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segunda-feira, 18 de março de 2013

'A Gênese'



‘’A Gênese’’ atinge o centenário[1]

por  Indalício Mendes
Reformador (FEB) Janeiro 1968

                O aparecimento de “A Gênese”, em 6 de Janeiro de 1868, graças aos esforços de Allan Kardec, empenhado em dar à Humanidade mais uma obra de esclarecimento, capaz de diluir as fantasias e as superstições que dificultavam o progresso mental e moral, foi relevante acontecimento. Nesse livro excelente, pode também o ilustre Codificador demonstrar objetivamente as consequências do Espiritismo, como doutrina e filosofia, assim como a importância fundamental do comportamento moral no futuro da criatura humana, seja encarnada, seja desencarnada, porque, afinal, a vida terrena e a vida espiritual estão intimamente e irrevogavelmente entrelaçadas.

            A importância das matérias estudadas e os comentários racionais e lógicos apresentados por Allan Kardec fizeram que grande número de leitores procurassem avidamente o livro em pauta.  A “Revue Spirite” de Fevereiro de 1868, cerca de um mês após o lançamento, em Paris, de “La Genèse, les Miracles et les Prédictions selon le Spiritisme” anunciava estar quase esgotada a 1ª edição, com a declaração de que a segunda já se achava em máquina.

            Apoiada pelos espíritos libertos de preconceitos, embora combatida por aqueles que ainda se encontravam prisioneiros de tradições e dogmas obsoletos e ofensivos à Razão, mas discutida sempre, essa obra não tardou a ganhar a preferência dos estudiosos e a figurar nas melhores bibliotecas, ao lado de outras que também cooperavam, então, para quebrar as algemas que o obscurantismo desfaçado pusera na mentalidade das criaturas humanas.

            No Brasil, “A Gênese” foi estudada, a princípio, na língua de origem, a francesa, pois só em 1882, traduzida e publicada sob os auspícios da Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade, do Rio de Janeiro, surgia a 1ª edição em português, impressa por B. L. Garnier, Livreiro--Editor do Instituto Histórico, e com um prefácio datado de 31 de Março de 1882.

            Ainda hoje, “A Gênese” se faz leitura obrigatória de quantos queiram efetivamente pôr-se a par de elucidações complementares ao estudo sério da Doutrina Espírita. No dizer de Henri Sausse, biógrafo de Allan Kardec, “é das mais importantes esta obra, porque constitui, sob o ponto de vista científico, a síntese dos quatro primeiros livros publicados”. A profundez dos assuntos e, ao mesmo tempo, a clareza com que são expostos e estudados, revelam, a cada passo, a cultura, a erudição, o saber do Codificador, que ainda enriqueceu a obra com citações indispensáveis a oportunos confrontos nos comentários e nas apreciações à luz da Doutrina Espírita.

            Na realidade, quem quer que deseje conhecer profundamente o Espiritismo, não pode negligenciar o estudo de “A Gênese”, mesmo porque os temas de que trata são importantes e ainda atualíssimos, como, por exemplo, “Caráter da Revelação Espírita”, “Deus”, “Origem do bem e do mal”, “Papel da Ciência na gênese”, “Gênese espiritual”, “Gênese orgânica”,  “Os milagres”, “As predições”, etc. etc. Na Introdução, excelente sob vários aspectos, AIlan Kardec afirma que “A Gênese” é “complemento das que a precederam, com exceção, todavia, de algumas teorias ainda hipotéticas que tivemos - continua ele – “o cuidado de indicar como tais e que devem ser consideradas simples opiniões pessoais) enquanto não forem confirmadas ou contraditadas, a fim de que mão pese sobre a doutrina a responsabi1itdade delas”.

            Regozijemo-nos, pois, com essa obra notável, cuja vitalidade não diminuiu nos 100 anos decorridos. Que as bênçãos do Alto envolvam o Espírito de Allan Kardec, o grande missionário do Século XIX!



[1] Hoje, já ultrapassamos os 150 anos. Nem por isso, o artigo acima deixa de ser atual. 

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