentrando toda a sua vontade, pode ela, a pouco e pouco, ir adquirindo a visão. De início, distinguiu apenas a filhinha da médium; depois, os outros assistentes. E da mesma forma, segundo suas palavras, nenhum nome foi proferido, apesar de seus esforços, até o momento em que ela recebeu dum membro da assistência uma vibração fortificante que lhe permitiu falar. Pode, então, dizer: “Eis-me aqui... Eu sou a Sra. Vlasek.”

            Os espectadores, entusiasmados, cercaram--na, certificando-se de que se tratava, efetivamente, de sua estimada presidente e todos a ouviram dizer: “Verifiquem a hora; olhem bem a hora ... eu os saúdo a todos... Sou feliz por ter merecido o privilégio de me materializar... Continuem a boa tarefa ...”

            Bruscamente, um choque a atingiu: a impressão de um golpe no peito corta a sua respiração e ela, com muita dificuldade, conseguiu murmurar: “Estou sem ar... Adeus...” Tudo fora desagradável consequência do gesto de um dos espectadores, o Dr. H. Turner, que, desejando obedecer à recomendação da Sra. Vlasek, de marcar a hora com muita exatidão, aumentou inesperadamente a luz da sala para poder escrever melhor.

            O choque tinha sido tão violento que ela perdeu os sentidos e, infelizmente para nós, não pode seguir o mecanismo, de sua desmaterialização.

            Entretanto, voltando ao estado de “duplo fluídico”, pode ainda observar algumas fases ulteriores da sessão. A substância emanada do médium, depois de ter servido à materialização, retomou sua primitiva densidade e retornou ao anel cinza-azulado fornecido pelos assistentes.

            As materializações começaram a dissolver-se antes que ela voltasse ao gabinete mediúnico e, no curto instante necessário para a sua passagem, a maior parte da substância já havia desaparecido. O restante rastejava sobre o chão e foi reunir-se à cinta cinzenta e vibrante.

            Depois dessa extraordinária experiência, a Sra. Vlasek retomou seu corpo físico, suportou toda uma série de provas de reconhecimento e de reverente exaltação de parte da pessoa que a acompanhou em sua viagem, escutando o seu relato.

            Por outro lado, os testemunhos desse prodigioso fenômeno foram tão entusiásticos por seu êxito, que lhe enviaram numerosas cartas e telegramas exprimindo sentimentos de admiração. Os testemunhos prestados pelos assistentes vieram, não apenas corroborar o relato feito pela Sra. Vlasek, mas ajuntar ainda, em diversas frases pronunciadas, várias palavras esquecidas por ela na ata publicada.”


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