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sábado, 22 de setembro de 2012

d. Simplicidade


d.     Simplicidade
por José Brígido     (Indalício Mendes)

Reformador (FEB)
Dezembro 1946

            Tudo seria mais simples se o homem quisesse retornar à simplicidade. Vamos encontrar nesse livro suave e confortador, que é "Imitação de Cristo", estas palavras edificantes: "O homem tem duas asas, por meio das quais ele se eleva acima das coisas da Terra: são a pureza e a simplicidade". Não é a ambição que perde o homem, quando é honesta e razoável. A desgraça dele está no egoísmo, que polui a ambição, tornando-a execrável. Dizer-se que a bondade desviriliza o caráter humano é uma injúria, porquanto o que ela produz é o fortalecimento moral, o revigoramento do espírito. O homem deve e precisa ter ambições, para corresponder aos objetivos superiores da vida. Desde, porém, que essas ambições sejam desvirtuadas pelo egoísmo e passem a constituir meio de coação e sofrimento para os seus semelhantes, tornam-se nocivas. Ser simples não é cair no abandono, na indiferença pelas coisas boas e belas que a vida tem: é justamente lutar pelo embelezamento e engrandecimento da vida, pelo aproveitamento honesto de tudo quanto ela nos pode oferecer. Ser simples é integrar-se na harmonia universal, pelo pensamento e pelos atos. O homem que não sabe odiar e que olha para os outros homens com o coração brando e amoroso, é um simples. A felicidade mora dentro de si, tanto que seus sofrimentos são atenuados pela resignação que a compreensão da vida oferece. Cantemos, com Exupery, este hino de fraternidade: 
               
                "A experiência mostra que amar não é olhar um para o outro, mas olhar juntos na mesma direção. Cada um se exalta por religiões que lhe prometem essa plenitude. Todos, sob palavras contraditórias, exprimem os mesmos impulsos. Dividimo-nos por causa de métodos que são frutos de nosso raciocínio, e não por causa de fins: estes são os mesmos. De nada vale discutir ideologias. Se todas se demonstram, todas também se opõem, e tais discussões fazem desesperar da salvação do homem. Quando o homem em toda parte, ao redor de nós, expõe as mesmas necessidades, queremos ser libertados. O que dá uma enxadada no chão quer saber o sentido dessa enxadada. E a enxada do forçado, que humilha o forçado, não é a mesma enxada do lavrador, que exalta o lavrador. A prisão não está ali onde se trabalha com a enxada. Não há o horror material. A prisão está ali, onde o trabalho da enxada não tem sentido, não liga quem o faz à comunidade dos homens. E nós queremos fugir da prisão". 


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