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sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Antigos desterrados...

J. W. Rochester

Antigos desterrados...
J. W. Rochester
por Hernani T. de Sant’Anna
Reformador (FEB) Dezembro 1978

            Para nós, Espíritos que ainda não irradiam de si mesmos as luzes divinas e definitivas da Redenção, é inútil que o tempo lance sobre o passado os véus do esquecimento. Permanecendo ligados ao que fomos, os nossos Espíritos sentem, nas claridades bruxuleantes e indecisas do presente, a força de ação e de atração do que éramos e ainda somos. O pretérito, atuando sobre nós, sob a forma de impulsos atávicos, na ordem cármica das causas e dos efeitos, faz com que a nossa memória profunda recapitule e reviva o que muitas vezes a nossa consciência desperta já não aceita mais.

            Vem, aliás, de muito longe a nossa rebeldia, nascida e alimentada dos tormentosos conflitos entre a nossa razão e os nossos ímpetos, os nossos sentimentos e os nossos desejos.

            Desterrados neste orbe, ao qual ainda não sabíamos amar, construímos, no orgulho da nossa saudade e dos nossos conhecimentos infusos, uma civilização brilhante, mas sem amor.

            De desastre em desastre, apesar das virtudes que começávamos a cultivar e dos sofrimentos que amargávamos, tivemos de peregrinar constantemente, acossados pela força das ordenações maiores, em busca da nossa própria reformulação, sempre difícil.

            Do Delta, passamos ao Vale do Pó, às Gálias, às Ilhas Britânicas, à Germânia. E quando pudemos regressar ao Norte da África, nossa inquietação guerreira nos colocou à frente das hostes iconoclastas de Maomé...

            Por isso, tivemos de amargar duríssimos reveses e só após muitas tempestades de dor fomos de novo agraciados com o sol da França e com essa paisagem doce e bendita da Terra de Santa Cruz.

            É que, se coube aos Filhos de Sion o privilégio da escolha para serem os depositários das duas primeiras Grandes Revelações do Céu, foi a nós que a Misericórdia do Cordeiro elegeu para o trabalho de recebimento e de divulgação da Mensagem do Espírito da Verdade, nas luzes do Consolador Prometido.

            Nenhuma gente, sobre a face da Terra, teria melhores condições do que a nossa para essa sublime tarefa, para a qual nos preparamos desde os tempos remotos do nosso velho e sempre querido Egito.

            Mas, ah! As serpentes! As serpentes do Nilo!.. Elas ainda moram conosco, em nossas mãos, em nossos corações, em nossos hábitos, e nos picam, e nos ferem, e nos envenenam, porque os nossos Mistérios - ó Deus Altíssimo! - não eram apenas, infelizmente, mistérios de amor - eram também mistérios de morte!

            Vamos, porém, em frente, já que a Bondade Divina, apesar de tudo, nos sustenta e nos abre ainda os créditos de sua Infinita Dadivosidade!

            O presente ainda é nosso e, se Deus quiser, o futuro também há de sê-lo!

            Adiante, com o Senhor Jesus e com o Excelso Espírito do Anjo que nos assiste e ampara.

            A paz seja convosco.





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