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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

A Dor



A Dor
Emmanuel
por Porto Carreiro Neto
Reformador (FEB) Dezembro 1949

Amigos:
            Sem dores, que seria o Universo? A Criação de Deus é a Beleza sem par, e a dor não é menos bela, nem destoa da magnificência que nos envolve. Necessário assim seja, para que o homem aprecie a grandeza do Senhor: há pequeninos e grandes, mas à vista espantada de uns e de outros impõe-se a majestade da Criação.

            A beleza não é só o que admiramos subjetivamente, mas imprescindível é a sintamos concretamente, para verificarmos a existência real das coisas. A dor é desses sentimentos concretos, que nos penetram mais profundamente. O prazer nos tange de leve, não passando da superfície. Cumpre nos integremos no Todo, modificando o nosso "eu" que, isolado, modorra e se estiola; necessário despertar para a luta e para a vida. As delícias nos embalam em enganos e nos desviam do objetivo grandioso; mas a dor nos molda o íntimo, para mais de perto sentirmos o exterior, do qual não há que nos afastarmos, fugindo à realidade do mundo de Deus.

            Criemo-nos à imagem da Divindade, fazendo-nos verdadeiras obras de Suas mãos perfeitas. Adaptemo-nos ao ambiente, deixando que nossa matéria sofra esse trabalho lento e seguro, de aprimoramento de qualidades.

            É desse trabalho que nos surge o que chamamos habitualmente a dor; mas dor bendita essa, e sem a qual estagnaríamos, continuando a ser o mármore bruto, sem figura onde pudesse descer o hálito vivificante do Sempiterno Artista dos espíritos que hão de representar as obras-primas da Criação.

            Nisso consiste a beleza da dor, cuja ação é profunda e eterno seu efeito. Aflijamo-nos quando não nos venha ela procurar, como a centelha que incendeia a secular floresta onde se definha a inútil vegetação e adormece a insídia das serpentes. Tremamos quando nos revoltemos contra seu toque mágico, qual o do condão duma fada misteriosa que procura transmudar nossa grosseira vestimenta em clâmide (.....) alva e brilhante de virtudes. Demos as boas-vindas à seta que nos fere, ao buril que nos desbasta, ao fogo que nos vem comburir os restos de imperfeições no recôndito de nossas almas.

            São mensageiros do Celeste Pai, que se compadece de nossa estagnação, de nossa letargia, de nossa deformidade; são os artistas que vêm terminar a Obra do Criador; são os decoradores do nosso lar; são a luz da residência de Jesus; são as flores que exornarão a morada de Deus .

            E então, viverá o homem a vida verdadeira, e terá bendito ao Pai.




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