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sexta-feira, 29 de junho de 2012

O que nos espera depois da morte.


O que nos espera
 depois da Morte.



            Se tivesse, no começo desta obra, a ideia de dizer que estamos vivos, pensarão que eu enuncio um truísmo sobre o qual ninguém tem necessidade de insistir, porém se complico a frase ao perguntar: "Estamos vivos, mas por quanto tempo?" penso que pessoa alguma poderá responder-me de uma maneira certa, pois que a vida é um fator cujas regras saem do domínio matemático para esposar, por meio de uma exposição sumária, a mais alta fantasia.

            Fiamo-nos muito nas aparências quando na Terra e assim declaramos que alguém é feliz ou que tem uma excelente saúde quando estamos às vezes em face de um homem de negócio, rico ou manejando grandes capitais, mas minado realmente por preocupações de uma vida doméstica caprichosa ou bem de um indivíduo que morrerá, em alguns dias, de uma ruptura de aneurisma, por pletora de carnes que ele exibe para nossa inveja.

            Estamos de tal modo habituados a encarar com um olhar distraído tudo o que nos cerca que nada nos parece extraordinário no dédalo dos fatos diários e, no entanto, se nos entregarmos a uma observação atenta, perceberemos, primeiramente, que podemos catalogar, de qualquer sorte, o que percebemos, em duas categorias: as coisas inertes, depois os objetos possuindo em si elementos de ação.

            As coisas inertes são imutáveis em si. Se nada acontece com elas, permanecem intactas e no mesmo lugar, pelo menos um curto tempo.

            Os objetos possuindo em si elementos de ação são compostos de tudo o que vive: os seres de toda natureza, quer sejam humanos, animais, vegetais.

            Em primeiro lugar, os vegetais são imóveis, mas vê-se perfeitamente que eles nascem, crescem e se modificam em cada estação. Quem já não se maravilhou, numa bela manhã de primavera, ao encarar as árvores cobertas de folhas novas e a transformação súbita da natureza em alguns dias?

            Quem já não aspirou, um instante, no campo, o cheiro de fenos recentemente cortados ou o das mil corolas abertas sobre as quais vinham as abelhas pousar?

            Ora, que são esses aromas senão as emanações vivazes de múltiplos vegetais em transformação ou em atividade, exteriorizando algo de si, algo imponderável, mas destinado a provar a sua mobilidade, a sua vida, a vida que deixará um dia!

            Devemos então enfrentar um novo período para o qual não estamos ainda preparados. Nossos pais terão gasto longos anos para a nossa educação material, mas nada terão feito por uma existência muito mais longa à qual estamos destinados, porque, como bem sabemos, nenhum de nós se livrará da morte.

            Nós, os vivos, seremos um dia Nós, os mortos, e lamentaremos provavelmente a imprevidência de nossos próximos, assim como a nossa no que diz respeito a esta importante questão: a sobrevivência da alma e o não preparo para esta longa estação que seremos chamados a fazer depois que o nosso corpo for encerrado no túmulo.

Georges Gonzales[1]

in Introdução ao seu livro
O que nos espera depois da morte’ 
Ed ECO   Ano ?


[1] Ex-secretário geral da ‘União Espírita Francesa’ em Paris, França.
Ex membro do Comitê executivo da ‘Federação Espírita Internacional’.


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