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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Bezerra e o 'Pacto Áureo'


Bezerra e o Pacto Áureo
Indalício Mendes
Reformador (FEB) Dezembro 1970

Quanto mais se agrava a situação moral do mundo, mais crescem as responsabilidades dos espíritas. A pregação da Doutrina assume, por isso mesmo, maior importância, pela necessidade de desfazer o nevoeiro materialista, destinado a encobrir a Verdade, disseminando teorias falsas, enganadoras e nocivas, que levam o homem desprevenido à violência, à indisciplina e ao ateísmo. A seriedade dos preceitos do Espiritismo Evangélico não admite, evidentemente, o lirismo piegas e sem substância, que pode levar ao desinteresse.

            Nem o fato de se tratar de uma doutrina perfumada pelo Evangelho, significa seu desligamento do Espiritismo experimental. A clareza e a objetividade são virtudes inerentes à Doutrina codificada por Allan Kardec, pois no Espiritismo Cristão nada há que não seja evidente, simples, positivo e racional.

            Vivemos dias agitados, em que a violência, a pornografia e a mentira atuam de mãos dadas, ao estímulo de uma demagogia oculta sob o manto de Proteu. A juventude tem sido o alvo predileto dos que empunham a bandeira negra do negativismo. Os jovens são iludidos e explorados de muitas maneiras. Adulam-nos para melhor desencaminhá-los, neles inoculando o vírus da rebeldia, dentro e fora do lar, com o fim de corromper e destruir a família, a pretexto de se estabelecer uma liberdade diferente, cujas consequências serão tristíssimas, a começar pela escravização ideológica, muito pior do que os jovens podem imaginar.

            Pregar e interpretar a Doutrina espírita é trabalho delicado, pois exige seguro conhecimento do Espiritismo codificado por Allan Kardec. Mas a melhor pregação está no exemplo, no comportamento espírita, em quaisquer circunstâncias. Kardec adverte: “Pode-se ser enganado pelas aparências, donde resulta que a qualificação de espírita, não comportando mais que uma aplicação falha, não constitui recomendação absoluta e essa incerteza lança nos espíritas uma espécie de desconfiança, que impede se estabeleça entre os adeptos um laço sério de confraternização”. É o comportamento que situa a posição do homem no mundo moral. É o comportamento que define o espírita. Todos nós - principalmente os que escrevem ou falam sobre o Espiritismo - estamos sujeitos também a sofrer injustiças, a ser julgados com excessiva severidade, não raro por quem não possui legítima autoridade para fazê-lo. Muitos desses, vivendo à margem do comportamento espírita, se transformam em julgadores implacáveis e impenitentes. Devemos tomá-los à conta de obstáculos que nos cumpre superar com paciência, coragem e fé. Isso é muito comum. Portanto, devemos reforçar a preocupação constante de resguardar o Espiritismo de juízos temerários, mantendo-nos vigilantes quanto ao nosso próprio comportamento. A Doutrina não admite interpretações fantasiosas nem a adoção de meios-termos. O que for feito em conflito com os princípios doutrinários e evangélicos, constituirá ajuda aos adversários da Terceira Revelação, muitas vezes empenhados em se mostrarem mais kardequianos que o próprio Kardec.

            Tais recomendações foram feitas várias vezes por Bezerra de Menezes, que lamentava ver, cada qual, espírita a seu jeito, conforme as circunstâncias ou conveniências.

            Bezerra preocupava-se com a unificação do Espiritismo, através da interpretação única da Doutrina. Teve, assim, a intuição clara do “Pacto Áureo”, pois não concordava - repitamos suas palavras - que “cada um fizesse doutrina a seu modo”, “sem ordem, sem disciplina, sem união, produzindo sem proveito, esterilizando a melhor vontade”.

            Sua palavra mansa, mas enérgica, reprovou o procedimento antagônico dos recalcitrantes que perturbavam o esforço espírita, “em vez de realizarem um trabalho uniforme, sujeito a regras invariáveis, tendendo ao mesmo fim: o alto fim posto pela doutrina”, mas realizando “um trabalho disforme, disparatado, sem nexo, e às vezes, felizmente raras, em diametral oposição às regras da doutrina”. Compreende-se que isso é um mal para os que o fazem, e um mal para os que vêm observá-los para se orientarem.

            Compreende-se que já é tempo de se ligarem todos os esforços dos espíritas para que se cumpra nesta parte do planeta a tarefa que lhes foi distribuída. Compreende-se, finalmente, que é pela união dos espíritas que se pode dar a ligação, a harmonia de seus esforços, sem a qual, diz o Mestre, cada um cavará o sulco por onde hão de correr as lágrimas do seu arrependimento” (Max) .

            O “Pacto Áureo”, portanto, veio satisfazer essa aspiração de Bezerra de Menezes, parecendo-nos lícito dizer que tão notável cometimento deve ter-se originado na Espiritualidade, que encontrou espíritas preparados para concretizá-lo. Os resultados do “Pacto Áureo” vem sendo excelentes, ultrapassando mesmo as melhores previsões. Das importantes realizações da administração de Antônio Wantuil de Freitas, foi a mais significativa. As dificuldades vencidas com admirável pertinácia marcaram singular vitória sobre a Treva. Todavia, continuemos todos vigilantes, para que a obra de unificação se aperfeiçoe e consolide cada vez mais, de modo a barrar qualquer ação subterrânea, pois são justamente os terrenos cultivados os preferidos pelas ervas daninhas.

            A instituição do “Pacto Áureo” foi obra agradável a Jesus, mas cumpre aos espíritas que a sustentam o dever de resguardá-lo de infiltrações incompatíveis com a sua alta e benemérita finalidade. 

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