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segunda-feira, 23 de julho de 2012

Guillon Ribeiro - a saudade que ficou...



Guillon Ribeiro
 a saudade que ficou...
            
          Não há sentimento mais penetrante que o da saudade. Ele devassa todo o nosso ser, submete-nos o espírito a delicadas vibrações, levando-nos aos olhos lágrimas cristalinas que nos desafogam o coração. A saudade, quando se traduz por uma sensação de elevada espiritualidade, não mortifica nem deprime o espírito: consola-o. Dá-nos o sentimento suave dum bem-estar que não sabemos definir, mas que é suficientemente profundo para elevar o nosso espírito às regiões de paz.

            Guillon Ribeiro foi mais do que um simples confrade: foi um amigo. Sua compreensão dos deveres evangélicos fe-Io ser para os homens mais do que um amigo: um irmão. Envolto na serenidade das almas já identificadas com o ideal cristão, punha humildade em seus gestos, invariavelmente embalsamados de tolerância e amor. Possuía a palavra segura e convincente dos homens que sabem porque confiam em Deus, dos apóstolos que têm seu caminho traçado e dele não se afastam. No Espiritismo, sua rota fora há muito definida. Silenciava aos apodos dos insensatos e cultivava, cada vez com maior carinho, sua cultura evangélica, distribuindo generosamente ótimos frutos da sua dialética fundamentada e encantadora!

            Nesta tosca página de saudade, não traçamos o panegírico fútil do amigo que transpôs as fronteiras do Além: relembramos apenas, com o sabor agridoce da saudade, o semeador que cumpriu sua tarefa cristã, sofrendo com a paciência dos justos os agravos dos fariseus de todos os tempos. Guillon Ribeiro não malbaratou tempo nem energias : com estéreis discussões. Ia trabalhando com fé e dedicação, com discernimento e proficiência, talvez que recordando estas palavras de Paulo aos Efésios (6:6): "Não servindo à vista, como para agradar aos homens, mas como servos do Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus".

            Desde 26 de outubro de 1943, vimos cultuando, em espírito, a lembrança de Guillon Ribeiro, cuja vida, dentro e fora do lar, foi de realizações benéficas, de fé inabalável nos princípios doutrinários do Espiritismo cristão. Desse culto construtivo, mas silencioso, se alimenta uma saudade que não perturba, pois estimula pelo conforto que propicia, vínculo que eterniza o nosso respeito e a nossa admiração por Guillon Ribeiro, consolidando-nos a certeza de que ele, despojado do manto carnal e envolto na túnica inconsútil da espiritualidade, forma entre os vultos mais veneráveis da querida "Casa de Ismael"- veneráveis pela estatura moral e pela dignidade do Espírito, como Bittencourt Sampaio, Bezerra de Menezes, Sayão, Richard e tantos outros.

*

            A paz de Jesus e as bênçãos de Maria estejam contigo, Guillon Ribeiro, porque a tua semeadura foi farta e fecunda, de modo que os frutos do teu labor evangélico te asseguraram,  certamente, um lugar entre os devotados obreiros do Senhor!

por    Indalício Mendes[1]
in Reformador (FEB) Outubro 1945





[1] Em 13 de Maio de 1988, Indalício juntou-se a Guillon na espiritualidade. A data não poderia ser outra. Festiva pelo centenário da libertação dos escravos. Festiva pelo retorno de um Libertador de Consciências. Do Blog.  


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