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sábado, 25 de agosto de 2012

13. 'Amor à Verdade'


13
“Amor à Verdade”
por Alpheu Gomes O. Campos
Marques Araújo & C. – R. S. Pedro, 216
1927


Oposições


            As passagens comuns da vida preparam-nos, após meticuloso exame, para o conhecimento das dificuldades que encontramos em nossos tentames.

            Sempre que, na Terra, um homem se faz notar por suas boas práticas e pelas virtudes que diligencia desenvolver, começa por levar os olhos curiosos da turbamulta e não raro se vê transformado em ponto de convergência de mil oposições, maiores ou menores, segundo os interesses que, ao cego entender, parecem profundamente feridos e prejudicados.

            Na política, na religião, nas ciências mesmas, são frequentes arremetidas tais, e nem sempre interpretadas com acerto.

            O despeito, a inveja, o orgulho, filhos todos da escuridão, levantam grossa muralha a todo o raio de luz.

            Pois é o que também fazem os que morreram ignorantes da lei, orgulhosos e egoístas. Não tendo produzido senão frutos maus, não podem compreender os ensinos e desaceitam tudo quanto sai da trilha habitual e abala os seus inveterados preconceitos. É o egoísmo da opinião.

            Negando a realidade do progresso, imaginam que nada os preleva e excede; assim oferecem luta a todos que, «a peito aberto e fé lavada», se votam à pesquisa da verdade e à sua divulgação.

            Quando estudiosos e observadores, são os espíritas os mais visados pela coorte de revoltados da erraticidade, que se esforçam por dominá-los, como a outros já fizeram, os quais, acolhendo as suas sugestões, lhes servem de instrumento contra os primeiros. Mas, se assim é, releva não desanimar; antes, revestir-se de confiança e firmeza, desbravar o
terreno donde brotará farta ceifa.

            É de nosso Guia o estudo que segue.

            “Paz de Maria seja com o meu filho.

            “Vamos estudar o como se efetivam as obras do engrandecimento.

            “Sempre que se nos oferece ocasião para chamarmos à luz da verdade qualquer filho de Deus, empregamos o processo usado nas provas, isto é, deixamo-lo agir.

            “Todo homem que abre caminho novo em qualquer terreno, torna-se alvo da curiosidade natural despertada em seu próximo.

            “Ora, o que se dá com os homens, também ocorre com os invisíveis, que vivem em seu meio, aplaudindo ou reprovando os seus atos.

            “Quando alguém, por amor do progresso, chega a sacrificar-se em favor de um ideal, muita vez incompreendido, no momento, pelas multidões obcecadas e presumidas, alvoroçam-se os povoadores do espaço. Então, na maioria dos casos, pelo não poderem imitar, despropositam criando embaraços de toda a sorte; em guerra incessante lutam até vencerem ou serem vencidos.

            “Repare-se, com a necessária independência, na alegria, no tripudio dos irreflexos, quando podem contrapor obstáculos àqueles que, saindo fora do vulgar, por amor do próximo se submetem abnegadamente às leis imutáveis e harmônicas. A condição de destaque, ou, por outra, a grandeza de sentimentos não pode ainda ser compreendida; e a curiosidade faz com que sempre se aglomerem despeitadas sombras em torno do que assim procede, com o fito de o baldarem.

            “Assim não devera ser,  pensarão: porque o instrumento de progresso convém rodeado de todos os cuidados, de maneira que não lhe falte nada e a sua obra resulte perfeita. Perfeita, sim, sê-lo-á, eu vos afirmo; e exatamente por isso que encontra esses mesmos obstáculos - ensejo de mais ampla colheita.

            “Assim como  nas grandes empresas da Terra se ocupam centenas de operários, que sem trabalho estavam, para que ganhem no labor o pão de cada dia, assim e por igual teor sucede com as empreitadas divinas, onde os invisíveis curiosos e desocupados serão esclarecidos e ganharão também, por sua vez, o pão espiritual.

            “Obreiros do Senhor são os que serenamente enfrentam todos os perigos e todos os prélios (combates), sabendo que deles promanam seguramente enormes benefícios de feição moral.

            “Os que se julgam prejudicados com os trabalhos desta ordem, dão cerrados combates aos seus encarregados; e estes, para que sejam verdadeiros elementos de progresso, não reclamam nem se perturbam: ao invés, seguem calmos o caminho traçado; porque, tendo fé do tamanho de um grão de mostarda, nada os deterá em sua marcha, e por onde passarem deixarão vestígios de seu amor e dedicação.

            “Do exposto se colhe que todos os espíritas são laboradores (trabalhadores)  da vinha, e que encontrarão, em seus planos e fainas de aperfeiçoamento, dificuldades e peguilhos (embaraços)  de toda a casta, avultando entre eles, como o mais percário (arriscado), a hipocrisia - origem de negra selva de males.

            “Se, por exemplo, a propaganda doutrinaria que encetaste e já sofre, como tens visto, - ainda bem! - fecunda oposição, juntares qualquer outro trabalho que possa ser útil a teu próximo, mais e mais investidas terás. Porque, se a obra põe o viso (aspecto, aparência) em beneficiar um povo, deve impressionar primeiro os retardatários do espaço, para que, convertidos, graças ao choque, deem passo à luz que baixará sobre a humanidade. Assim, aliviados com o norteio dos defuntos, melhor podem os encarnados ouvir intuitivamente os seus Guias, que só lhes inspirarão o que for útil e vantajoso à sua evolução.

            “Bem-aventurados os que sofrem ... assim se diz: porque os que sofrem por amor do progresso, receberão o consolo de haverem esclarecido outros que também serão felizes; o Pai, que tudo vê e paga a cem por um a todos os seus servidores, aceitará tal ato como reparação das faltas praticadas em pretéritas existências.

            “As leis divinas tudo prevêm, de modo que tudo se aproveita para o concerto universal.

            “Os espíritas devem estar sempre vigilantes, porque, enquanto trabalham, tem em derredor infelizes cuja conversão lhes cumpre facilitar, para que não estacionem dominados por falanges tredas (falsas, traiçoeiras).”


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