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terça-feira, 3 de setembro de 2013

'Confissões Negativas de Médiuns'

O Rei Midas e sua filha de ouro


Confissões
Negativas de Médiuns
Cristiano Agarido / (Ismael Gomes Braga)

Reformador (FEB) Outubro 1958

            De tempos a tempos os adversários do Espiritismo fazem publicidade em torno da confissão de um médium que teria dito ser fraude tudo que ele fez como médium.

            Examinemos um pouco mais profundamente o valor que têm tais confissões, sejam elas reais ou imaginárias.

            A primeira, e também a mais sensacional, foi a de Margarida Fox, há quase um século, confissão aliás posteriormente anulada por ela mesma.

            Teria dito aquela moça que os “raps” eram produzidos por fraude. Mas por meio daquelas pancadas ou “raps” um Espírito contou sua história que ficou registada na literatura do tempo e pode ser resumida assim:

            Ele havia sido um vendedor ambulante e fora assassinado na cabana de John Fox, anos antes, quando lá residia o casal Bell. Seu cadáver e seu baú de mercadorias teriam sido enterrados no porão daquele barracão, informava ele por meio de pancadas.

            Feitas escavações no porão, não se encontrou o cadáver nem o baú.

            Meio século mais tarde, em 1904, naquele barracão abandonado e em ruínas desmoronou uma parede falsa interna do porão, pondo à vista o esqueleto do antigo vendedor ambulante e seu baú, lá escondidos uns sessenta anos antes.

            As Irmãs Fox já haviam desaparecido do cenário da vida física, mas a revelação recebida por elas, quando mocinhas, ficou perfeitamente comprovada, contra toda e qualquer confissão em contrário. Que valor teria tal confissão? Tal confissão teria sido inteiramente falsa, em oposição a fatos reais e indestrutíveis.

            Imaginemos que um belo dia, lá pelo ano de 1990, o Sr. Francisco Cândido Xavier, já velho e caduco, diante de um tribunal inquisitorial ou não, declarasse que toda a sua obra mediúnica foi simulação, que ele era 100% materialista, etc. etc.

            Quantas pessoas, como o autor destas linhas, teriam o dever de negar qualquer valor a essa confissão e de demonstrar com fatos que ela faltava com a verdade!

            Contam-se por milhares as criaturas que receberam mensagens particulares de parentes e amigos, com nomes próprios de pessoas e lugares desconhecidos do médium, em estilo e grafia que identificam esses mortos, dos quais não poderia o médium possuir nenhuma informação.

            Nos conselhos recebidos desses parentes e amigos falecidos, por vezes há assuntos totalmente desconhecidos do' mundo, absoluto segredo do Espírito comunicante.

            Essa documentação, formada por milhares de comunicações particulares, é absolutamente indestrutível. Contra ela não há confissão que valha.

            Os livros por ele recebidos, e que formam uma biblioteca enciclopédica, revelam conhecimentos perfeitos de Biologia, Anatomia, Filosofia, Religião, História, Literatura, que reclamariam a colaboração de uma dezena de estudiosos.

            Os sacrifícios pessoais do Sr. Francisco Cândido Xavier, em favor de sofredores, revelam uma convicção, uma fé religiosa inabalável, fundada em fatos de sua própria observação; demonstram que o primeiro convertido pela sua mediunidade é ele mesmo.

            Seu alto nível moral, seu absoluto desapego pelas coisas materiais, sua conduta sempre irrepreensível, em perfeita harmonia com a doutrina recebida, revelam que ele é um espírito superior, incapaz de enganar a quem quer que seja.

            Se um dia esse homem enlouquecesse e desdissesse a obra imensa e construtiva de toda a sua vida, a demência ficaria evidentemente demonstrada, mas a obra permaneceria inabalável como está hoje, produzindo sempre os melhores frutos.

            Tais confissões não têm valor algum no caso dos grandes médiuns espíritas e muito menos quando partidas de verdadeiros irresponsáveis; destes, não valem afirmações nem negações: a palavra deles, em qualquer sentido, não merece fé.

            Mesmo os mais cépticos experimentadores já não admitem há muito tempo a grosseira hipótese de fraude universal a que nos levariam tais confissões negativas. A realidade dos fenômenos está universalmente aceita por todos os estudiosos, e, se discussões ainda existem, são sobre a interpretação dos fenômenos, mas não sobre a sua realidade.

            Examinando essas discussões que ocorrem entre materialistas, vemos que se baseiam sempre sobre observação incompleta, parcial, dos fatos. O conjunto de todos os fatos já bem verificados conduz inevitavelmente ao Espiritismo.

            Convém lembrar sempre que o total dos fenômenos abrange sonambulismo, clarividência, clariaudiência, voz direta, escrita direta, incorporação, psicografia, materializações e desmaterializações, fotografias de extras, sonhos premonitórios, levitação, telecinesia, aparições fantasmáticas, moldagens em parafina, tiptologia, diversas manifestações a moribundos, correspondência cruzada, bem como muitos fenômenos anímicos da natureza da telepatia, fantasmas de vivos, reencarnações verificadas, etc..

            Esse conjunto todo, imponente, eterno, universal, prova o Espiritismo e esmaga todas as hipóteses parciais e todas as teorias negativistas. 

            Os livros mediúnicos se divulgam rapidamente pelo seu valor literário e pelos ensinos que encerram. Em cada uma de suas páginas há revelações interessantes e, acima de tudo, as mais belas regras de conduta, a mais elevada moral evangélica que já foi ensinada aos homens.

            Lendo essa literatura, o homem se transforma: a mente se esclarece, o coração se enche de ardores novos pelos grandes ideais da Humanidade: a vida eterna se torna uma realidade concreta, palpável, encantadora; os interesses materiais passageiros perdem sua obsessora importância; o homem renasce para uma nova vida mais alta, mais digna; sente uma segurança perfeita quanto ao porvir; sabe que para todos os males há remédio infalível; a morte perde seu aspecto de pavor e se revela uma entrada em vida melhor, é libertação do encarcerado da matéria.

            Essa leitura edifica. Essa literatura é a descoberta da pérola preciosa da parábola evangélica: quem a encontra despreza todos os bens menores e passageiros só para possuí-la; é o tesouro enterrado num campo: quem o descobre, vende tudo que possui para comprar aquele campo.  

            Diante de tanta beleza, de revelação tão majestosa, que valor têm as estultas teorias negativas que falam de pastichos, de imitação de estilos, de fraude e desonestidade imaginária que os desonestos veem em si, em tudo e em todos?

            Que valem as tais confissões, reais ou fantásticas, de médiuns ou de pseudo-médiuns?

            Podem os negadores de todos os tempos, os mesmos que deram cicuta a Sócrates, que crucificaram a Jesus, que queimaram a Joana d'Arc, desfazer a obra espírita que se edifica nos corações e depois se materializa por toda a parte em construções de pedra e cal, em favor dos que sofrem, das crianças abandonadas, dos velhos sem abrigo, dos enfermos e dementes, dos desajustados e infelizes?

            Como é fraca e inepta toda a argumentação contra o Espiritismo!

            Em cem anos de lutas renhidas das maiorias “onipotentes” contra minorias insignificantes, não conseguiram impedir um único passo na marcha ascendente da Terceira Revelação. Repete-se o episódio dos primeiros séculos do Cristianismo, combatido pela “onipotência” do Império Romano.

            Não houve calúnia demasiado grosseira de que não lançassem mão contra os primeiros cristãos: diziam que eles matavam as crianças, envenenavam os poços e as fontes, praticavam a devassidão, assaltavam os lares, rebelavam os escravos, eram os maiores monstros de todos os tempos. Não houve violência que se não praticasse contra eles: o circo das feras, decapitações, a luta de extermínio, tudo foi inutilmente praticado. Mas aquelas forças da cruel reação eram apenas materiais. O Paganismo, religião oficial de Roma, estava completamente podre por dentro: ninguém mais cria nos seus deuses, nos seus sacerdotes e tudo ruiu como um castelo de cartas.

            O mesmo vai ocorrendo de novo com o Catolicismo: seus bolorentos dogmas e o antigo sacerdócio perderam a força espiritual e passaram a ser força apenas política e econômica.

            Duas formas de materialismo econômico lutam entre si pela conquista do mundo, sem calcular, nenhuma delas, com as forças espirituais, como se estas não existissem, porque realmente as negam em nome da ciência materialista e das igrejas igualmente materialistas; mas essas forças espirituais são invencíveis e o Espiritismo se revela de novo, como a vida mesma que enche o Universo.


            O triunfo final do Espiritismo é fato tão certo como o triunfo da luz do dia após as trevas da noite.

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