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sábado, 23 de março de 2013

'O Espiritismo é o Consolador'




O Espiritismo
é o Consolador
por Túlio Tupinambá  
(Indalício Mendes)
Reformador (FEB) Julho 1959


            “Assim como o Cristo disse: "Não vim destruir a lei, porém cumpri-la", também o Espiritismo diz: "Não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe execução." Nada ensina em contrário ao que ensinou o Cristo; mas desenvolve, completa, e explica, em termos claros e para toda a gente, o que foi dito apenas sob forma alegórica. Vem cumprir, nos tempos preditos, o que o Cristo anunciou, e preparar a realização das coisas futuras. Ele é, pois, obra do Cristo, que preside, conforme igualmente o anunciou, à regeneração que se opera e prepara o reino de Deus na Terra." (de "O Evangelho segundo o Espiritismo". )

            Na realidade, o Cristianismo, desde que foi "constantinizado", passou a ser na Terra quase que exclusivamente platônico. O estabelecimento do regime sacerdotal com escalonamento hierárquico já representava, em si mesmo, uma divergência do primitivo espírito cristão, pois Jesus fez da humildade a pedra de toque da sua doutrina. Tanto assim que, ao lhe perguntarem os discípulos: "Quem é o maior no reino dos céus? - Jesus, chamando a si um menino, o colocou no meio deles e respondeu: Digo-vos, em verdade, que, se não vos converterdes e tornardes quais crianças, não entrareis no reino dos céus. – e aquele, portanto, que se humilhar e se tornar pequeno como esta criança será o maior no reino dos céus - e aquele que recebe em meu nome a uma criança, tal como acabo de dizer, é a mim mesmo que recebe." (Mateus, capítulo XVIII, v. 1 a 3.) Ora, com essas palavras pretendeu, sem dúvida alguma, inculcar no espírito dos discípulos que todos devemos ser simples e modestos, comedidos e discretos, serenos e compassivos. Nada de orgulho nem sequer de aparências de superioridade. Entretanto, que se tem visto há séculos, da parte de muitos dos que se dizem representantes do Cristo na Terra? Pompa, olvido da humildade cristã, abandono da tolerância cristã, renúncia à simplicidade cristã. As coisas religiosas se misturaram com as coisas políticas, a ambição do poder temporal suplantou a legítima cordura cristã. Antes das Cruzadas, já o espírito cristão desertara daqueles que se consideram seus depositários. A Inquisição, por sua vez, levou a Humanidade a sofrimentos terríveis, numa grande e negra fase da vida do homem. Com o mesmo despudor se invocava o nome de Deus para cometer crimes, falava-se no Cristo para justificar perseguições tremendas. Podemos imaginar o sofrimento terrível do Mestre, diante de tantos e tão prolongados espetáculos de horror!

            Onde está, hoje, o Cristo? Junto aos potentados de religiões materializadas ou com o Espiritismo, que prescinde do poder, que não se preocupa com a política nem com a dominação; que não busca o beneplácito dos poderosos para se beneficiar com favores capazes de alienarem a sua autoridade moral'? Com quem está o Cristo? Com aqueles que abusam de seu nome e não seguem seus ensinamentos ou com aqueles que vivem na humildade, procurando dar cumprimento aos seus elevados preceitos e fazendo da caridade e do amor o seu programa diário?

            Assim como o Cristo e seus primitivos adeptos foram perseguidos pela religião então dominante e caçados pelo poder político, assim continuam sofrendo restrições os espíritas que, para serem fiéis ao Cristo, buscam a exemplificação cotidiana do Evangelho, no lar, na vida pública e em suas sessões de estudo religioso.

            Dizer-se, pois, que o Espiritismo é a Religião do Cristo não constitui despautério, porque essa verdade é simples e positiva como a luz do Sol. À época da sua peregrinação visível pela Judeia, Jesus predisse o advento do Consolador, que os fatos demonstram ser justamente o Espiritismo. Disse o Mestre: "Se me amais, guardai os meus mandamentos; e eu rogarei a meu Pai e ele vos enviará outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco: o Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê e absolutamente não o conhece. Mas, quanto a vós, conhecê-lo-eis, porque ficará convosco e estará em vós. - Porém, o Consolador, que é o Santo Espírito, que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará recordar tudo o que vos tenho dito." (João, cap. XIV, v. 15 a 17 e 26.)

            Acompanhemos a explanação de "O Evangelho segundo o Espiritismo": "Jesus promete outro consolador: o Espírito de Verdade, que o mundo ainda não conhece, por não estar maduro para o compreender, consolador que o Pai enviará para ensinar todas as coisas e para relembrar o que o Cristo há dito. Se, portanto, o Espírito de Verdade tinha que vir mais tarde ensinar todas as coisas, é que o Cristo não dissera tudo; se ele vem relembrar o que o Cristo disse, é que o que este disse foi esquecido ou mal compreendido.

            O Espiritismo vem, na época predita, cumprir a promessa do Cristo: preside ao seu advento o Espírito de Verdade. Ele chama os homens à fiel observância da lei; ensina todas as coisas, fazendo compreender o que Jesus só disse por parábolas. Advertiu o Cristo: "Ouçam os que têm ouvidos para ouvir." O Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, porquanto fala sem figuras, nem alegorias, levanta o véu intencionalmente lançado sobre certos mistérios. Vem, finalmente, trazer a consolação suprema aos deserdados da Terra e a todos os que sofrem, atribuindo causa justa e fim útil a todas as dores."

            Quando da vinda do Cristo, a Humanidade padecia os erros e as incompreensões da religião judaica. Era preciso destruir preconceitos e cumprir a lei, que vinha sendo desvirtuada, porque o coração do homem se endurecera no egoísmo, na vaidade e na ambição. E Jesus anunciou que não viera destruir a lei, mas lhe dar cumprimento. Os tempos passam e o Espiritismo surge justamente quando a Humanidade se viu em crise idêntica: a religião que se dizia depositária das verdades cristãs se achava distanciada dos ensinamentos do Cristo. Paganizada, usufruía as vantagens de um concubinato com o poder político, desejosa de partilhar ou herdar esse poder. Então, o Espiritismo, pela palavra de Allan Kardec, que se fez intérprete da vontade do Alto, codificando as mensagens enviadas por Espíritos de escol, começara a sua tarefa. Cada dia mais ele se aprofunda no coração da Humanidade, alargando o seu âmbito de influência. Dentro da sua pobreza, o Espiritismo se enriquece com as luzes do Alto, e se expande e se fortalece na alma dos homens esclarecidos. Amparado pela fé em seus destinos, resiste a todos os insultos e calúnias, lançando o perdão às bocas que vituperam, certo de que, em encarnações futuras, muitos dos seus detratores de hoje se encontrarão nas fileiras dos que realizam a boa luta pela evangelização de todas as criaturas humanas.

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