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segunda-feira, 18 de março de 2013

'As Ressureições na Guerra'




As ressureições 
na guerra

                             por Carlos Imbassahy (pai)
in Reformador (FEB) Setembro 1945


            Um amigo nosso, de Ribeirão Preto, teve a gentileza de enviar-nos um bem lançado artigo, da autoria do Sr. Raul de Polillo, publicado na "Folha da Manhã", em julho findo.

            Refere-se o escritor a indivíduos que morreram na guerra, com ferimentos no coração, e foram ressuscitados por hábeis operadores, especializados na matéria.

            Os casos de ressurreição começaram, há pouco, no Laboratório de Fisiologia Experimental do Instituto da União Soviética.

            As experiências principiaram em cães, que ficavam mortos durante 6 a 15 minutos, e depois reviviam por meio de transfusões de sangue e do emprego do promultor.

            Já se registraram 51 ressurreições completas, sendo que 39 dos ressurgidos morreram de novo.

            O autor lembra que foram inúteis todos os esforços, no sentido de fazer com que eles, que realizaram a última viagem, se recordassem de alguma coisa que existe ou possa existir no outro mundo. Julga, diante disto, que é tremendo o alcance filosófico e religioso a que conduz esta circunstância.

            Notou ainda o autor, como coisa de muito reparo, que os mortos voltavam à vida com as mesmas características mentais, intelectuais, morais e de hábitos, que tinham antes da morte; que não se recordavam do inferno, do purgatório, do paraíso, do nirvana ...

            O escritor perde-se em várias interrogações de ordem filosófica; - como? A alma não vai a lugar nenhum, não se apresenta a alguma entidade julgadora?...

            Termina, ponderando que tais fatos terão imensa repercussão na esfera do pensamento e das religiões, devendo muita coisa ser modificada nesse âmbito.

*

            O nosso amigo riopretense pede comentários; sentimo-nos, pois, no dever de corresponder com eles à sua delicadeza.

            Não temos procuração das demais religiões, para tratar do assunto que diz com elas; seus crentes poderiam, porém, responder ao escritor que os moradores do purgatório só saem dali para mansões melhores que não as da Terra, os moradores do paraíso não voltariam mais, que não eram tolos, e os do inferno, ainda que o quisessem, não podiam voltar: lasciate ogni speranza.  Os candidatos ao Nirvana provavelmente não morreriam no fragor das batalhas.

            Para essas religiões, ainda, a ressurreição não seria novidade nenhuma, haja vista a ressurreição de Lázaro, que eles admitem tenha morrido como os operados do laboratório soviético, "na mais ampla expressão da Ciência e da lei".

            Mesmo fora das religiões, há casos, e não são poucos, são inúmeros, em que o indivíduo é dado por morto, ou vai para o cemitério com aquela ampla expressão, e depois torna a si.

            Há vários compêndios e trabalhos históricos sobre o que denominam "morte aparente", em que o cidadão marcha para o outro mundo, com todos os sacramentos religiosos, todos os requisitos legais e todos os atestados científicos, e voltam à vida, muitas vezes, infelizmente, quando já se acham na solidão da sepultura.

            Onde, porém, o fenômeno não causa a menor alteração é em Espiritismo, porque é tese pacífica, é ensino dos Espíritos que a morte do corpo não implica separação imediata da Alma.

            Esta se acha ligada ao organismo por uma espécie de cordão umbilical, denominada perispírito; quanto mais atrasado é o ser mais custa ele a desprender-se do corpo; já este deixou de funcionar, não durante minutos, mas durante horas, e o infeliz, no Espaço, continua a ter sensações terrenas, a participar ainda, senão da vida do corpo, pelo menos da vida da Terra, pois o perispírito ainda o vai fisgar ao órgão inerte, e até deteriorado.

            Por este lado, pois, nenhuma alteração em nossos pontos doutrinários.

            O fato de não se lembrar o Espírito do que se passou com ele, nos curtos momentos de vida extracorpórea, só pode justificar os nossos postulados.

            O que ensina o código espiritual é que os mortos ficam em estado de perturbação, durante a passagem de uma vida a outra, perturbação que será tanto maior quanto mais atrasado é o ser e mais violento o gênero de morte, indo até à mais completa obnubilação; o Espírito que se manifesta nestas condições, se acha inteiramente inconsciente, desmemoriado, abúlico.

            Nos sonhos, é sabido, o ser visita paragens várias, fala com diversos entes e, ao voltar ao corpo, de nada se recorda, na maioria das vezes.

            É que a passagem de um campo a outro, com a intensa modificação vibratória, altera ou apaga completamente a recordação, mormente se há um forte traumatismo, como na morte em plena batalha.

            Isto é princípio velho, que os novos processos cirúrgicos nada vêm alterar.

            Mas, em compensação, conhecem-se muitos casos, e a Ciência já os regista, em que não se dá o esquecimento, e estes casos provam o outro plano da vida.

            Histórias longas...

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