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sábado, 27 de abril de 2013

8. 'Didaquê Espírita'




8
Didaquê Espírita

compilação e coordenação
  Carlos Lomba
Ed.FEB 1948

CAPÍTULO V       c/d


MORAL ESPÍRITA



178. Tem o homem o direito de coagir a liberdade de consciência?

            - Jamais, como também não tem o direito de estorvar as manifestações do pensamento.

179. Toda e qualquer crença, embora reconhecidamente falsa, é respeitável?

            - Sim, quando é sincera e conduz à prática do bem. As crenças censuráveis são as que conduzem ao mal.

180.     Somos repreensíveis por escandalizar as crenças daqueles que não pensam como n6s?

            - Sem dúvida, pois que se falta à caridade e atenta-se contra a liberdade de pensar.

181. Deve-se, pelo respeito à liberdade de consciência, deixar que se propaguem doutrinas perniciosas, ou, então, sem atentar-se contra essa liberdade, pode-se procurar atrair ao caminho da virtude aqueles que dele se acham afastados por falsos princípios?

            - Certamente que sim; isso, porém, deve ser somente de acordo com o exemplo de Jesus, isto é, por meio da doçura e da persuasão, e nunca pela força, pois este último meio seria pior que a crença daquele a quem se procura convencer. Se é permitido impor alguma coisa, é o bem e a fraternidade, mas isto deve ser feito pela convicção e nunca pela violência.

182. Visto todas as doutrinas terem a pretensão de ser, cada qual, a expressão da verdade, como se pode distinguir a que tem o direito de se apresentar como tal?

            - A melhor doutrina é a que faz mais homens de bem e menos hipócritas, isto é, a que pratica a lei do amor e da caridade em sua maior extensão e em sua mais elevada aplicação. Toda doutrina que produzir, em suas consequências, a desunião e estabelecer uma demarcação, entre os homens, não pode deixar de ser falsa e perniciosa.

183. Qual a base da justiça fundada na lei natural?

            - Cristo o disse: "Desejai para os outros o que desejardes para vós mesmos".

184. A necessidade que o homem tem de viver em sociedade impõe obrigações particulares?

            - Sem dúvida. A primeira de todas, e rigorosamente, é respeitar os direitos de seus semelhantes. Quem respeitar esses direitos será sempre justo.

185. Qual é o primeiro de todos os direitos naturais do homem?

            - O direito da vida.

186. É natural o direito de possuir bens de fortuna?

            - Sim; porém, quando isso é exclusivamente para si, ou para sua única satisfação pessoal, torna-se então egoísmo.

187. Qual é o caráter da propriedade legítima?

            - Somente é legítima a propriedade que se adquire por meio do trabalho e sem prejuízo de outrem.

188. Como se deve considerar a esmola?

            - O homem de bem, que compreender o que é caridade, vai ao encontro da desgraça sem esperar que lhe estendam a mão, ou sem olvidar que disse Jesus: “Que a mão esquerda ignore o que dá a direita", pois deste modo ensinará a não desvirtuar a caridade com o orgulho.

189. Qual é a verdadeira acepção da palavra caridade, tal como a entendia Jesus?

            - Benevolência para com todos, indulgência com as imperfeições dos outros, perdão das ofensas, eis a caridade como a ensinava Jesus. O amor e a caridade são o complemento da lei de justiça, pois amar o próximo é fazer-lhe todo o bem possível. Tal é o sentido das palavras de Jesus: "Amai-vos uns aos outros como irmãos".

190. Qual é a mais meritória de todas as virtudes?

            - Todas têm o seu mérito, porém a melhor é a que estiver fundada na caridade mais desinteressada, tal como o sacrifício voluntário do interesse pessoal ao bem do próximo.

191. A parte certos defeitos e vícios, qual é o sinal mais característico da imperfeição?

            - O interesse pessoal e o apego às coisas materiais, tal é o sinal notório da inferioridade no homem.

192. Quem faz o bem desinteressadamente, só pelo prazer de ser agradável a DEUS e ao próximo, encontra-se já em certo grau de adiantamento?

            - Sim, muito mais do que aquele que faz o bem com reflexão e não por impulso natural do coração.

193. Há culpabilidade em "estudar" os defeitos alheios?

            - Se isso se faz para critica-los ou divulgá-los, há muita culpabilidade; mas, se esse estudo é feito para evitar cair nos mesmos defeitos, ele pode ser útil, às vezes. É preciso, porém, não olvidar que a indulgência com os defeitos dos outros é uma parte importante da caridade.

194. O homem pode, pelos seus esforços, vencer sempre suas más inclinações?           

            - Sem dúvida, e às vezes com pequenos esforços; mas o que lhe falta é vontade.

195. Entre os defeitos e as imperfeições da alma qual é a que pode ser considerada como principal?

            É do egoísmo que provêm todos os males. Estudando-se as imperfeições em geral, vemos que no fundo de todas elas reside o egoísmo; ele é incompatível com a justiça, com o amor e a caridade.

196. Qual é o meio para se destruir o egoísmo?

            - O egoísmo diminuirá com o predomínio da vida moral sobre a material, e ainda mais se desvanecerá com o conhecimento que o Espiritismo nos dá do nosso futuro, um futuro real e não desnaturado por ficções alegóricas. Desde que seja bem compreendido e com ele nos identifiquemos, o Espiritismo transformará os hábitos, os usos e as relações sociais, pois faz vê-las de tão alto que, até certo ponto, o sentimento da personalidade desaparece ante a grandeza do conjunto.

197. Quais são os verdadeiros distintivos do homem de bem?

            - O verdadeiro homem de bem é o que pratica a lei da justiça, do amor e da caridade em sua maior pureza. O verdadeiro homem de bem é aquele que, interrogando sua consciência, encontra-a livre das más ações, tais como a de ter violado a Lei de DEUS, ter procedido mal, ter deixado de fazer todo o bem que pode, ter deixado a alguém motivo de se queixar dele, e, enfim, ter deixado de fazer a outrem tudo o que quereria que lhe fizessem.

198. Pode o homem, na Terra, gozar a perfeita felicidade?

            - Não, mas depende do homem o dulcificar os seus males e ser tão feliz quanto possível, num mundo de expiação como a Terra. O mais das vezes o homem é causador da sua própria desgraça, mas, praticando o bem, evitam-se muitos males e proporciona-se a maior ventura que é possível nesta grosseira existência. Se queres ser feliz, sê bom; eis a regra geral para todos. Se sofremos, apesar de cumprirmos com os nossos deveres, devemo-nos resignar, confiar e esperar, pois DEUS premiará nossas virtudes e compensará nossos sofrimentos.

199. Existe uma medida comum da felicidade para todos os homens?

            - Sem dúvida; na vida material é a posse do necessário; na vida moral é a consciência limpa e a nossa fé no futuro.

200. Porque, na sociedade, as classes que sofrem são mais numerosas que as felizes?

            - Ninguém é completamente feliz: o que se chama felicidade encobre quase sempre grandes pesares, pois o sofrimento é condição da Terra, visto ela ser um lugar de expiação de Espíritos atrasados.

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