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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

05 Estudar e... Estudar


05  Estudar e... Estuda
por J D Innocêncio

“Reformador” (FEB)  -   Julho de 1981

"Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão,
em todas as épocas da Humanidade."
Allan Kardec

            Nesta série de artigos enfocando o entrosamento entre Kardec e Roustaing, temos procurado  focalizar pronunciamentos referentes ao único ponto em que haveria discordância (que sabemos ser apenas aparente), entre os ensinamentos trazidos pelos dois missionários acima citados, ou seja, o de que o corpo do Mestre Jesus era um "agênere".

            É compreensível que alguns leitores julguem desnecessário voltar ao assunto, pois o que deveria ser escrito já o foi e, sem dúvida, por pessoas de maior gabarito. Acontece, porém, que muitas pessoas que se estão aproximando da Doutrina Espírita agora, principalmente jovens, não tiveram acesso à literatura específica. E, portanto, desconhecem os ensinamentos contidos na obra "Os Quatro Evangelhos", de responsabilidade de Roustaing e mediunidade da Sra. Collignon, Por isso, relevem-nos a repetição.

            Exemplificaremos com um caso recente. Uma jovem ligada à "Mocidade" de uma Instituição Espírita procurou inteirar-se do assunto na residência de um casal espírita (onde se estuda regularmente o Evangelho do Senhor Jesus, à luz da Doutrina Espírita, com base nos ensinamentos codificados por Kardec-Roustaing). Jamais tivera oportunidade de ler, e muito menos de estudar, a respeito. Obras como "Os Quatro Evangelhos", de Roustaíng : "Elucidações Evangélicas", de Antônio Luiz Sayão; "Jesus perante a Cristandade", de Bittencourt Sampaio: "A Personalidade de Jesus", de Leopoldo Cirne ; "Elos Doutrinários", de Ismael Gomes Braga e tantas outras, jamais foram focalizadas nessa "Mocidade". Tem grande admiração por Bezerra de Menezes, outro missionário da Seara do Cristo, mas, ignorava que ele seguia a orientação Kardec-Roustaing,

            Desconhecem essas pessoas, provavelmente, o pronunciamento de Bezerra de Menezes, através da "Gazeta de Notícias", de 22 de abril de 1897, inserto em "Elucidações Evangélicas", de Antônio Luiz Sayão, 4ª ed. FEB, 1957, pp. 36 e 37, do qual extraímos o trecho a seguir transcrito:

            "Eis aí que já apareceu Roustainq, o mais moderno missionário da lei, que em muitos pontos vai além de Allan Kardec, porque é inspirado como este, mas teve por missão dizer o que este não podia, em razão do atraso da Humanidade.

            Não divergem no que é essencial, mas sim nos modos de compreender a verdade, porque esta, sendo absoluta, nos aparece sob mil fases relativas - relativas ao nosso grau de adiantamento intelectual e moral, que um não pode dispensar o outro, como as asas de um pássaro não se podem dispensar, para o fim de ele se elevar às alturas. (Destaques nossos.)

            Roustaing confirma o que ensina Allan Kardec, porém adianta mais que este, pela razão que já foi exposta acima.

            É, pois, um livro precioso e sagrado o de Roustaing; mas o autor, não possuindo, como homem, a vantagem que faz sobressair o trabalho de Kardec, de clareza e concisão, torna-o bem pouco acessível às inteligências de um certo grau para baixo."         .

            Possivelmente desconhecem, também, o pronunciamento de Leymarie (sucessor de Allan Kardec, na direção da "Revista Espírita"), em outubro de 1883:

            "Os discípulos de Allan Kardec, sem nada prejulgarem a tal respeito, deixando a cada um o cuidado de apreciar, estão, não obstante, convencidos de que esse lógico emérito, Allan Kardec saberia hoje tirar partido mais racional, mais avançado de uma revelação que lhe foi especialmente feita, se tivesse tido à mão as experiências decisivas dos sábios de todas as ordens, tais como Wallace, Zoellner, William Crookes com Katie King e outros médiuns, que lhes forneciam provas da materialização e desmaterialização quase instantânea de um espírito.
            Allan Kardec não possuía então, para a sua demonstração, senão bases inteiramente hipotéticas, não se tendo ainda os fenômenos de materialização e tangibilidade produzido sob os aspectos que a ciência tem podido abranger depois da morte material do mestre." ("A Personalidade de Jesus", de Leopoldo Cirne, 3ª ed. FEB, 1976, pp. 67/68.)

            Talvez não tenham lido mensagens de Allan Kardec, desencarnado. Mensagens sobre diversos assuntos doutrinários, inclusive quanto à "corporeidade" do nosso Mestre Jesus, Através de vários médiuns, em diferentes lugares, inclusive no Brasil.

            Em 1893, à Federação Espírita Brasileira publicou com o título "Ditados de Allan Kardec", diversas mensagens do Codificador, agrupando-as em dois capítulos:

I) "Exortação ao Estudo, à Caridade e à Unificação" e

II) "Estudos sobre Obsessões". Recebidas na "Sociedade Espírita Fraternidade", no Rio de Janeiro, nos anos de 1888 e 1889, através do médium Frederico Júnior. Após algumas edições, para distribuição gratuita, foram as mencionadas mensagens incluídas na obra "A Prece", cuja tiragem alcançou, em 1980, o 648º milheiro, computadas apenas as edições da FEB e em português! (FEB, 1980, 34ª edição.)

            Há uma comunicação de Allan Kardec, ditada em 30 de março de 1924, confiada à "Revista Espírita", pelos "Anais do Espiritismo", de Rochefort-sur-Mer (França), inserida no seu número de julho do mesmo ano, analisando os progressos feitos pela Doutrina (citado no "Diário dos Invisíveis", pp. 12/13). Nela colhemos o trecho :

            "Com grande alegria eu vejo um raio luminoso aclarando alguns sábios que, tendo, a princípio, repelido os fatos com desdém, depois, com atenção, vão reconhecendo, a sua realidade."

            Na obra "Diários dos Invisíveis" (1927), psicografada pela médium Zilda Gama, das mensagens publicadas, dezoito são de Allan Kardec (período 1913/1914).

            Numa das dezoito mensagens, com o título de "O Corpo de Jesus", é focalizado o assunto da
"corporeidade" do Mestre Jesus. São 19 páginas (202 a 220, 2ª edição, Editora "O Pensamento", 1943) de análise e de elucidações, com a lucidez e a concisão que lhe valeram, quando no plano material, o cognome de "o bom senso encarnado".

            Dessa mensagem extraímos o trecho:

            "Jesus - cujo nascimento foi previsto pelos profetas das eras pré-históricas, os primeiros instrutores da humanidade, os primeiros receptores das mensagens dos núncios divinos - quando baixou à Terra, não era mais um ser materializado, sujeito às enfermidades, às contingências fisiológicas." 


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