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sábado, 11 de maio de 2013

2/4 Causa de Ismael



Causa de Ismael
Alberto Nogueira Gama

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Presença de Bezerra de Menezes

            As coisas não andavam nada boas para o lado dos espiritistas. Parece que a situação convulsa que sacudia o País, provocada pelas agitações político-sociais da época, iniciadas em 1891, os atingia em cheio, roubando-lhes a serenidade necessária para agir a bem da Causa. A própria Federação corria o risco de soçobrar em meio aos tremendos vagalhões das inquietações humanas. Duras dificuldades, angustiosos problemas sitiavam lhe os redutos quase desguarnecidos, impondo-lhe, por assim dizer, uma capitulação desairosa. Foi aí que um grupo de confrades, dando-se conta do perigo que os ameaçava, convocaram Bezerra de Menezes para assumir a direção da Instituição em vias de perecimento. A 3 de Agosto de 1895, em assembleia geral extraordinária, era ele eleito seu Presidente. "Prontamente estabeleceu Bezerra nova orientação, baseada no Evangelho, aos trabalhos da Sociedade, orientação a que se têm conservado fiéis até aos dias de hoje as sucessivas Diretorias. Como por encanto, voltou a paz geral ao seio do movimento espiritista nacional, e, restabelecido o equilíbrio nas finanças da Federação Espírita Brasileira, ela desde então marchou com o progresso para cumprir na terra do Cruzeiro do Sul o seu glorioso destino."

            De 1887 a 1893, com o pseudônimo de. Max, escreveu nas colunas de "O Paiz", de onde sua pena fulgurante deitava divinas claridades por sobre todo o Território Nacional, clamando e conclamando os corações ao retorno às verdades do Senhor.

            Parece que ainda lhe ressoavam aos ouvidos, através dos misteriosos escaninhos da intuição, aquelas palavras de Ismael quando de sua designação para a desincumbência de tão alto mister, testemunhada por uma Augusta Assembleia de entidades respeitáveis:    

            "- Descerás às lutas terrestres com o objetivo de concentrar as nossas energias no país do Cruzeiro, dirigindo-as para o alvo sagrado dos nossos esforços. Arregimentarás todos os elementos dispersos, com as dedicações do teu espírito, a fim de que possamos criar o nosso núcleo de atividades espirituais, dentro dos elevados propósitos de reforma e regeneração. Não precisamos encarecer aos teus olhos a delicadeza dessa missão; mas, com a plena observância do código de Jesus e com a nossa assistência espiritual, pulverizarás todos os obstáculos, à força de perseverança e de humildade, consolidando os primórdios de nossa obra, que é a de Jesus, no seio da pátria do Evangelho. Se a luta vai ser grande, considera que não será menor a compensação do Senhor, que é o caminho, a verdade e a vida."

            Data dessa época a transformação da Federação Espírita Brasileira no porto luminoso de todas as esperanças de Ismael, para o qual convergiriam quantos trabalham, através do Espiritismo, em bem do próximo.

Livraria

            A iniciativa de sua fundação, levada a efeito em 31 de Março de 1897, pertence ainda a Augusto Elias da Silva, que fez "uma doação em dinheiro acompanhada de uma coleção de muitos exemplares das obras fundamentais codificadas por Allan Kardec, é que constituíram o objeto do primeiro comércio da Livraria". Posteriormente, nova contribuição monetária, partida do seu fundador, aliado a outros, perfazendo soma bem mais avultada que a anterior enriquece lhe o patrimônio bibliográfico, com obras publicadas em diversas línguas. É preciso, entretanto, esclarecer que desde 1893 vendiam-se livros espíritas na sede da Federação, mas só em 1897 ficou organizada a Livraria propriamente dita.

Desbravadores e pioneiros

            Não foram poucos os que receberam a dura incumbência de arrotear o solo para semeadura das novas verdades. De todas as camadas sociais surgiam elementos de valor, que se firmavam na dianteira dos acontecimentos. Seriam, sem dúvida, aqueles auxiliares que já se encontravam encarnados, aguardando o toque de reunir. Na Bahia, Luís Olímpio Teles de Menezes, Antônio da Silva Neto, Manuel Teixeira Soares, Joaquim Carneiro de Campos, Inácio José da Cunha, José Francisco Lopes, Manuel Correa Garcia, José Martins Pena, José Martins dos Santos Pena e Aureliano Henrique Tosta. Os dois primeiros se transferem depois para o Rio, sendo que o segundo, como Presidente do Grupo "Confúcio", desempenhou relevante trabalho de divulgação, publicando a "Revista Espírita" a partir de 1º de Janeiro de 1875. Mato Grosso nos deu Antônio Pinheiro Guedes, médico e político de nomeada. Em S. Paulo, entre os vanguardeiros, temos Ramos Nogueira, Antônio Gonçalves Batuíra, Angeli Torteroli, Júlio César Leal, de Alagoas, foi pioneiríssimo no Brasil. Do E. do Rio ressalta a figura de Joaquim Carlos Travassos, "o primeiro tradutor das obras básicas de Allan Kardec. No Rio de Janeiro, a colmeia é das mais viçosas e vistosas. Parece que havia mais empenho da Espiritualidade em concentrar maior número de trabalhadores, alguns procedentes de outros Estados, outros vindos até mesmo do Exterior, aqui bem no âmago da Pátria do Cruzeiro. Assim é que, pela ordem de sucessão dos acontecimentos, temos, primeiramente, Augusto Elias da Silva, Manuel Fernandes Figueira, Francisco Raimundo Ewerton Quadros, João Francisco da Silveira Pinto, D. Maria Balbina da Conceição Batista, D. Matilde Elias da Silva, Luiz Molica, D. Elvira P. da Molica, José Agostinho Marques Porto, Francisco Antônio Xavier, Manuel Estevão de Amorim, Quádrio Leo, Manuel de Sousa Santos Moreira, Manuel José de Oliveira Quintana, Noia Júnior, André Pourroy, Manuel da Silva Tavares, Carlos Joaquim de Lima e Cirne, José Agostinho Guimarães, Comendador Paulino Pires Falcão. Aliás, esses constituíram os membros fundadores da Federação Espírita Brasileira, sendo que os doze primeiros nomes são os daqueles que realmente estiveram presentes à assembleia de fundação.

            Devemos lembrar ainda as figuras de Francisco de Siqueira Dias Sobrinho, Antônio de Castro Lopes, Francisco Carlos de Mendonça Furtado, Salustiano José Monteiro de Barros, Isabel Maria de Araújo Sampaio, João Gonçalves do Nascimento, Manuel Antônio dos Santos Silva, Francisco Leite Bittencourt Sampaio, Antônio Luís Sayão e Frederico Pereira da Silva Júnior. A eles se juntaram, em época oportuna, outros companheiros: Luís Antônio dos Santos, Zeferino Gonçalves de Campos, Albano Correia do Couto, José Silva, Luís Hipólito Nogueira da Gama, Geminiano Brazil, José Ramos, Pedro Richard, F. M. Dias da Cruz, etc., etc . Preenchendo os claros em aberto, surgem mais esses: João Ramos, Joaquim Alves Ribeiro, Pedro Sayão, Miguel Ricardo Galvão, Albino Teixeira, Artur Rosenburg, Joaquim Alves Cardoso, Cid Matos, Nilo Fortes, Maia de Lacerda e outros.

            A essa época, o Espiritismo já começava a alastrar-se. Independentes dos Estados da Bahia, em cuja capital foi fundado o primeiro Centro Espírita no Brasil, e do Rio de Janeiro, onde pelo menos seis Sociedades já existiam, os demais Estados ostentavam também, sobranceiros e prometedores, suas primícias na lavoura doutrinária.


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