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terça-feira, 20 de dezembro de 2011

01 Estudar e... Estudar


01  Estudar e... Estuda
por J D Innocêncio

“Reformador” (FEB)  -   Março  de 1981

"Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão,
em todas as épocas da Humanidade." Allan Kardec


            Ultrapassada a fase da leitura sem maiores compromissos, quando alcançada a do estudo, que leva à pesquisa e à meditação, enfrenta o espírita uma série de surpresas, dentre as quais pretendemos focalizar algumas.

            Quantas vezes terá lido o capítulo VII, da 2ª Parte, de "O Livro dos Médiuns", intitulado: Da bicorporeidade e da transfiguração? E passado adiante, apesar da redação do item 125:

            "Resta-nos falar do singular fenômeno dos agêneres que, por muito extraordinário que pareça à primeira vista, não é mais sobrenatural do que os outros. Porém, como o explicamos na Revue Spirite (fevereiro de 1859), julgamos inútil tratar dele aqui, pormenorizadamente. Diremos tão-somente que é uma variedade da aparição tangível. É o estado de certos Espíritos que podem revestir momentaneamente as formas de uma pessoa :viva, ao ponto de causar completa ilusão. (Do grego a privativo, e geine, geinomaï, gerar que não foi gerado.)"

            Despertada a curiosidade, verifica o estudioso que em "O Livro dos Médiuns" não está o assunto desenvolvido, pois Allan Kardec, o Codificador da Doutrina Espírita, o considerou plenamente explicado no artigo constante da "Revista Espírita", de fevereiro de 1859. Verifica, também, que a publicação indicada não é de fácil acesso à maioria. Que só há poucos anos foi traduzida para o português, lacuna que deixava os interessados à mercê de informações nem sempre fiéis ao pensamento do Codificador.

            No uso do direito do autor, a que várias vezes se refere em suas obras, Allan Kardec afirma, na introdução do livro "Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas", editado em 1858 e, depois, substituído pelo "Livro dos Médiuns", que:

             "Para os estudos complementares, indicamos "O Livro dos Espíritos" e a “Revista Espírita". No primeiro se encontrará a exposição completa e metódica da Doutrina, tal qual a ditaram os próprios Espíritos, e na segunda, além da relação e apreciação dos fatos, uma variedade de assuntos que só uma publicação periódica comporta. A coleção desra Revista constituirá o repositório mais completo sobre a matéria, em seu tríplice aspecto histórico, dogmático e crítico.”

            Da forma como está redigido o citado capítulo de "O Livro dos Médiuns", focalizando em profundidade os fenômenos de bicorporeidade e de transfiguração, nos itens 114 a 124, e encaminhando os leitores à "Revista Espírita" de fevereiro de 1859, no que tange aos agêneres, leva-nos a afirmar que o pensamento do autor era o de englobar os três fenômenos num só capítulo. Outro fosse o autor e teríamos, provavelmente, o título: "Da bicorporeidade, da transfiguração e dos agêneres".

            Allan Kardec, "o bom senso encarnado", no dizer de Camille Flammarion, achou inútil repetir os detalhes em "O Livro dos Médiuns", na certeza de que os verdadeiros interessados procurariam a fonte por ele indicada.

            No citado número da "Revista Espírita", encontramos o artigo relativo aos agêneres, do qual, na impossibilidade de integral transcrição, passamos a alguns destaques:

            “Se a duração da aparência corporal é limitada para certos Espíritos, podemos dizer que, em princípio, ela é variável e pode persistir mais ou menos tempo; pode produzir-se a qualquer momento e a qualquer hora. Um Espírito cujo corpo fosse inteiramente visível e palpável dar-nos-ia a aparência de um ser humano, poderia conversar conosco, sentar-se em nosso lar, como qualquer visita, pois que o tomaríamos como um de nossos semelhantes" (pp. 39 e 40).

            "Interrogado a respeito, um Espírito superior respondeu que efetivamente podemos encontrar seres de tal natureza, sem que o suspeitemos; acrescentou que isto é raro) masque se vê" (p. 40).

             ( ... ) o agênere propriamente dito não revela a sua natureza e aos nossos olhos não passa de um homem comum; sua aparição corpórea pode ter longa duração, conforme a necessidade, a fim de estabelecer relações sociais com um ou vários indivíduos" (p. 41).

            “O agênere não tem corpo vivo na Terra; apenas seu perispírito toma forma palpável" (p. 43).

            A "Revista Espírita", como se sabe, foi editada por Allan Kardec de janeiro de 1858 a abril de 1869. Por ocasião do lançamento do primeiro número não tinha capital, nem sócios ou assinantes, nem auxiliares. O número de abril de 1869 estava pronto e foi distribuído, apesar de sua desencarnação em 31 de março do mesmo ano.

            No item 105, do capítulo VI - Das manifestações visuais, da 2ª Parte de "O Livro dos Médiuns", encontramos a afirmativa do Codificador de que está entre as propriedades do perispírito a de poder passar por modificações, já que é normalmente invisível, tornando-se visível e até adquirindo a consistência sólida e tangível. Acrescenta ainda, após minuciosa apreciação do assunto, que o conhecimento dessas propriedades é a chave que esclarece de forma simples e racional, tirando o aspecto milagroso ou sobrenatural dos fenômenos espíritas.

            No citado número da "Revista Espírita", o Codificador acrescenta um exemplo de fenômeno de agênere que, para muitos e por falta de estudo, seria sobrenatural ou milagroso.

            Ao contrário do que pensam os que a respeito dos agêneres se limitam às informações constantes de "O Livro dos Médiuns" (capítulo VII, item 125, e capítulo XXXII, Vocabulário espírita) e, por isso, afirmam que os agêneres são de curta duração, Allan Kardec, assistido pela Espiritualidade Superior, ensina o oposto ("Revista Espírita" de fevereiro de 1859, artigo específico por ele indicado no item 125, do capítulo VII, da 2ª Parte de "O Livro dos Médiuns")[1]





O texto do artigo “Esflorando o Evangelho” mencionado na Nota de Rodapé está abaixo:


Auxilios de lo invisible
"Y después de pasar Ia primera y segunda guardía, llega-
ron a Ia puerta de hierro, que da hacia Ia ciudad, Ia cual se
les abríó por sí misma; y habiendo salído, recorrieron una
calle, tras Ia cual, el ángel se apartó de él." - (ACTOS, 12:10.)

  
            Los hombres esperan siempre ansiosamente el auxilio del plano espiritual. No importa el nombre por el cual se designe ese amparo. En Ia esencia, es invariablemente el mismo, a pesar de que entre los espiritistas sea conocido como "protección de los guias" y en los círculos protestantes como "manifestaciones del Espíritu Santo".

            Las denominaciones representan un interés secundario. Lo esencial es considerar que semejante colaboración constituye un elemento vital en Ias actividades del creyente sincero.

            Entretanto, Ia contribución recibida por Pedro en Ia cárcel, representa una lección para
todos.

            Sometido a cadenas pesadísimas, el pescador de Cafarnaum ve aproximarse el ángel del señor, que lo libera, atraviesa en su cornpañia los primeros peligros dentro de Ia prisión, camina al lado del mensajero, a lo largo de una calle; con todo, el emisario se aparta dejándolo nuevamente entregado a su propia libertad, de manera de no desvalorizar sus iniciativas.

            Esa ejemplificación es típica.

            Los auxilios de 10 invisible son irrefutables y jamás fallan en sus multiformes expresiones, en el momento oportuno; pero es imprescindible que el creyente no se envicie con esa especie de cooperación, aprendiendo a caminar solo, usando Ia independencia y Ia voluntad en lo que es justo y útil, convencido de que se encuentra en el mundo para aprender, no le siendo permitido reclamar de los instructores Ia solución de los problemas necesarios a su condición de alumno.

(Mensaje psicografada por el medlum Francisco Cândido Xavier,
extraida del IIbro "Camino, Verdad y Vida", cap. 100, ed. FEB,
traducida al Espanol por Juan A. Durante.)



[1] Chamamos a atenção do leitor para a mensagem de Emmanuel, em "Esflorando o Evangelho", nesta página, onde é lembrado o notável fato ocorrido com Pedro - em perfeita conexão com o assunto deste artigo -, quando o apóstolo foi libertado por um agênere, que tal era, sem dúvida, o anjo (ou Espírito Superior) que o socorrera na prisão: "Sob cadeias pesadíssimas, o pescador de Cafarnaum vê aproximar-se o anjo do Senhor, que o liberta, atravessa em sua companhia os primeiros perigos na prisão, caminha ao lado do mensageiro, ao longo de uma rua; contudo, o emissário afasta-se, deixando-o novamente entregue à própria liberdade, de maneira a não desvalorizar-lhe as iniciativas." (Veja Atos dos Apóstolos, 12:3 a 11). Nota da Redação.

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