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domingo, 14 de julho de 2013

21. 'Rimas do Além Túmulo' - Breves Palavras


21
‘Rimas do Além Túmulo’
Versos Mediúnicos de
 Guerra Junqueiro

Grupo Espírita Roustaing
Belém do Pará 1929

Casa Editora Guajarina


Breves Palavras
À irmãos que me pedem versos

As nuvens do Saber deixaram minha mente,
e, pobre sonhador que vaga a meditar,
compor mais alguns versos quero, ardentemente.
mas, vede meus irmãos, nada vos posso dar...

Sinto que a Inspiração deixou-me, bruscamente
qual pássaro ligeiro - encobriu-se nas brumas;
o Sol também se esconde às sombras do poente
contemplando, de longe, as trefegas espumas...

Já não posso formar as antigas poesias,
já não posso rimar as minhas impressões;
as palavras que traço agora são tão frias ...
como hei eu de aquecer os vossos corações?

No entanto inda arde em mim o mesmo fogo intenso
que outrora me abrasava o rijo coração;
porém o meu talento é frágil como incenso
queimado numa pira assente sobre o chão...

Não sei dizer-vos o que sinto agora,
só sei que o peito meu inda palpita
no mesmo ardor pelo ideal de outrora,
fortificando a mesma fé bendita.

Como posso fazer vibrar as vossas almas?
Já não têm o frescor das rosas orvalhadas
as estrofes que deixo, qual bando de palmas
murchas pelo calor das tardes abrasadas.

Para que vos deixar meu nome aqui gravado?
Sou o mesmo guerreiro intrépido de outrora, 
Não julgueis que olvidei de todo o meu passado,
sinto o mesmo desejo de Trabalho agora.

O que me falta ainda, irmãos, tende a certeza,
é essa elevação ideal das almas puras;
porém, mais tarde, espero alcançar a grandeza
dos entes que se vão ás célicas alturas.

Não penseis que, por vir convosco trabalhar,
mereça porventura ser classificado
como Espírito Bom; se venho vos falar
por Deus do Alto sou iluminado

Bondosamente. Assim, eu sinto florescer
este desejo de baixar, alegremente,
na Seara do Cristo, humilde, oferecer
como dádiva uma só frágil semente,

tão pequenina, que talvez ninguém a veja:
para o livro que formo (1) é pagina singela,
semelhante à menor falena quando adeja
humilde ante o fulgor da manhã fresca e bela.

A inspiração de Deus vem; sinto a soberana
bondade do Senhor descer por sobre mim,
e quero repartir contigo, ó alma humana,
as graças que me vêm fortificar assim.

Desejo para vós a bem aventurança.
Prostrado, eu rogo sempre ao Pai Celestial
que sobre vós estenda o manto da Esperança,  
- sobre o mundo o pendão da Paz Universal!

2 de Fevereiro de 1928

(1) Alusão a estas ‘RIMAS DO ALÉM TÚMULO’.

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