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domingo, 7 de abril de 2013

28. "Fenômenos de Materialização"




28
Fenômenos de Materialização
por   Manoel Quintão
 Livraria Editora da Federação Espírita Brasileira
 1942
           
Abecedário dos Médiuns 

           
            E, assim, considerando:

            1º - O ascendente divino suprema lei de causa e efeito em todos os aspectos da vida, na Terra como no Espaço; e

            2º - A lei do livre arbítrio, cuja postergação tem sido o sustentáculo de todas as tiranias espirituais e materiais; e

            3º - A conduta e instrução dos que a iniciaram e mantiveram desde o início, aconselha às suas coirmãs e aos confrades em geral a sustentarem, por todos os meios ao seu alcance, o seguinte programa:

            A - Convencer os médiuns de que toda grandeza, beleza e eficácia de sua tarefa decorrem da perfeita assimilação e prática dos Evangelhos de N. S. Jesus Cristo e que, fora da caridade não ha salvação.

            B - Que só devem trabalhar em meios afins e nunca para fins de ordem material, interesseiros e particularistas, sejam de ordem coletiva, ou individual.

            C - Que, ainda possuídos das melhores intenções e sentimentos, nem por isso são infalíveis e isentos de mistificações, dado que estas podem constituir provas necessárias, quer para eles, quer para os que deles se socorrem.

            D - Que não devem - quando sonambúlicos - exporem-se a trabalhar em assembleias numerosas e heterogêneas.

            E - Que a sua posição social não os isenta, nem resguarda dos deveres comuns de fraternidade e humildade.

            F - Que as suas prerrogativas não constituem galardão, nem os acoberta das vicissitudes terrenas, antes lhes foram dadas para resgate de maiores dívidas do passado;

            G - Que não devem, jamais, trabalhar isolados, nem fazer evocações diretas;

            H - Que não é razoável consultar os desencarnados sobre assuntos e problemas que o homem pode, por si mesmo, resolver;

            I - Que o estudo constante e sistematizado da Doutrina, em comum, é uma necessidade absoluta, não só para constituir o ritmo ou tônus do conjunto, como porque provado está que em tais trabalhos a cooperação também conjugada, dos Guias, melhor afeiçoa a inteligência dos encarnados para as concepções doutrinárias;

            J - Que não há trabalho ou profissão honesta, entre e perante os homens, que colida com o exercício ativo da mediunidade;

            K - Que não há dias, nem horas, nem fórmulas determinadamente favoráveis, nem desfavoráveis a esse exercício, uma vez praticado com abstração de cuidados mundanos e fúteis;

            L - Que a saúde física, conquanto não seja condição essencial para o exercício da mediunidade, deve ser objeto de cuidado, não só como obrigação de ordem geral, como porque pode refletir sobre o Espírito do médium e pô-lo a descoberto de influências nocivas;

            M - Que a instrução literária, filosófica, ou científica, não é elemento essencial da boa produção mediúnica, mas deve ser cultivada, em termos, porque enriquece o cabedal latente do médium e facilita maiormente as comunicações;

            N - Que não pode nem deve ser juiz da própria lavra, seja para exaltá-la ou rebaixa-la, deixando a outrem a tarefa de analisar e "julgar a árvore pelos frutos", contentando-se ele com o dever honestamente cumprido;

            O - Que deve evitar os meios sociais deletérios e viciosos, onde as paixões inferiores são facilmente combustíveis, mas procurando faze-lo, não com ostentação e desdém, para não escandalizar e sim discreta e criteriosamente, de modo a edificar os seus semelhantes.

            P - Que, devendo todo crente evangélico ser manso como as pombas e prudente como as serpentes. não pode nem deve alardear seus predicados e muito menos submete-los à prova e à critica de profanos incompetentes, quando não, mal intencionados.

            Q - Que, na vida de relação, sob qualquer dos seus aspectos, precisa desenvolver o máximo critério para discernir o que pertence ao homem e o que incumbe ao crente, a fim de poder, em consciência, dar a Cesar o que é de Cesar e dar a Deus o que é de Deus.

            R - Que esse discernimento só lhe pode advir gradualmente, mercê de uma disciplina moral e mental praticada sem precipitações nem desfalecimentos;

            S - Que a meditação, o recolhimento e a prece são os melhores agentes de avigoramento para o corpo e para a alma, pelo que deverão ser praticados com moderação e regularidade;

            T - Que não há regimes alimentares especiais aconselháveis, que favoreçam ou facilitem a prática mediúnica, exclusão feita de substâncias nocivas e uma vez mantida, como princípio, a necessária sobriedade;

            U - Que essa sobriedade deve estender-se maiormente ao regime moral, sem privança de diversões sociais compatíveis com o meio e a idade de cada um;

            V - Que não deve nem pode impunemente tirar partido, mesmo indiretamente, das suas faculdades, pois, sendo a mediunidade um dom gratuito da Providência, deve ser considerada como verdadeiro sacerdócio, dentro do preceito: “dar de graça o que de graça receber" e mais ainda: - com espontaneidade de sentimento;

            X - Que não há médiuns melhores nem piores, de vez que as faculdades lhes podem ser cassadas, cessantes a todo tempo, com o afastamento dos desencarnados, sob as vistas e por intervenção de seus Guias.

            Y - Que o trabalho é uma prece, ao mesmo tempo que um agente indispensável ao progresso físico planetário, não sendo lícito ao homem, muito menos ao médium, tornar-se ocioso e inútil à coletividade, sob pretexto de melhor ou maiormente prestar-se à caridade; e,

            Z - Que a Caridade é sentimento vivo e, como tal, não se deve, nem se pode conceber regulamentada, condicionada, fragmentada em atos alternativos, quando não caprichosos e incoerentes, como a própria índole humana, vacilante e imperfeita, razão pela qual estimará no seu trabalho apenas o comezinho cumprimento de um dever, com benefício próprio exclusivamente, de vez que a misericórdia divina não precisa do homem para afirmar-se ao mundo e no mundo.



                                                                       Parecer

            Respeito à tese supra, de autoria de Manuel Quintão, a Comissão manifesta-se de pleno acordo com ela, pedindo vênia para salientar a sua parte final, o "Abecedário dos médiuns", cujos conceitos e critério são dignos de nota e da aprovação do Conselho.

            Rio, 6 de Outubro de 1926

Codro Palissy
Pedro de Camargo
Epiphanio Bezerra
José do Sacramento

            A conclusão deste parecer foi aprovada sem debate, pelo Conselho, na sessão de 7 de outubro de 1926.




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