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quarta-feira, 17 de julho de 2013

Procuremos ser Espíritas


Procuremos ser
 Espíritas

Túlio Tupinambá (Indalício Mendes)
Reformador (FEB) Abril 1959

            Na sociedade contemporânea, apesar das afirmativas solenes de apreço à liberdade do homem, das declarações enfáticas dos direitos do homem e outras coisas bonitas, mas quase sempre desmentidas pela realidade dos fatos, as coletividades humanas são subdivididas de acordo com os recursos econômicos ou financeiros dos elementos que as compõem e também da influência política de que dispõem. Isto evidencia que não houve grande evolução e o homem continua sendo presa do homem. Os mais fortes concedem um mínimo de liberdade e direitos aos mais fracos, cujas reivindicações são naturalmente grandes e não encontram correspondência nos objetivos dos dominadores. Numa análise que se faça da história das relações humanas, ver-se-á quão pequeno tem sido o progresso até os nossos dias. O egoísmo é ainda a maior chaga da Humanidade. Ele estimula a ambição perniciosa, desenvolve a vaidade corruptora, torna os sentimentos empedernidos, cultiva a indiferença pelos semelhantes, finalmente, retira do homem os sentimentos e as virtudes que podem aproximá-lo de Jesus, o Excelso Paradigma de Bondade. Vivemos num fim de século ultra materialista, em que plutocracismo domina infrenemente. “Só vale quem tem” - é a divisa. O indivíduo pode ser desprovido de todas as qualidades morais, mas é recebido com sorrisos e homenagens, se tiver fortuna ou aparentar possuí-la. No entanto, multidões de pessoas pobres e humildes, com um valor moral extraordinariamente maior, sofrem humilhações, privações, restrições, porque, não obstante possuírem o tesouro dos bons sentimentos, carecem de bens materiais.

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            É bem grande a responsabilidade dos espíritas. Sim, dos espíritas que permanecem obedientes à Doutrina e que se iluminam no Evangelho segundo o Espiritismo. Eles têm a obrigação de superar os obstáculos que o materialismo cru vai levantando ante aqueles que creem nas verdades da vida espiritual. Suas armas são justamente a prática do bem, a exemplificação doutrinária e evangélica, a humildade digna e forte, que não se intimida diante dos poderosos e autoritários, mas, pelo contrário, que faz revestir essa humildade da coragem serena que luta em defesa dos desamparados e enfermos.

            Num fim de século em que são belas e impressionantes as conquistas científicas do homem, é triste reconhecer que as vitórias obtidas no âmbito moral e espiritual são relativamente pequenas. A Humanidade avança com a velocidade do som na multiplicação dos benefícios materiais, nos instrumentos de prazer para os sentidos e na arte da destruição, mas continua a caminhar com a lentidão da lesma, no tocante ao desenvolvimento moral e às realizações espirituais. Os grupos científicos ou pseudocientíficos, em implícita aliança com religiões falidas, que somente sobrevivem pela riqueza que têm e pela ação política sustentada por seu clero, combatem as verdades do Espiritismo, tentando demonstrar (!) que não há médium e que, portanto, a mediunidade é um mito. Querem reduzir tudo a meros fenômenos telepáticos. Elevam o poder da mente, negando o poder do espírito! As materializações, os transportes, a audiência, a precognição, a vidência, etc., tudo isso não passa de grosseira mistificação dos espíritas!

            Devemos desesperar porque tais coisas sucedem? Não. Num século profundamente materialista, o espantoso seria que nada acontecesse assim. Mas quando vemos religiões desacreditadas lançando mão de exemplos até há pouco utilizados por materialistas, para combater o Espiritismo, que é puro espiritualismo, sentimos reconhecer que à Humanidade ainda estarão reservados muitos anos de lutas desfraternas, de dores lancinantes, de decepções amargas! E isso durará até que, por força das circunstâncias, o homem se dirija corretamente na senda cristã, orientado pelo Espiritismo e iluminado pelas lições do Cristo vivo, porque não somos dos que procuram tocar o sentimento humano, através de deplorável iconolatria, apresentando a imagem triste e pungente do Cristo pregado à cruz! Não! Para nós a morte é apenas uma mudança de situação do Espírito, que passa do mundo físico para o mundo espiritual. Cristo, conforme provou pelo episódio da Ressurreição, continua vivo, não havendo motivo, a não ser por impulsos de natureza mórbida, para apresenta-lo sempre com a fisionomia dolorosa e o corpo coberto de chagas e sangue.

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            Nenhuma religião está mais talhada a enfrentar o futuro do que o Espiritismo, porque este não estacionou, não parou no passado. Sua marcha continua sempre com o objetivo no futuro. Sua Doutrina é evolutiva, irmanada à Ciência liberta de prejuízos humanos e à Filosofia que se vivifica no Evangelho de Jesus!

            Os espíritas devem, pois, meditar. Cuidado para que nenhum de nós se deixe iludir, esquecendo os ensinamentos doutrinários. Fechemos a boca às más palavras, os ouvidos a discursos tendenciosos e os olhos às cenas que nos amesquinham perante o Cristo. Em contraposição, vibremos de paz e amor para com todos, abrindo de par em par o nosso coração, testemunhando a cada instante a nossa fidelidade à Doutrina e ao Evangelho, sem o que poderemos ser o que imaginarmos, nunca, porém, verdadeiramente espíritas!


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