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terça-feira, 5 de novembro de 2013

Dúvidas



Dúvidas

Irmão X
por Chico Xavier
Reformador (FEB) Fevereiro 1959

            Afirma você que passou a experimentar inqualificável flagelo íntimo, desde que iniciou o desenvolvimento das faculdades medianímicas, à face das dúvidas que lhe assaltam a vida.

            E acrescenta que, em seu grupo, a maioria dos companheiros descrê de suas palavras, enquanto os amigos lhe metem a ridículo as informações que consegue recolher da Espiritualidade.

            Enunciando desapontamentos e embaraços, você conclui: - “vale a pena continuar sofrendo tamanhas desilusões? não será um serviço prematuro esse, em que somos defrontados, a cada instante, pela negação sistemática, a partir daqueles que mais amamos?”

            Estimaria alinhar opiniões e argumentos que lhe extirpassem de imediato as atribulações da cabeça, mas estamos todos, encarnados e desencarnados, em luta evolutiva na Terra, sob a carga dos problemas alusivos ao nosso resgate de consciências endividadas perante a Lei.

            Você aí, tanto quanto nós, padece o desafio constante das dificuldades que lhe dizem respeito ao aprimoramento da alma, e, sinceramente, não dispomos de receituário para a sua doença, além daquele que nos é formulado pelos princípios cristãos, no capítulo em que nos aconselham desculpa incondicional para toda ofensa.

            Ouso, contudo, lembrar-lhe a história de “alguém” que passou pelo mundo, suportando aflições maiores que as nossas.

            Ninguém tolerou, até hoje, as afrontas que lhe foram atiradas em rosto, em matéria de injúria e desconfiança.

            Nascido para o desempenho de celeste missão, foi anunciado aos parentes pela visita dos anjos.

            Dele, tradições numerosas forneciam testemunho incessante ao ânimo popular. Mensagens e visões indicaram-lhe a vinda aos familiares maravilhados e, mesmo assim, não apareceu quem se animasse a oferecer-lhe um cubículo em casa para nascer, a ponto de, renegado por toda a gente, refugiar-se entre os animais.

            Desenvolvendo-se ao lado de um primo, considerado profeta de grande merecimento, com quem se iniciou no alto ministério de que estava incumbido, foi depois por ele interpelado quanto à veracidade de sua investidura.

            De censuras e sarcasmos dos principais de seu tempo nem é preciso falar. Basta dizer que foi corrido por todos eles qual se fosse idiota, circunstância que o obrigou a asilar-se entre pescadores e homens rudes de singelo rincão.

            Todavia, mesmo entre estes, embora andasse, de contínuo, fazendo o bem, restaurando enfermos e ensinando a verdade, recolheu azedume infamante. Um deles, situando-lhe em dúvida o ser serviço divino, abocanhou dinheiro para denunciá-lo à justiça como agitador perigoso, conduzindo-o à prisão.

            Dos agentes da autoridade, os quais procurou respeitar, teve o cárcere por resposta, e do povo, de quem curara chagas e extinguira infortúnios, recebeu o tratamento devido a uma fera solta.

            Dos amigos diletos, um dos mais nobres negou conhecê-lo por três vezes numa só noite, e todos fugiram, envergonhados e atônitos, quando lhe viram a decisão de se entregar à morte na cruz como supremo recurso de resistência perante o mal.

            Nem por isso, no entanto, abandonou os companheiros e os acusadores gratuitos no charco da ignorância, regressando, depois da morte, para ajudá-los em perpetuidade de entendimento.

            Esse “alguém”, meu amigo, como claramente já percebeu, foi Jesus-Cristo, o Divino Governador da Terra.

            Regozijar-nos-emos se o que a ele aconteceu puder servir para seu esclarecimento e conforto; mas, se você não conseguir edificar-se em tão sublime exemplo, a única solução será desistir lamentavelmente da sua oportunidade de cooperar na sementeira da luz eterna, assentando-se na cinza da frustração, até que o tempo lhe renove a visão, no Universo de Deus.



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