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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

23. 'o Cristianismo do Cristo e o do seus vigários''



23

 “O Cristianismo do Cristo
e o dos seus Vigários...
           
Autor: Padre Alta (Doutor pela Sorbonne)
Tradução de Guillon Ribeiro
1921
Ed. Federação Espírita Brasileira
Direitos cedidos pela Editores Vigot Frères, Paris

  
            Quando os imperadores e os reis, em vez de a sustentarem, atacaram a organização dos prefeitos eclesiásticos chamados bispos e do imperador deles, chamado papa, foi-lhes necessário achar outro apoio. Então, uma ordenação papal, publicada pelo sínodo de Verona, em 1184, instituiu a Inquisição que, até ao XIV século, fez, como sabeis, milhões de vítimas. Mas, quando a Revolução, começada no XVI século e definitivamente vitoriosa no principio do XIX, arrebatou aos Inquisidores o poder de condenar, torturar e queimar, que força haviam de empregar contra os intelectuais, contra os inspirados e os doutores independentes?

            A tática empregada foi a mesma do século IV e com eficácia mais completa. Contra o escol - a multidão! Chamaram para representar a ciência teológica, não mais os teólogos, não mais os sábios, porém a multidão ignara, que nem mesmo ler sabia. Por toda parte, havia séculos, essa multidão, denominada "o povo cristão”, dava maravilhosas provas da sua inteligência teológica. Pelo ano de 1250, para citar um fato entre milhares, os fiéis da ortodoxia romana, na Sicília, em protesto contra Joaquim de Fiore e contra o Evangelho de S. João, suprimiram do sinal da cruz, ou persignação, o Espírito Santo, e se assinavam devotamente: "em nome do Pai, do Filho e, .. de S. Mateus" (28). Lícito, pois, era contar de maneira absoluta com a compreensão filosófica daqueles denodados crentes. Não havia mais que acrescentar às orações cotidianas, que constituíam até então toda a ciência religiosa do povo cristão, uma iniciação popular em todos os grandes mistérios reservados outrora aos intelectuais.

            (28) Gebbart – “A Itália Mística”, pág.206

            A exemplo de Lutero - pois foi Lutero quem redigiu e publicou o primeiro catecismo --fabricaram os bispos esses manuais clássicos de teologia, de história santa, de metafísica religiosa que bem intencionados catequistas fazem que as crianças de seis anos recitem de cor. As afirmações sem provas, as fórmulas ininteligíveis foram declaradas "dogmas de fé", sob a ameaça, não mais das fogueiras, das quais já não podiam fazer tão piedoso uso, mas do inferno eterno.

            Estava ganha a vitória. Ah! foi e ainda é, nos países ditos "católicos", um dilúvio de ignorância e de credulidade universais, com proibição de construir-se uma arca, onde se pudessem refugiar a ciência, a inteligência religiosa.




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