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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

29. 'O Cristianismo do Cristo e o dos seus vigários'.



29

 “O Cristianismo do Cristo
e o dos seus Vigários...
           
Autor: Padre Alta (Doutor pela Sorbonne)
Tradução de Guillon Ribeiro
1921
Ed. Federação Espírita Brasileira
Direitos cedidos pela Editores Vigot Frères, Paris


            Passou, felizmente! o tempo em que o Santo Padre Inocêncio XI - 1676 a 1689 - podia reduzir à fome o douto Baluze, para impedir que ele desse a lume os verdadeiros textos dos Concílios e dos Pais, modificados em Roma, a bem da autocracia pontifical. Já não podeis senão adornar com o título de "modernista" e privar amavelmente das suas funções eclesiásticas o padre que teve a audácia de verificar por si mesmo o ensino dos teólogos romanos e que, em consciência; se julga obrigado a proclamar o resultado de suas verificações, resultado que induziria, não, de certo, à supressão, mas a uma modificação séria da Igreja ensinadora, de acordo com as exigências da ciência verdadeira e do verdadeiro Cristianismo.

            Porque, aí é que está toda questão e não algures. E não podereis fugir-lhe! 

            As disputas teológicas, até ao século XVIII, se dispersavam sobre dogmas especiais, pouco acessíveis ao comum dos espíritos e cuja discussão oferecia aos intelectuais o único campo possível de exercício, na ausência total das preocupações práticas que desde há duzentos anos multiplicam as pesquisas de toda espécie e Desenvolvem todos os dias as ciências positivas. As questões abstratas, ao contrário, são completamente desprezadas nas nossas escolas superiores, onde tinham outrora o primeiro lugar. A Filosofia, a própria Psicologia, são quase estranhas aos nossos sábios, exclusivamente apaixonados pela Física, pela Química, pelas Matemáticas, a Mecânica, a Erudição, a Economia política e social. A Teologia, sobretudo, se tornou de todo indiferente ao reduzido número de intelectuais que ainda se conservam fiéis às práticas religiosas. O campo está, pois, completamente livre ao Clero, para propagar os ensinos e as práticas que entender convenientes à sustentação da sua autoridade, sem outra justificativa além desta autoridade Mesma: "a Igreja é infalível; todo católico tem que se submeter à Igreja, sem nenhum exame."

            Pela onipotência, pela infalibilidade centralizadas no soberano Pontífice, desde o Concílio do Vaticano em 1870, toda a questão da fé, para os católicos romanos, se concretizou nesta questão: que é a Igreja?

            "A Igreja é o que é e tal sempre foi: uma monarquia absoluta, em que todos os direitos pertencem ao Sumo Pontífice. Os súditos, esses têm o dever absoluto de crer o que se lhes ensina e de fazer o que se lhes ordena em nome do Sumo Pontífice!” afirmam e impõem aos seus fiéis todos os bispos, todos os sacerdotes e os teólogos da Igreja Católica Romana. "Conquanto nem todos os representantes da Igreja, confessamo-lo, sejam absolutamente perfeitos, esta constituição da Igreja atual é absolutamente perfeita e quem quer que, em nome da Ciência, se permita contestar as nossas afirmações é um revoltado, que lamentamos não poder queimar, como outrora queimamos Savonarola, e que vos ordenamos eviteis, proibindo-vos em absoluto que o escuteis ou leais."




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