Pesquisar este blog

quarta-feira, 13 de março de 2013

20. 'Fenômenos de Materialização'




20

Fenômenos de Materialização
por     Manoel Quintão
 Livraria Editora da Federação Espírita Brasileira
 1942



1º Caso (1).

            (1) Adotando o critério das iniciais das personalidades citadas no curso deste trabalho, assim procedemos para dar-lhe uniformidade, uma vez que de todas não temos, nem poderíamos de pronto obter autorização para lhes declinar os nomes. Quanto aos nominalmente citados, esses são companheiros assaz conhecidos na tradição doutrinária, alguns deles já transmigrados ao plano espiritual.

            Na vizinha cidade de Niterói, houve em tempo uma autoridade policial, notável por seu espírito de hostilidade aos Centros Espiritistas, e que, sem mais lúcido discernimento, os averbava e tratava de "macumbas" ou "candomblés".

            Descrente e, mais que descrente, perseguidor incansável dos médiuns, esse irmão J. V., teve gravemente enfermada uma filha moça, a qual fora desenganada pelos médicos da Terra. Pai extremoso, sem medir jamais sacrifícios em prol do ente estremecido, não foi, contudo, sem grande relutância e, ainda assim, por instigações da esposa, que resolveu consultar o médium Z. M. F. do Centro "Virgem da Piedade", instalado em Neves, município de S. Gonçalo.

            Ouvido o recorrente e feita a respectiva consulta, foi pelo Guia Espiritual emprazada uma sessão extraordinária para as 20 1/2 horas.

            O grande caso, porém, é que, nesse mesmo dia, por volta das 14 horas, mais ou menos, "falecia" em sua residência, a jovem enferma.

            O Sr. J. V.  tratou, como lhe cumpria, de obter o atestado de óbito do médico assistente, Dr. C. M., e o fez registar no cartório de paz do Escrivão C. R., em Niterói, partindo dali a encomendar um enterramento de 2ª classe, melhorado.

            Isto posto, restava-lhe comunicar, o que fez por telefone, a lutuosa ocorrência ao pobre médium.

            Caráter desabrido, ao demais taganteado pela dor, dizem que o fez em termos cuja violência deixamos ao leitor o encargo de imaginar.

            Sem embargo da lamentável ocorrência, quiçá maiormente devido a ela, obedientes às ordens recebidas, reuniram-se a noite, no referido Centro, os médiuns Z. M., J. C. C., Júlio de tal, Fialho e outros, comentando o insucesso e deplorando o que julgavam ser uma pérfida mistificação, quando um dos médiuns é tomado sonambulicamente e diz (textual): Homens de pouca fé, que leram o Evangelho e se esquecem que o Cristo ressuscitou Lázaro e disse que todo aquele que tivesse fé faria o que Ele fazia e coisas ainda maiores...  E acrescentou: "Neste momento a morta se levanta e apaga-se o primeiro círio!"

            Uma tia da enferma, que estava presente, corre ao telefone e obtém, alvoraçadamente, a confirmação do fato insólito.

            A rediviva passou, então, a tratar-se pelo Espiritismo e daí a dois meses entrava em franca convalescença, seguindo para "Boca do Mato", no município de Macacu, enquanto seu pai se deixava ficar em Niterói.

            A grande dádiva celeste não foi, porém, incondicional e uma das condições impostas ao Sr.J. V. foi a de jamais procurar empanar o brilho da Verdade.

            Ora, mais tarde procurado por um conhecido confrade jornalista, interessado na verificação do acontecimento, o sr. J. V. lhe assegurou não ter o caso tanta importância, pois que o atribuía, antes, a uma simples coincidência, certo de que sua filha apenas tivera um ataque de catalepsia.

            Pois bem: violado o compromisso, empanada a verdade, a jovem convalescente, lá onde se encontrava foi acometida de violento acesso de cinorexia que a levou a devorar (é o termo) uma porção de bifes em preparação, para desencarnar logo depois, sem que houvesse tempo de lhe prestarem qualquer socorro.

            E, ao passo que isso acontecia à distância de mais ou menos 90 quilômetros de Niterói, o Sr.  J. V. não escondia o pressentimento brusco de que a filha desencarnara naquele instante.

            Assim foi, efetivamente, para que a Verdade não se empanasse...



Nenhum comentário:

Postar um comentário