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sexta-feira, 15 de junho de 2012

A Missão de Jesus



A Missão de Jesus

por Djalma Farias

    
        
         Anunciada há alguns séculos, por vários profetas, a vinda de Jesus, constituindo um acontecimento histórico de importância indiscutível, foi o coroamento natural da obra grandiosa de Moisés, a demarcar nova e auspiciosa fase para a humanidade sofredora.

            Com efeito, a História do mundo poderia dividir-se em dois grandes períodos: o primeiro, desde os mais remotos tempos até o aparecimento do Cristo; e o segundo, desse acontecimento até os nossos dias, tal foi, na verdade, a transformação que se operou na terra com o advento do Cristianismo.

            A obra social e moral de, Jesus, analisada com imparcialidade e independência, revela-se--nos admirável; pelo cunho de perfeição com que foi realizada, estatuindo regras e princípios suscetíveis de implantar no mundo a felicidade por todos tão desejada.

            Encontrando o povo judeu humilhado e oprimido, a reclamar um libertador que devia sair da casa de Abraão, e que, à frente de exércitos, pudesse restituí-lo à liberdade, e compreendendo o pensamento dominante no seio da família de Israel, Jesus soube orientar, com habilidade, a propaganda de sua doutrina justamente para a liberdade, mas a liberdade moral, procurando convencer os seus contemporâneos, com argumentos irrespondíveis, que só a verdade os faria livres.

            O homem terreno, imperfeito, escravizado pelos vícios, joguete de mil tentações, precisaria conhecer os meios de se redimir dessa detestável escravidão moral, responsável por toda a sorte de infortúnios e dores que o têm cruciado. O passado sombrio e comprometedor, proporcionando a expiação do presente, teria de ser resgatado, e o tempo perdido recuperado, devendo o homem redimir-se, alijando as imperfeições que tem originado as suas dores, e, longe de se deixar escravizar pelos vícios e paixões inferiores, cumpria-lhe, ao contrário, dominá-los, passando de escravo a senhor. É' nesse sentido que se deve compreender a redenção trazida por Jesus ao mundo. E não pode haver mais feliz concepção de liberdade.

            Os ensinos do Cristo estabeleciam também a igualdade e preparavam a fraternidade, expondo a verdadeira situação da humanidade pela explicação clara dos destinos humanos, ninguém pretendendo ser superior ou senhor, pois que o senhor, que era Ele, viera não para ser servido, mas para servir, não devendo o amo julgar-se acima do servo. Aboliu assim o preconceito de classes e castas, de família e posição, acertando que quem quisesse ser o maior fosse o menor.

            Era evidentemente a condição de igualdade expressa na sua fórmula mais simples, e, talvez por isso, mais impressionante.

            Dessa lição de igualdade decorria naturalmente a pratica da fraternidade pelos laços de solidariedade, laços que viessem unir as criaturas como filhos do mesmo e único Pai, que é Deus.

            O aspecto social da missão de Jesus é sempre novo e interessante, graças ao apelo que faz aos homens para solidarizarem-se na luta pela vida, pela tendência a uma justa fórmula de organização social, em que não tenhamos de ver misérias, opressões e despotismo, em que se possam solucionar a contento as graves questões da autoridade e da ordem, do capital e do trabalho.

            O socialismo pregado por Jesus-Cristo encara o problema da vida sem ilusões e privilégios, considera a fortuna e a pobreza como contingências momentâneas e expiação, ninguém se julgando proprietário, porém, depositário de bens, estimula os homens ao exercício constante da caridade, do amor e da justiça, pelos conselhos salutares que oferece, não se devendo fazer aos outros o que se não quereria que os outros lhe fizessem. Seria a melhora da sociedade pela melhora do indivíduo, cada um compenetrado dos seus deveres morais para com o próximo, certeza de que o futuro seria pior ou melhor conforme o uso que fizesse do seu livre arbítrio.

            A sociedade humana, regulada pelas leis da moral evangélica, seria o reino dos céus implantado na terra.

            Quanto mais dessa norma de conduta afastar, mais o homem sofrerá e acabará por se convencer que só Jesus poderá salvar o mundo e dar-lhe a felicidade tão reclamada.

            Os conselhos e advertências que sempre lhes afluíram aos lábios, as bem-aventuranças celestes definidas com um encanto surpreendente no magnífico Sermão da Montanha, sermão profundamente humano e consolador, pelo lenitivo que oferece aos pobres e aos miseráveis deste mundo, emprestam à sua missão uma face nova, visando levantar o ânimo do fraco, do desiludido, do pária, com a perspectiva da felicidade celeste, conquistada a troco da paz, da humildade, da resignação.

            O ensino que sobreleva quantos Ele ministrou aos homens é o do amor ao próximo, fundamento de toda a sua doutrina, o amor que conduzirá à perfeição, e de que Ele foi a mais eloquente personificação. 

            Não tendo vindo derrogar a lei divina, porém, cumpri-Ia, substituiu o Cristo as prescrições moisaicas de caráter humano por novas e oportunas leis; a violência pela brandura, o material pelo espiritual. A magistral concepção de Deus e do mundo, singular e inédita, os ensinamentos a propósito da existência e imortalidade da alma e sua evolução pelos sucessivos renascimentos, o conforto e a resignação que oferece aos homens, tudo isso tornou a extraordinária doutrina de Jesus o farol a iluminar a Humanidade em demanda da perfeição.      

            Pela excepcional natureza do seu espírito puríssimo, tão profundas foram as suas ideias e tão intensa foi a luz que esparziu, que os homens, deslumbrados, o confundiram com Deus, de Quem Ele sempre se dissera filho e criatura, com Quem havia aprendido e cujas ordens apenas diligenciava por executar.

            A missão de Jesus, à luz do Espiritismo não se circunscreve apenas ao período de anos em que parece ter aqui vivido, mas remonta ao passado e avança, infinito em fora, sobre o futuro da terra e da sua humanidade, pois Ele existia antes da criação do planeta, a cuja forção cósmica assistiu, partindo de então a sua missão espiritual, na qualidade de guia e diretor da terra.

            Sob esse novo ponto de vista, o seu espírito surge-nos ainda agora como o orientador desse formidável movimento espiritualista que sacode o mundo, pela promessa que fizera certa vez de que não nos deixaria abandonados e enviaria em breve  o Consolador - o Espiritismo - para lembrar os seus ensinos e aditar outros que os pósteros pudessem compreender e aceitar.

            De sorte que a sua extraordinária e divina missão não se encerrou, mas continua o seu ciclo infinito, porquanto Ele afirmara que estaria conosco até à consumação dos séculos.


Fonte: Reformador (FEB) Jan 1948


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