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quarta-feira, 25 de julho de 2012

45. 'Doutrina e Prática do Espiritismo'




45  ***



            Completemos agora essa extensa documentação, com que nos pareceu conveniente robustecer o principio da pluralidade de existências, com a narrativa do seguinte caso, particularmente significativo, ao qual acrescentaremos mais dois apenas, antes de passar a outra ordem de considerações.

            Em seu excelente livro O PROBLEMA DO SER E DO DESTINO, refere Léon Denis, ocupando-se deste mesmo assunto (1):

(1) Págs. 289 e 290 da edição francesa.

            "O príncipe Adam Wiszniewski, residente à rua Débarcadère  nº 7, em Paris, nos transmitiu a seguinte narrativa, que lhe foi comunicada pelas próprias testemunhas, algumas das quais ainda vivem e não consentiram em ser indicadas mais que por iniciais:

            "O príncipe Galitzin, o marquês de B. e o conde de R. se achavam reunidos, no verão de 1862, em Hamburgo, na estação de águas.

            "Uma noite, depois de haverem jantado muito tarde, passeando no parque do Casino e viram, deitada num banco, uma mendiga. Aproximaram-se e, tendo-a interrogado, a convidaram a vir cear ao hotel. Depois que ela ceou; com grande apetite, o príncipe Galitzin, que era magnetizador, teve a ideia de a adormecer, o que, ao fim de repetidos passes, conseguiu, Qual não foi a admiração dos presentes, quando, profundamente adormecida, aquela que no estado de vigília apenas se exprimia num péssimo dialeto alemão, entrou a falar francês com extrema correção, referindo que se tinha reencarnado pobre, como punição, por haver cometido um crime em sua vida precedente, no século XVIII. Morava então em um castelo, na Bretanha, à beira-mar. Tendo tomado um amante, quis se desembaraçar do marido, e o precipitou no mar, do alto de um rochedo. Indicou o lugar do crime com a máxima precisão.

            "Mediante essas indicações, puderam o príncipe Galitzin e o marquês de B. ir mais tarde à Bretanha, às costas do Norte, e entregar-se, cada um por seu lado, a pesquisas cujos resultados foram idênticos. Interrogando várias pessoas, não conseguiram obter, ao começo, informação alguma; por último, todavia, encontraram velhos camponeses, que se recordavam de ter ouvido contar por seus pais a história de uma jovem e bela castelã que havia posto fim à vida do marido, atirando-o ao mar. Tudo o que a pobre mulher de Hamburgo tinha dito; no estado sonambúlico, foi reconhecido exato.

            "O príncipe Galitzin, em seu regresso à França, passando novamente por Hamburgo, se informou com o comissário a respeito daquela mulher e dele ouviu que ela era inteiramente destituída de instrução, não falava mais que um vulgar dialeto alemão e vivia apenas dos mesquinhos recursos que obtinha como mulher de soldados."

            O segundo caso, a que nos reportamos, vem assim exposto no livro de C. W. Leadbeater, Do OUTRO LADO DA MORTE (págs. 487), em forma de carta que lhe dirigira do Novo México, uma senhora, cuja assinatura se oculta sob as iniciais S. O.:

            "Ofereço minha experiência pessoal como um fato absoluto e não como um documento em apoio de qualquer teoria. Na época em que essa experiência me foi proporcionada (há 25 anos) nada absolutamente conhecia eu de mediunidade e nunca tinha ouvido pronunciar a palavra "reencarnação." Tinha dezesseis anos e estava casada havia um ano apenas.
           
            "Acabava de verificar que ia ser mãe, quando me tornei vagamente consciente da presença, em torno de mim, de uma personalidade invisível, Pareceu-me instintivamente que o meu companheiro oculto era uma mulher mais idosa que eu, com uma sensível diferença de muitos anos. Essa presença se foi gradualmente acentuando. Três meses depois de a sentir, comecei a receber, por telepatia, extensas comunicações da personalidade invisível. Manifestava os mais diligentes cuidados por minha saúde e bem-estar geral e pude com ela entreter uma conversação durante longas horas. Disse-me o seu nome e indicou a nacionalidade que tivera, com abundantes particularidades relativas a sua história pessoal. Mostrava-se ansiosa por que eu a conhecesse e a estimasse por ela mesma, conforme o dizia. Empregava constantes esforços por se tornar visível e afinal o conseguiu no último período da minha gravidez. Era então para mim uma companheira tão estimada e tão real como se estivesse revestida de um corpo de carne. Não tinha mais que correr as cortinas, a fim de dar ao meu quarto uma tênue claridade; para que a sua presença, ao mesmo tempo, se me atesta-se à vista e ao ouvido.

            Duas ou três semanas antes da nascimento de minha filha, me comunicou que o objeto principal de sua presença era a intenção de entrar em a nova forma que viria, dentro em breve, ao mundo, a fim de completar uma experiência terrestre que não pudera levar a bom termo. Confesso que, ao começo, não compreendi o que ela queria dizer e que me deixou muito perturbada.

            "Na noite que precedeu o nascimento de minha filha, vi pela última vez a minha companheira, que me disse: "é chegado o nosso tempo; tenha coragem e tudo lhe há de correr bem."

            "Nasceu minha filha, e era a perfeita miniatura da minha amiga-espírito; ao demais não se assemelhava a nenhum dos membros da família de que descendia. Ao vê-la, exclamavam todos:  "Mas não tem a fisionomia de uma criança! Parece ter pelo menos vinte anos."

            "Extremamente surpreendida fiquei eu, quando, alguns anos mais tarde, me veio às mãos uma obra antiga em que se achava relatada a história da mulher cujo nome e existência me haviam sido indicados como os seus próprios pelo espírito-amigo. Essa história apresentava absoluta conformidade com a que me havia sido referida, salvo algumas particularidades pessoais que não podiam ser de outros conhecidas. Guardei comigo, como um profundo segredo, essa experiência, porque, atenta a minha mocidade, sabia de antemão que juízo faria o mundo de quem semelhante história referisse.

            "Um dia, quando minha filha tinha quinze anos, o nome anterior de minha amiga-espírito foi pronunciado em sua presença. Voltou-se ela vivamente para mim e perguntou:
           
            "-Mamãe, meu pai não me chamava assim?

            "-Não, lhe respondi; nunca foste chamada por semelhante nome (seu pai falecera quando ela tinha um ano).

            “-Entretanto -observou - recordo-me perfeitamente; não sei onde, mas alguém me chamava por esse nome .

            "Devo, em conclusão, acrescentar que o caráter de minha filha se assemelhava singularmente ao da que era descrita na história dessa mulher, cujo espirito me havia dito querer tomar a nova forma que eu devia dar à luz.

            "Aí estão os fatos. Não dou explicação alguma. Se confirmam qualquer teoria, bem satisfeita ficarei, porque as teorias têm necessidade de fatos para as amparar e fazê-las admitir. Os fatos, porém, são incontestáveis e por si mesmos podem se manter. "

            Críticos exigentes poderão talvez achar demasiado vago esse testemunho, dada a ausência de nomes próprios e, com ela, a impossibilidade de uma ulterior verificação. A mesma arguição contudo já não poderão formular contra o último dos casos com que vamos encerrar esta série documental e que, publicado em primeiro lugar na Itália e sucessivamente reproduzido em varias revistas (1), sob a epígrafe "Um caso de reencarnação previamente anunciado," tem para o atestar os nomes consagrados na esfera das ciências.

            (1) Entre outras, ANNALES DES SCIENCES PSYCHIQUES, de Paris, LUMEN, de Barcelona, LA REVUE SPlRITE, etc.

            Utilizamo-nos da tradução estampada no REFORMADOR de 15 de maio 1911 e feita do artigo publicado na REVUE SPIRITE, de Paris, pelo coronel de Rochas, que o subscreve. É a seguinte:

            "A excelente revista mensal FILOSOFIA DELLA SCIENZA, editada em Palermo pelo Sr. Innocenzo Calderone, contém um artigo do mais alto interesse relativamente a esse extraordinário fenômeno de que já são conhecidos alguns casos, que relatarei numa obra sobre as VIDAS SUCCESSIVAS, atualmente no prelo.

            Eis a tradução de uma parte desse artigo, escrito pelo Dr. Carmelo Samona, que publicou recentemente, como tese defendida perante a Faculdade de Palermo, um livro notável intitulado PSICHÉ MISTERIOSA:

            "Meu caro Calderone,

            "Apesar do caráter absolutamente íntimo dos fatos que precederam o nascimento de minhas filhinhas, não hesito, no interesse da ciência, em entrega-los à publicidade por intermédio de tua tão difundida e apreciada revista, sem ocultar os nomes das diversas pessoas que deles tiveram conhecimento, à medida que se foram produzindo.

            "Se por minha parte me abstenho de os discutir, acho contudo que Convém divulga-los, para que outros o possam fazer.

            "Nenhuma ciência progride, permanecendo na ignorância dos fatos.

            "Se, no domínio metapsíquico, por temor ao ridículo, ou por outros motivos da mesma ordem, cada um guarda para si essas espécies de acidentes mais ou menos raros que podem sobrevir, adeus esperança de progresso!

            "Envio-te uma narração sintética, absolutamente fiel, dos fatos tais quais se produziram, sem a mínima discussão de minha parte relativamente aos interessantes problemas que suscitam, isto é, sonhos premonitórios, personalidades mediúnicas, etc. 

            "O caso atual se apresenta favoravelmente - creio eu - no ponto de vista científico, porque as pessoas que desde o começo acompanharam as diversas particularidades sucessivas e que as observaram com grande interesse gozam de geral consideração por sua moralidade e inteligência.

            "Além da narração dos fatos envio-te as declarações de algumas dessas pessoas que confirmam as minhas asserções, e estou pronto a fornecer outros testemunhos da mesma natureza e todos os esclarecimentos que forem julgados úteis para a investigação científica.
           
            "Crê na perfeita estima de teu afetuoso amigo – CARMELO SAMONA.


                                               EXPOSIÇÃO SINTÉTICA DOS FATOS

            "A 15 de março de 1910, depois de gravíssima enfermidade (meningite), expirava minha adorada filhinha Alexandrina, de cerca de 5 anos de idade. A dor que sentimos, eu e minha mulher, que escapou de ficar louca, foi profunda.

            Três dias depois minha mulher sonhou com ela: parecia vê-la tal qual era quando vivia conosco e ouvia-lhe dizer:

              "-Mamãe, não chores mais, Eu não te abandonei nem me afastei de ti, Olha  tornei-me tamaninho assim; e acrescentou:

            "-Vais por isso começar de novo a sofrer por mim,"

            Reproduziu-se o mesmo sonho, três dias depois. Sabendo do caso, uma amiga de minha mulher, fosse por convicção ou para a consolar, disse-lhe que esse sonho podia ser um aviso de sua filhinha, que talvez se preparava para renascer dela; e, para mais persuadi-la de tal possibilidade, trouxe-lhe um livro de Léon Denis em que se trata de reencarnação .

            Mas nem os sonhos, nem essa explicação, nem a leitura da obra de Denis conseguiram lhe abrandar a dor. Igualmente se conservou incrédula quanto à possibilidade de nova maternidade, tanto mais quanto, tendo tido um aborto que necessitara de operação (21 de novembro de 1909) e fora acompanhado de frequentes hemorragias, tinha assim quase a certeza de não poder mais conceber.

            Uma vez, de manhã cedo, alguns dias depois da morte da filhinha, chorando como de costume e sempre incrédula, me disse:

            “-Eu só vejo a realidade atroz da perda do meu querido anjinho: é muito rude esta perda, muito cruel, para que eu possa me apegar, como um fio de esperança, a simples sonhos como os que tive e acredi tar em fato tão inverossímil como esse do renascimento da adorada filhinha por meu intermédio, sobretudo considerando meu estado físico atual."

            De repente, enquanto ela tão desesperançada e amargamente se lamentava e eu empregava os melhores esforços para a consolar, três pancadas secas e fortes, como, que batidas com os nós dos dedos por alguém que chegasse e quisesse entrar, se fizeram ouvir na porta do aposento em que estávamos, contíguo a uma saleta, pancadas que foram no mesmo instante percebidas por nossos três filhos que se achavam conosco. Estes, julgando que fosse uma de minhas irmãs que tinha o costume de vir aquela hora, abriram logo a porta, exclamando:

            “-Entre tia Catarina; grande foi, porém, a surpresa de todos, quando não vimos ninguém e verificamos, na escuridão do aposento, que ninguém entrara.

            Este incidente mais vivamente nos impressionou, por se ter passado no momento mesmo do supremo desânimo de minha mulher. Teriam acaso aquelas pancadas uma causa metafísica e alguma relação com o seu profundo abatimento?

            Nessa mesma noite resolvemos começar umas sessões mediúnicas tiptológicas, que metodicamente continuamos durante três meses pelo menos e em que tomavam parte minha mulher, minha sogra, eu e às vezes meus dois filhos mais velhos.

            Desde a primeira sessão duas entidades se manifestaram, uma que dizia ser a minha filhinha e a outra uma irmã que tive e falecera aos quinze anos, havia muito tempo, a qual se apresentava, conforme dizia, como guia da pequena Alexandrina.

            Esta se exprimia com a mesma linguagem infantil que usava quando vivia conosco; a linguagem da outra era elevada e correta, e em geral falava para explicar alguma frase da pequenina, quando não fosse bem compreendida ou então para convencer minha mulher das afirmações de sua filhinha.  

            Na primeira sessão, Alexandrina, depois de dizer que era ela mesma que aparecera em sonhos à sua mãe e de manhã batera à porta as pancadas que ouvíramos (com o fim de indicar a sua presença e procurar consola-la por meios mais convincentes), acrescentou: "Mamãezinha, não chores mais, porque eu vou renascer por teu intermédio, e antes do Natal aí estarei...", repetindo o mesmo para todos os parentes e pessoas conhecidas com as quais mantivera as melhores relações durante sua breve existência.

            Seria fastidioso transcrever todas as comunicações obtidas os últimos três meses, porque, à parte a variante de algumas frases ternas de Alexandrina para com as pessoas mais queridas, eram quase sempre uma repetição constante e monótona do anúncio de sua volta antes do Natal, especificado, desde a primeira sessão, a cada um dos parentes ou conhecidos.

            Muita vez tentámos deter uma tão prolixa repetição, assegurando-lhe nosso cuidado em comunicar a todos a sua volta ou melhor, o seu renascimento, antes do Natal, sem esquecermos ninguém; mas era inútil: ela se obstinava em não interromper-se até esgotar todos os nomes conhecidos. Dir-se-ia nesse fato estranho, que o anúncio de sua volta constituía uma espécie de monoideísmo da pequena entidade. Quase sempre as comunicações terminavam assim:

             "-Agora, vos deixo: tia Giannina quer que eu durma."

            Desde o começo também, ela anunciou que não poderia se comunicar-se conosco por mais de três meses, visto que depois ficaria cada vez mais presa à matéria, ate nela adormecer completamente.

            A 10 de abril minha mulher teve as primeiras desconfianças de uma gravidez, e no dia 4 de maio novo aviso de sua volta por parte da pequenina entidade. Estávamos então em Venetico (província de Messina).

            "-Mamãe, disse ela, está contigo uma outra ainda."

            Como não compreendêssemos, a outra entidade (tia Joanna ou Giannina) explicou:

            "-Não é engano da filhinha; somente não sabe se exprimir bem . Ela quer dizer, minha querida Adélia, que um outro ser que deseja voltar à Terra volteia em torno de ti. "

            Desde esse dia, Alexandrina, em todas as comunicações, afirmava com obstinação que voltaria com uma irmãzinha, parecendo, pelo modo por que se exprimia, alegrar-se com isso.

            Mas, em vez de confortar e consolar minha mulher, tudo isso só fazia aumentar a sua dúvida e incerteza: e mesmo depois dessa nova e curiosa mensagem, ela se tornara mais que nunca convicta de que tudo terminaria por uma grande decepção. Muitos fatos, realmente, deviam se produzir depois desse anúncio, para serem verídicas as comunicações.

            Era preciso com efeito: 1º que realmente a gravidez existisse; 2º que, dados os recentes sofrimentos seus, não houvesse aborto, como sucedera precedentemente; 3° que o parto fosse duplo, o que parecia mais difícil ainda, pois seria um fato sem precedentes na sua família, assim como na minha; 4° que ela desse à luz duas crianças que não fossem do sexo masculino, nem uma do sexo masculino e outra do feminino.

            Na verdade era mais difícil ainda ter fé num conjunto assim tão complexo, contra o qual militava uma série de probabilidades contrárias.

            Assim, apesar de tão belas predições, minha mulher até o quinto mês viveu chorando, incrédula e com a alma torturada, embora nas suas últimas comunicações a nossa pequena entidade a exortasse a ficar mais contente, dizendo-lhe:

            "-Toma cuidado, mamãe, que se continuas tão triste, acabarás nos dando uma constituição bem fraca."

            Numa das últimas sessões, tendo minha mulher  manifestado a dificuldade de crer na volta de Alexandrina e a dificuldade ainda maior de parecer-se o seu corpo com o que antes tivera, a entidade Giannina apressou-se em responder:

            "-Isso também te será concedido, Adália; ela renascerá perfeitamente semelhante e, se não muito, pelo menos um pouco mais bonita."

            Estas palavras foram como um bálsamo para minha mulher: um clarão de esperança despontou afinal em sua alma dolorida, que, entretanto, não tardaria a ser de novo atormentada por um  outro acontecimento.

            Mal havia entrado no sétimo mês, uma notícia inesperada e trágica a abalou e tão vivamente a impressionou que subitamente lhe vieram dores e outros sintomas, que durante cinco dias nos fizeram viver, na terrível ansiedade de um parto prematuro, que seria fatal, pois a criança ou as crianças, que nascessem, não seriam viáveis, não estando completos os sete meses de gestação.

            Imagine-se, além dos sofrimentos físicos de minha mulher, quantas angústias devia sentir aquele coração só com semelhante ideia, depois da esperança que nele começara a agasalhar. E esse estado da alma agravava ainda mais a situação. Nessa ocasião foi minha mulher assistida pelo mesmo Dr. Cordaro; e por fim, contrariamente a toda expectativa, foi conjurado inteiramente o perigo.

            Ficando boa de todo e quando tivemos a certeza de estarem completos os sete meses, voltamos a Palermo onde ela foi examinada pelo célebre médico parteiro Dr. Giglio, que verificou logo uma gravidez de gêmeos. Assim, uma parte bem interessante já das comunicações obtidas tanto tempo antes estava confirmada. Restavam ainda, contudo, outros fatos de igual interesse a serem confirmados, particularmente o sexo, o nascimento de duas meninas, uma das quais fisicamente e moralmente se parecesse com a pequena Alexandrina.

            O sexo foi enfim confirmado na manhã de 22 de novembro, em que minha mulher deu à luz duas meninas.

            Quanto ao conhecimento das possíveis semelhanças físicas e morais, é naturalmente preciso deixar passar algum tempo e verifica-las à proporção que as crianças se desenvolvam.

            É singular, não obstante, que pelo lado físico já se manifestem certos característicos confirmativos da predição e que induzem a continuarmos as nossas observações, autorizando, como autorizam a acreditar que as comunicações sejam literalmente verificadas mesmo sob esse aspecto.

            As duas crianças, agora pelo menos, não se parecem; são mesmo diferentes quanto à corpulência, à tez e à forma do rosto; a menor parece uma cópia perfeita da pequena Alexandrina quando nascera, e, coisa extraordinária, tem com ela de comum três particularidades físicas, a saber: hiperemia do olho esquerdo, ligeira seborreia no ouvido do lado direito, e uma leve assimetria da face, absolutamente idênticas às que apresentava Alexandrina quando nasceu, - Dr. CARMELO SAMONA."

            O artigo publicado na FILOSOPHIA DELLA SCIENZA, termina com uma série de atestados de parentes, e amigos da família Samona, confirmando que tiveram, em tempo, conhecimento dos fatos em questão.

            Tais atestados são excelentes para o estudo científico dos fenômenos, mas é ocioso reproduzi-los aqui. Basta aos leitores saber que eles existem; acrescentarei, de acordo com uma carta que me escreveu o Dr. Carmelo Samona:

            1º que Alexandrina foi a última a nascer, o que, segundo a opinião geralmente admitida, provaria ter sido a primeira na concepção; 2º que, se o parto não se deu ao fim dos nove meses normais, conseguintemente pelo Natal, é que os partos duplos são quase sempre antecipados. - ALBERT DE ROCHAS."




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