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sexta-feira, 25 de maio de 2012

Kardec e o Método


Kardec
e o Método


            Ao considerar a obra monumental elaborada pelo Codificador, é  natural vá a atenção concentrar-se no conteúdo, tamanha a atração exercida sobre as mentes que percorrem suas páginas em busca de um norte para os passos incertos nos carreiros do mundo. Mas, depois de saciada a fome de esclarecimentos, volta-se a alma refeita para a imponência da obra, e da imponência dela para o vulto que soube concebe-la e executa-la com tanta mestria. A figura de Kardec desponta em toda a sua grandeza, granjeando a admiração e o respeito de todos aqueles que o vêm conhecer através de suas obras.

            Para os espíritas, portanto, as inspirações não são encontradiças apenas no conteúdo da codificação kardequiana, mas também na forma como foi ela vazada, dado que, embora avaliando devidamente a estatura moral e espiritual daquele que recebeu a incumbência de ser, entre os homens, o intérprete do Consolador, ressaltam da obra as qualidades de pedagogo exímio por ele demonstradas, na maneira magistral como soube ordenar, coordenar, concatenar e desdobrar os mais transcendentes assuntos, aplanando assim os caminhos e facilitando os passos de todos aqueles que por eles se põem a desbravar os terrenos da ciência das ciências.

            Se Kardec, codificador e mestre emérito, empregou os métodos por ele utilizados para veicular, em primeira mão, as noções basilares da Doutrina Espírita, será de indagar por que os espíritas, ao se entregarem ao afã de difundirem as mesmas noções, dão mostras do desprezo por esses métodos, uma vez que valorizam, de forma extremada, os que estão em voga nas atividades escolares do mundo.

            O “Reformador”, em variadas  oportunidades, e de diversos modos, já  tem acentuado que tal preferência não parece muito condizente com o espírito da Doutrina Espírita, visto que a escola do mundo é eminentemente pragmatista, utilitarista, imediatista e materialista. O Evangelho já adverte, na palavra do Mestre dos mestres, que “não se mete vinho novo em odre velho”, advertência que anteciparia a impropriedade de difundir as coisas do espírito através dos métodos materialistas, por muito respeitáveis e racionais que eles sejam.

            E se, em contrapartida, assaltar ao estudioso a hesitação quanto aos métodos a empregar para esse desiderato, é de lembrar que a dúvida só poderia ser fruto da distração, eis que o Codificador não se embaraçou com essa questão: utilizou desde logo os meios adequados e, além de utiliza-los, deu-lhes o devido realce em todos os passos de sua obra em que abordou o assunto.

            Métodos para difundir o Espiritismo ai estão, portanto, e indicados pelo próprio Codificador.  Nesse ponto, os espíritas precisam valorizar as simples conversações, tal como o ressalta Kardec. Porém, se há interesse ou conveniência de lançar mão de métodos de ação em maior escala, emergirá, na primeira plana, aquele em que está estruturado esse portento que é “O Livro dos Espíritos”. Nele e por ele se aprenderá; “ab Initio”, que o Espiritismo não cuida de quantificar as criaturas, e sim de qualificá-las.


Editorial
Reformador’ (FEB)
Maio 1974





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