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domingo, 10 de novembro de 2013

Autopsicotanatose

rainha Hatsheput

A Maldição dos Faraós

            Tema que já fez muito sucesso em livros e até mesmo no cinema, apareceu algumas vezes em artigos publicados em Reformador (FEB).
            Encontramos alguns. Esperamos que sejam de seu agrado.  A equipe do Blog.

Autopsicotanatose
José Brígido (Indalício Mendes)
Reformador (FEB) Junho 1978

            Não é muito comum, por certo, uma pessoa predizer com segurança o dia, a hora e até as condições em que acontecerá sua própria morte. Dá-se a esse fenômeno o nome de psicotanatose (do grego psychikos, alma, e de thanatos, morte), ou autopremonição, pois em biopsicologia o denominam autopsicotanatose.

            Como se pode verificar, não deixa de ser interessante essa variedade de termos um tanto bizarros para designar o fato referido. Charles Richet, segundo Martins Oliveira, de cuja obra - "Psicose da Morte e da Vida", recolhemos tão curiosos subsídios, "classifica os mesmos fenômenos sob a designação moderna de "metatanatose". (Editora Livraria Progredior-Porto).

            Martins Oliveira é de opinião que o fenômeno nada mais é do que resultado da auto--sugestão mental inconsciente, do que discordamos. O fenômeno é velho, mas nada tem a ver com a auto sugestão. Trata-se de auto premonição ou de um caso de pressentimento, quando, então, o indivíduo pode ser avisado espiritualmente de que desencarnará no instante e nas condições do aviso recebido.

            O autor menciona diversos casos de egiptólogos que teriam sido atingidos pela "maldição da múmia", quando exploravam antiquíssimos túmulos de faraós (*). É interessante transcrever alguns casos, data vênia:

               (*) Nota de "Reformador" - Emmanuel trata das chamadas "maldições" de múmias no capítulo IV do seu excelente livro, "A Caminho da Luz", psicografado por F. C. Xavier (Os egípcios e as ciências psíquicas, pp. 45/6, 8ª edição, FEB, 1975).

            "Khalad Darwiche, técnico especializado dos Serviços de Antiguidades Egípcias, começou, em 1949, os trabalhos de restauro de vários túmulos sagrados da necrópole tebana. Permaneceu apenas seis meses, de outubro a maio, nas galerias subterrâneas onde repousam os restos mortais de poderosos soberanos egípcios. E não foi preciso mais: À medida que os dias iam passando, ele sentia que uma sensação estranha se lhe avolumava no peito. Mais tarde, já invadido por um receio enorme, sentia vertigens horríveis e notava com pavor certa paralisia muscular. Os seus nervos, dos quais perdera o controle, ameaçavam enlouquecê-lo, Dores de cabeça inexplicáveis forçavam-no, por vezes, a suspender os trabalhos. Quando resistia a tudo e tentava reagir, sentia-se como que asfixiado e caía sem sentidos. Quando recuperava a razão, aludia, aterrado, a visões inexplicáveis e a fantásticas alucinações que lhe gelavam o sangue nas veias."

            Examinado por médicos, nenhuma doença foi descoberta. Darwiche vivia aterrorizado, emagrecia depressa, a paralisia já ameaçava certas partes de seu corpo. Eminentes cientistas, chamados com urgência, sentiam-se impotentes diante da misteriosa moléstia que o atacara. Resolveram levá-lo de Luxor para o Cairo, mas nada melhorou, nenhum diagnóstico foi possível estabelecer.

            Khalad Darwiche, em raros momentos de lucidez, suplicava, a voz sumida:

            - Amon, Amon, tende piedade de mim!

            Não tardou a falecer. Seu colega Naga Abdulla, arquiteto-chefe dos mesmos serviços de egiptologia, começou a sentir dentro de si os mesmos pavores e sintomas que vitimaram Khalad e acabou também morrendo.

            Eis, em resumo, a narração do autor, que menciona ainda outras vítimas do mal desconhecido, que não pode, de maneira alguma, ter sido decorrente da auto sugestão: Rizk Makramalia, Abdel Salam Husseim, Ahmed Abdel Moneir, o Prof. Togo Mina, Lord Carnarvon, etc.

            Várias hipóteses foram levantadas, dentre elas o envenenamento, a intoxicação proveniente daqueles recintos fechados durante séculos, talvez a circulação insuficiente de ar, mesmo viciado. Nunca, porém, se poderá atribuir essas mortes à autopsicotanatose. A Ciência tem dado inúmeras opiniões a respeito e houve mesmo quem afirmasse que "se a pessoa for céptica ou extremamente ignorante, nada lhe sucederá, salvo se for um enfermo ou se já tiver qualquer anormalidade nervosa ou psíquica".

            O estudo do Espiritismo, quando levado a sério e corroborado por pesquisas e experiências rigorosas, pode explicar muita coisa que a Ciência ignora e contesta. No caso dos fenômenos ditos de "dupla" ou "múltipla" personalidade, há que ressaltar que nós, espíritas, negamos taxativa e peremptoriamente a dupla ou múltipla personalidade. Esses casos são simplesmente de um Espírito encarnado e vítima do assédio de outro ou outros Espíritos desencarnados, desejosos de um corpo físico, através do qual possam satisfazer o desejo de atuar no mundo material.

            Reconhecemos que a auto sugestão pode transformar-se numa ideia fixa e provocar o que o autor intitula de "autopsicotanatose". É preciso, no entanto, separar a auto sugestão da psicose. Esta pode, em alguns casos, ser o resultado da auto sugestão exagerada, que se transforma num estado obsessivo. Desde, porém, que a enfermidade revele condições que, bem examinadas, fogem às teorias admitidas pelos que recusam a explicação espírita, não há outro caminho senão cruzar os braços ou buscar no Espiritismo os elementos capazes de curar o mal, se ainda for tempo, compreendendo que a obsessão exercida por Espíritos desencarnados sobre as criaturas humanas está hoje absolutamente comprovada por fatos irretorquíveis.

            Nesse caso, pois, o tratamento espírita se impõe como o único em condições de atacar o mal pela raiz. No mundo contemporâneo, mais do que no passado, a obsessão espiritual está largamente disseminada. As dificuldades crescentes da vida, a violência que domina a Humanidade, os incentivos à brutalidade, que se encontram nos jornais, nos livros, nas revistas, no rádio, na televisão, mascarados de arte, contribuem extraordinariamente para a multiplicação dos tristes acontecimentos que sobressaltam o ser humano, presa permanente do medo, dentro do seu próprio lar e fora dele, porque ninguém sabe agora o que pode acontecer daqui a pouco, em relação à segurança de cada um.

            O Espiritismo vem realizando, desde muito tempo, intenso e penoso trabalho de desobsessão espiritual, em todos os lugares em que os espíritas atuam, obedientes ao lema "Sem caridade não há salvação". Enquanto os discutidores de teorias fundamentadas no materialismo perdem tempo útil, os seres humanos sofrem, não obstante os redobrados esforços das instituições espíritas para combater a obsessão, em seus múltiplos aspectos.

            Muito do que foi negado ao Espiritismo, no passado, está hoje sendo aceito. A Verdade custa a se impor às verdades que pululam nas vestes de teorias ditas científicas, embora não o sejam realmente, porquanto a Ciência verdadeira trabalha objetivamente e quando não a perturbam com questiúnculas teóricas, sem base nos seus princípios fundamentais, atinge o fim a que se propôs, embora dando a fatos comprovados e pacíficos no Espiritismo nomes novos, não raro sofisticados. Andaram ocupados com personalidades "segundas" e "terceiras", etc., porque os preconceitos científicos - que eles também existem - não querem sentir-se desprestigiados, aceitando o que o Espiritismo há muito tempo conhece com segurança. Houve tempo em que a telepatia, a clarividência, etc. eram tidas como simples superstições. Quantos anos foram perdidos até que, constrangidamente, acabaram por aceitar-lhes a realidade incontestável.

            Relativamente ainda aos casos de autopremonição, a que alude Martins Oliveira, deve ser aventada a possibilidade da revelação mediúnica, da clarividência, da clariaudiência, etc. Então, falam em "determinismo cósmico" (melhor seria dizerem "determinismo cármico"). Se há casos pelos quais a auto sugestão seja responsável, outros, entretanto, não podem ser enquadrados nessa hipótese. É isto que dizem os espíritas, tidos como crédulos insuperáveis, fanáticos românticos, mas que, na realidade, não o são tanto quanto supõem os que combatem o Espiritismo. Nós cremos na Ciência, consideramo-la merecedora de todo respeito e de toda admiração, mas não podemos dizer o mesmo de determinados elementos que se intitulam cientistas, os quais não possuem as qualidades que definem verdadeiramente o cientista real. Estes costumam ser homens simples,
despreocupados de notoriedade e prontos a confessar ou reconhecer a verdade, ainda que ela, em determinado momento, não lhes tenha parecido com suficiente clareza. A História nos conta o que sofreu William Crookes por ser fiel à ética da Ciência. Cortejado, passou a ser humilhado e ridiculizado quando, num gesto de probidade total, afirmou quão verdadeiros eram os fenômenos da materialização e teve a "ousadia" de dizer, anos mais tarde, que somente possuía motivos para reiterar tudo quanto havia declarado por ocasião da extraordinária "aventura" com Katie King.

            Quanto aos espíritas evangélicos, que creem em Deus, na imortalidade da alma e na reencarnação dos Espíritos, compreendem a razão destas palavras de Emmanuel:

            "A razão sem o sentimento é fria e implacável, como os números, e os números podem ser fatores de observação e catalogação da atividade, mas nunca criaram a vida. A razão é uma base indispensável, mas só o sentimento cria e edifica. A razão humana é ainda muito frágil e não poderá dispensar a cooperação da fé que a ilumina, para a solução dos grandes e sagrados problemas da vida."

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