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sexta-feira, 26 de julho de 2013

O Filho do Homem



O Filho do Homem
Ivo de Magalhães
Reformador (FEB) Julho 1972

            Em artigo anterior (Reformador - Março, 1970), (*) salientamos a constante
preocupação de Jesus, bem sublinhada pelos Evangelistas, de mostrar que os fatos ligados à sua passagem pelo nosso planeta, os atos que praticou, os ensinamentos que ministrou e as palavras que proferiu em nada transgrediam a lei moisaica, mas, pelo contrário, confirmavam as Escrituras, a fim de que, revestidos de autenticidade, pudessem os acontecimentos ser aceitos pelo povo judaico, tão apegado às suas, tradições.

            Assim, aludindo a um argumento muito invocado por quem não aceitava a revelação do corpo fluídico de Jesus, lembramos que, à cruz, ao exclamar “Tenho sede” estava o Mestre simplesmente dando cumprimento à profecia de David, referida em um de seus salmos (o de nº 68, v. 22, de certas edições, ou de nº 69, v. 21 ou 22, de outras):

            “e na minha sede me propinaram “vinagre”.

            Efetivamente, conforme assinalou João, no Capítulo XIX, versículo 28 de seu Evangelho, sabendo Jesus que tudo estava cumprido,

            “para se cumprir uma palavra que ainda restava da escritura, disse: “Tenho sede”.

            Outro argumento análogo tem sido também apresentado: o de se haver o Mestre denominado “Filho do Homem” para, segundo dizem, bem marcar os laços que o prendiam à espécie humana. Ora, se assim fosse, estaria o Cristo, evidentemente, se considerando filho de José - o homem - e de Maria, mas, neste caso, se ele houvesse nascido de mulher, não poderia ter afirmado, como afirmou, que
              nenhum dentre quantos hão nascido de mulheres foi maior do que “João Batista”” (Mateus – Cap. II, v. 11), visto como jamais foi posta em dúvida a sua superioridade sobre a do profeta, superioridade a que o Mestre aludiu, veladamente embora, quando, logo após o haver exaltado, advertiu:

            “mas aquele que for o menor no reino dos céus é maior do que ele”. (Mateus Cap. II, v. 11),

            porém já havia tornado patente quando, sem contestar João Batista, que lhe dizia: Eu é que devo ser batizado por ti, e tu vens a mim?” (Mateus - Capítulo III, v. 14), respondeu-lhe:

            “Deixa-me fazer assim por esta hora, porquanto é necessário que cumpramos toda a justiça.” (Mateus Cap. III, v. 15).

            Parece-nos, pois, evidenciado que, ao se denominar “Filho do Homem”, não pretendia Jesus marcar laços que o prendessem à espécie humana, mas sim visava a dar a essa expressão um sentido messiânico para, ainda uma vez, confirmar as Escrituras! Com efeito, intitulando-se “Filho do Homem” não estava ele senão fazendo uso das palavras de que se servira Daniel na célebre passagem da Visão dos Quatro Animais Simbólicos:

            “Eu considerava pois estas coisas numa visão de noite, e eis que vi um como o filho do homem, que vinha com as nuvens do céu, e que chegou até o antigo dos dias; e eles o apresentaram diante dele.

            E ele lhe deu todo o poder, e a honra, e o reino; e todos os povos, todas as tribos, e todas as línguas o servirão; o seu poder é um poder eterno que lhe não será tirado, e o seu reino tal, que não será jamais corrompido» (Daniel - Capítulo VII, vv, 13 e 14).

            Não estará, assim, invalidado mais um frágil argumento com que se procura negar a revelação do corpo fluídico de Jesus? Pensamos que sim e nem se alegue que, de tal forma, estaríamos insensatamente pondo em dúvida as profecias de Daniel, que teria visto em Jesus o filho de um homem e não o Cristo, portador de um corpo fluídico! A conclusão a que se deve chegar é exatamente a oposta, porquanto o grande profeta, cujas extraordinárias faculdades os tempos se encarregaram de comprovar, não disse ter visto o filho de um homem, mas sim “um como (o grifo é nosso) o filho do homem”, isto é, um ser parecido, semelhante ao filho de um homem!

            A versão francesa é ainda mais concludente: “quelqu'un de semblable à un fils de “l'homme”.

            E o corpo de Jesus era realmente, em tudo, “semelhante” ao corpo humano, pois o Mestre assim plasmara o seu perispírito e lhe dera tangibilidade, para o cumprimento de sua missão terrena. Apenas, não se tratava de um corpo carnal, mas de um corpo fluídico, como tão claramente nos revelaram os Evangelistas, mercê da extraordinária mediunidade da Senhora Collignon, na obra magistral tão bem coordenada e divulgada por Jean-Baptiste
Roustaing.


(*) Já blogado.

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