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sábado, 31 de dezembro de 2011

31 de Dezembro



31 Dezembro

...É um estado de graça estar contente,
ter da Vida afinal toda a Ciência,
sem ter nada a pesar na consciência
e nunca se sentir de Deus ausente!

 Inaldo Lacerda Lima 
in ‘Lira da Redençaõ”  (1ª Ed  1998  G E E Paulo de Tarso Goiânia Go)

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

O Programa de Ismael



O Programa de
 Ismael

           
            A propósito dos doestos de gratuitos rivais que o combatiam e tentavam suplantá-lo, criticando-lhe, inclusive, o método de ação "muito lento ou muito rápido", Allan Kardec escreveu, em memorável artigo, transcrito no livro "Obras Póstumas" (FEB, 16ª ed., p. 253), as seguintes palavras significativas:

            “Insta não perder de vista que estamos num momento de transição e que nenhuma transição se opera sem conflito. Ninguém, pois, deve espantar-se de que certas paixões se agitem, por efeito de ambições malogradas, de interesses feridos, de pretensões frustradas. Pouco a pouco, porém, tudo isso se extingue, a febre se abranda, os homens passam e as novas ideias permanecem."

            E acrescentou, num outro artigo (ob. cit., p. 347):

             "Uma questão que desde logo se apresenta é a dos cismas que poderão nascer no seio da Doutrina. Estará preservado deles o Espiritismo? Não, certamente, porque terá, sobretudo no começo, de lutar contra as ideias pessoais, sempre absolutas, tenazes, refratárias a se amalgamarem com as ideias dos demais; e contra a ambição dos que, a despeito de tudo, se empenham por ligar seus nomes a uma inovação qualquer; dos que criam novidades só para poderem dizer que não pensam ou agem como os outros, pois lhes sofre o amor-próprio por ocuparem uma posição secundária."

            E escreveu mais (ob. cit., p. 368):

            "Dizer-se alguém espírita, mesmo espírita convicto, não indica, pois, de modo algum, a medida da crença; essa palavra exprime muito, com relação a uns, e muito pouco, relativamente a Outros. Uma assembleia para a qual se convocassem todos os que se dizem espíritas apresentaria um amálgama de opiniões divergentes, que não poderiam assimilar-se reciprocamente, e nada de sério chegaria a realizar, sem falar dos interessados em suscitarem no seu seio as discussões a que ela abrisse ensejo."

            O que aconteceu com Kardec, acontece com a FEB. Alguns gostariam de vê-Ia lançar-se acelerada e temerariamente ao porvir; outros prefeririam contemplá-Ia de costas para o futuro. Há quem a acoime de isolacionista e indiferente; e há quem julgue descobrir, na sua ação moderada e firme, desejos inconfessáveis de açambarcadora hegemonia. Quereriam uns que fosse ela uma Casa anárquica e indisciplinada, a troco de ser de todos; outros a veriam melhor se ela se retirasse a inacessível e silenciosa torre de marfim. A FEB, porém, vigia e opera, lembrada da lição de Jesus a Pedra, quando este lhe veio dizer, arrebatado: "Mestre, chamaram-vos servo de Satanás e reagimos prontamente!" Então, Jesus lhe asseverou que “a melhor réplica é sempre a do nosso próprio trabalho, do esforço útil que nos seja possível". E acrescentou: "De que serviriam as longas discussões públicas, inçadas de doestos e zombarias? Ao termo de todas elas, teríamos apenas menores probabilidades para o triunfo glorioso do amor e maiores motivos para a separatividade e odiosas dissensões. ( ... ) Nas ilusões que as criaturas da Terra inventaram para a sua própria vida, nem sempre constitui bom atestado de nossa conduta o falarem todos bem de nós, indistintamente. Agradar a todos é marchar pelo caminho largo, onde estão as mentiras da convenção. Servir a Deus é tarefa que deve estar acima de tudo e, 'Por vezes, nesse serviço divino, é natural que desagrademos aos mesquinhos interesses humanos." ("Boa Nova", de F. C. Xavier, pelo Espírito Humberto de Campos, FEB, 1H ed., pp. 70 e 71.) 

            Desde que o anjo do Brasil  “escolheu as reservas preciosas da Federação e assentou, dentro dela, a sua tenda de trabalho espiritual", vem sendo a FEB o "porto luminoso de todas as esperanças, entre o Grupo Ismael, que constitui o seu santuário de ligação com os trabalhadores do Infinito, e a Assistência aos Necessitados, que a vincula, na Terra, a todos os corações infortunados e sofredores". ("Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho", de F. C. Xavier, pelo Espírito H. de Campos, FEB, 9ª ed., pp. 221 e 222.) Ela sabe que "a tarefa é vagarosa, mas, de outra forma, seria a destruição e o esforço insensato" (ob. cit., p. 230), mas está tranquila, porque "podem as inquietações da Terra separar, muitas vezes, os trabalhadores humanos no seu terreno de ação; mas a sociedade benemérita, onde se ergue a flâmula luminosa - "Deus, Cristo e Caridade" - permanece no seu porto de paz e de esclarecimento. A sua organização federativa é o programa ideal da Doutrina no Brasil, quando chegar a ser integralmente compreendido por todas as agremiações de estudos evangélicos, no país. A realidade é que, considerada às vezes como excessivamente conservadora, pela inquietação do século, a respeitável e antiga instituição é, até hoje, a depositária e diretora de todas as atividades evangélicas da Pátria do Cruzeiro". (Ob. cit., pp. 222 e 223.)

            Por isso, a FEB resguarda, prudentemente, em sua estrutura orgânica, certos dispositivos defensivos do seu patrimônio espiritual, que nem sempre são por todos compreendidos, mas que se justificam amplamente, como, por exemplo, a competência privativa de seu Presidente para falar por ela e o direito exclusivo de representação do Movimento Espírita Brasileiro, no exterior. O programa da FEB, em lento mas seguro desenvolvimento, através do tempo, é o programa de Ismael e pertence ao próprio Cristo. Não temos nenhum direito de alterá-lo, segundo as nossas idiossincrasias pessoais. Temos apenas o dever sagrado de cumprí-Io.

Editorial “Reformador” (FEB) Dezembro 1977

A Obra é de Deus



A Obra é de Deus
           

            Editorial de “Reformador” (FEB) Outubro 1975


            Já dizia Sêneca:  "Não há vento favorável para aquele que não sabe para onde vai." E, como as multidões desgovernadas buscam líderes, estes aparecem, gerados, muitas vezes, nas sombras, e, pelas sombras manipulados, revelam-se ardilosos profetas do caos.
             
            Assim, numa época em que o ser humano se acha aturdido, os mensageiros da aflição criam novas e tenebrosas filosofias, ou levantam dos arquivos velhas e superadas doutrinas que reapresentam sob roupagens novas que os sofisticados meios de comunicação se incumbem de disseminar por toda parte. Enquanto isso, a mensagem da esperança, o apelo à paz e à reconstrução de nós mesmos não conseguem elevar-se acima do alarido criado pela liberação das paixões. Tudo é permitido; só é proibido proibir.

            Até mesmo o campo das ideias religiosas contaminou-se com o vírus da filosofia da desagregação. Brotam cultos satanistas, organizações dedicadas à bruxaria, à magia, aos mais exóticos e desvairados rituais. Aparecem gurus messiânicos que pregam doutrinas esdrúxulas, pensadores sem rumo que formulam teorizações fantasiosas, enquanto instituições tradicionais, envolvidas no atordoamento generalizado, sem respostas às inquietações espirituais que lhes são endereçadas, derivam para atitudes meramente promocionais, empenhando-se em arregimentar adeptos, como se a quantidade pudesse dispensar a qualidade. Qualquer concessão serve. Qualquer ideologia paralela pode ser incorporada, desde que se ajuste à tônica do momento. É assim que assistimos à pregação da palavra arrancada ao Evangelho, mas não sentida no coração, embutida em posições incongruentes com a moral do Cristo, como a da violência.

            Por que tudo isso? Estaremos à míngua de projetos espirituais viáveis? Não haverá um plano, um modelo filosófico-religioso que seja válido? Claro que o temos na Doutrina dos Espíritos. O modelo proposto pelo grande missionário de Lyon aí está como projeto-síntese da sociedade do futuro, como portal de acesso do caos em que o mundo se precipita rapidamente para o cosmo ordenado com que sonhamos.

            Sim, é possível uma sociedade pacificada, integrada por homens e mulheres evangelizados, conscientes de sua natureza espiritual, da filiação divina e dos laços da fraternidade universal. Não apenas possível, é inevitável, é mesmo inexorável, porque assim o quer a Lei.

            Ao apreciar os primeiros impulsos do Cristianismo nascente, Gamaliel teve a intuição da sua força, a despeito de suas apagadas origens. Quando, mais tarde, abraçou a doutrina do amor, estava convencido, como nunca, da autenticidade da sua palavra inspirada diante do Sinédrio (Atos, 6: 38-39): a obra era de Deus.

            Depois de haver superado tantos testes e pressões, já não mais temos o direito de duvidar da natureza divina da mensagem que o Consolador endereçou ao futuro, um futuro que nos cabe construir com as próprias mãos.

            Allan Kardec, o incansável obreiro da Verdade, fez a sua parte, e, mesmo retornando à Pátria Espiritual, de onde provinha, não se abandonou ao repouso inoportuno. A obra não está concluída; ao contrário, apenas começa. E para que ele não sentisse, ainda no corpo físico, o desencanto do trabalhador responsável que vê chegar a noite antes de ultimada a tarefa do dia, seus amigos espirituais asseguraram--lhe que ele voltaria "em outro corpo" para prosseguir o labor da seara divina.

            Lembrando seu reingresso nas lutas humanas, nos idos de 1804, conscientizemo-nos da presença de Deus na História, do Cristo no Leme dos acontecimentos, e de seus mensageiros entre nós. Tudo está programado. Nada de desespero. Os emissários do Alto pedem-nos serenidade, agora mais do que nunca. Movimentam-se forças apocalípticas, que prenunciam tempestades renovadoras? Pois foi exatamente para esta hora difícil que Espíritos como Kardec trabalharam para nos preparar.

            Estejamos confiantes e tranquilos, embora vigilantes e em prece. A obra é de Deus, o Pastor do rebanho é Jesus, e o modelo do futuro está na Codificação Kardequiana.       



30 de Dezembro


30 Dezembro


 Muito fácil de apontar
A miséria que há na vida,
Quando se tem sobre a mesa
Sobremesa preferida.

  Cornélio Pires 
por Gilberto Campista Guarino 
in ‘Centelhas de Sabedoria”  (1ª Ed FEB 1976)


quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

O Perispírito dos Espíritos Puros


O Perispírito
dos   Espíritos Puros

por Ivo de Magalhães

Reformador (FEB)                Fevereiro 1975      

            Ensinaram-nos os Evangelistas, por intermédio da extraordinária mediunidade da Senhora Collignon, que até mesmo os puros Espíritos são dotados de perispírito, porém de natureza bem diversa daquele que reveste o Espírito dos materialmente encarnados.

            Lemos, com efeito, na obra comumente denominada "Os Quatro Evangelhos", publicada por Jean-Baptiste Roustaing, a seguinte revelação:

            "O perispírito dos Espíritos puros (o grifo é nosso) é, por sua sutileza, de natureza muito diversa, pelo que toca à atração, da do perispírito dos materialmente encarnados, o que lhes torna impossível aderirem à matéria do corpo humano.[1]"

            Já antes, era-nos dito[2]:

            "O aparecimento de Jesus na terra foi uma aparição espírita tangível. O Espírito tomou - segundo as leis naturais que vos acabamos de explicar - todas as aparências do corpo. O perispírito que o envolvia (o grifo é nosso) foi feito mais tangível ..."

            Portanto, Jesus, Espírito puro, para o cumprimento de sua missão terrena, dera mais tangibilidade ao seu perispírito, bastando-lhe, para tanto, atrair a si os fluidos ambientes necessários, conforme adiante se verá.

            Esse ensinamento trouxe, bem o sabemos, alguma preocupação a estudiosos da Doutrina Espírita, pelo fato de haver Bezerra de Menezes, ao tempo em que entre nós ainda se encontrava, declarado:

            "Os anjos, porém, que já não têm perispírito, porque são puros Espíritos, precisam tomar, na ocasião, no infinito seio do fluido universal, o que os revista e os torne visíveis. "

            Na verdade, porém, não há contradição alguma - nem seria lícito admitir que houvesse - entre o que, nos revelaram os Evangelistas, na obra publicada por Roustaing, e o que, para o matutino "O -Paiz", escreveu Bezerra de Menezes, sob o pseudônimo Max, em magnífico artigo reproduzido no "Reformador" de Março do ano passado.

            O grande apóstolo do Espiritismo no Brasil estava justamente aludindo a inúmeros casos, registrados pela História Sagrada, de anjos (Espíritos puros) baixados à Terra em missão, para tanto retirando do fluido universal o que os revestisse e os tornasse visíveis, como bem explicado está em "Os Quatro Evangelhos", onde nos é revelado ainda[3]:  

            "O perispírito pode, com propriedade, ser qualificado de semi material em razão de que, de si mesmo fluídico, pode materializar-se à vontade. É, com relação à vossa matéria, o que é o vapor com relação à água: matéria tênue, porém matéria, capaz de, em dada ocasião, tomar a aparência de matéria compacta. Não lograreis, repetimos, compreender a natureza dessa parte do vosso ser, senão quando a vossa inteligência se houver desenvolvido bastante para sondar as profundezas do éter que vos cerca."

            Que lição sublime! E com que sabedoria nos é ela ministrada! Aprendemos, assim, que o perispírito é "de si mesmo" fluídico, mas pode ser qualificado de semi material pela propriedade que possui de se materializar à vontade. Compreendemos, então, que, não necessitando de contatos materiais, como no caso dos puros Espíritos (quando não baixados em missão, evidentemente), o perispírito, perdendo tudo quanto de material nele se pode conter, torna-se de tal forma espiritualizado, digamos assim, que passa a se confundir, digamos assim também, com o próprio Espírito.

            E é precisamente isso que se depreende das seguintes explicações:

            "Somente o Espírito puro, não mais sujeito a encarnação alguma em qualquer planeta que seja, por já haver atingido a perfeição sideral, dispõe de todos os fluidos, como possuidor que é de uma ciência completa, goza de inteira liberdade e independência e tem a consciência exata da sua origem, seja qual for o perispírito ou corpo fluídico que tome e assimile às regiões que percorra.[4]"  

            "Jesus houvera podido, unicamente por ato exclusivo da sua vontade, atraindo a si os fluidos ambientes necessários, constituir o perispírito ou corpo fluídico tangível que vestiu para surgir no vosso mundo sob o aspecto de uma criancinha.[5]"  

            Destarte, não nos é difícil compreender que Bezerra de Menezes, quando disse não mais terem perispírito os anjos (puros Espíritos), queria, evidentemente, aludir - encarnado que ainda se achava entre nós - ao mediador plástico tal como o possuímos, isto é, semi material, enquanto - os Evangelistas, dizendo-nos que os Espíritos puros também são dotados de perispírito, aludiam, é igualmente evidente, a um envoltório etéreo, composto unicamente de fluidos espirituais, que não perde, contudo, a propriedade de se materializar mais ou menos intensamente quando necessário, para tanto tomando esses Espíritos, "na ocasião, no infinito seio do fluido universal, o que os revista e os torne visíveis", como Bezerra de Menezes bem salientou.

            Estabelecida está, portanto, segundo nos parece, não uma discordância, mas sim uma perfeita identidade entre os ensinamentos contidos em "Os Quatro Evangelhos" e a explicação de Bezerra de Menezes acerca do perispírito dos Espíritos puros. E nem poderia ser de outra maneira, sabido como é haver sido precisamente o "Kardec brasileiro" quem considerou "preciosa e sagrada" a obra publicada por Roustaing [6]  e fê-Ia, quando Presidente da FEB, reproduzir integralmente no "Reformador".

            Essa identidade, aliás, está plenamente sancionada pelo Codificador. De fato, em "O Livro dos Espíritos", faz Allan Kardec a seguinte pergunta, de nº 186:

            "Haverá mundos onde o Espírito, deixando de revestir corpos materiais, só tenha por envoltório "o perispírito?"

            E logo, do Alto, vem a magistral resposta:

            "Há e mesmo esse envoltório se torna tão etéreo que para vós é como se não existisse. Esse o estado dos Espíritos puros." (o grifo é nosso).

            Aí está, dada por quem pode, a explicação clara, cabal, lógica: o envoltório dos Espíritos puros existe - é o que está dito na obra publicada por Roustaing -, mas se torna tão etéreo que, para nós, é como se não existisse. É o que disseram a Kardec os Espíritos superiores!

            Mais uma vez somos levados a considerar o quanto Kardec e Roustaing se completam e a bendizer a sabedoria do Alto, fazendo baixar à Terra, na mesma época e no mesmo país - a França de tantas tradições espirituais -, muito perto um do outro, Kardec em Paris e Roustaing em Bordéus, esses dois excelsos missionários, o primeiro para codificar a Doutrina Espírita e o segundo para divulgar, em espírito e verdade, os ensinamentos contidos nos Evangelhos de Jesus, nos quais, em última análise, está fundamentada essa Doutrina!


[1] Pág. 372 - Vol I da última edição da FEB.
[2] Idem - pág. 167.
[3] Idem - pág. 331.
[4] Idem - pág. 160.
[5] Idem - pág. 161.
[6] “Vida e Obra de Bezerra de Menezes”, de Sylvio Brito Soares – edição da FEB, pág. 99.

29 de Dezembro


29 Dezembro

Deus não castiga, nem pune,
o homem com a violência;
o sofrimento é um pedido
de sua própria consciência.

 Cornélio Pires 
por Clovis H R Coelho 
in ‘Cornélio Pires no Rio Grande”  (G E Messe de Amor  1ª Edição 1992)

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

28 de Dezembro



28 Dezembro


Jesus Cristo administra
nossas crises, com cuidado;
basta ter boa vontade
que apoio te será dado.


 Cornélio Pires 
por Clovis H R Coelho 
in ‘Cornélio Pires no Rio Grande”  (G E Messe de Amor  1ª Edição 1992)


Prossegui...


Prossegui...

            Meus irmãos.

            A fonte deixa correr a linfa pura, que brota de entre as rochas, despreocupada com o emprego que dela farão dali em diante. Por certo se regozijaria se pudesse manifestar emoções com a carícia dos pássaros que lhe beijam o regaço, para de gota em gota mitigar a sede; ou com as lágrimas vertidas pelo viajor exausto, que dela se vale para refrescar o rosto escaldado pela inclemência do Sol e saciar a sede que lhe resseca as entranhas.

            Sois convocados para a sublime missão de, como a fonte, deixar correr de entre vós a linfa cristalina que desce do Céu para dessedentar os que têm sede de Sabedoria Divina.

            Abri os vossos corações, dai curso ao que do Céu recebeis e não vos importeis com o mau uso que dela farão; contentai-vos, amados meus, com o bem que dela fizerem os que receberem com alegria a Mensagem de Vida Eterna.

            Como a fonte, amados do meu Senhor, regozijai-vos com o aproveitamento dos que derem prosseguimento com fidelidade ao que lhes transmitistes. Tanto quanto vos seja possível,limpai o caminho para que ela possa alcançar o mais longe possível sem se contaminar.

            Os obreiros da Vinha do Senhor, que vos antecederam, da mesma forma como hoje, tiveram de defrontar-se com os detratores que procuraram impedir o curso normal das mensagens do Meigo Nazareno, mas apesar destes as mensagens prosseguem a sua jornada vitoriosa, levando no seu bojo inclusive os que tentaram impedir-lhe a marcha.

            Prossegui, amados do meu Senhor, levantando bem alto o estandarte do Anjo Ismael, que proclama o lema DEUS, CRISTO E CARIDADE.

            Vossa irmã em Jesus Senhor Nosso,

                                                                  Celina
 (Página recebida na FEB, no Rio de Janeiro-RJ,
 na reunião do Grupo Ismael da noite de 6-8-1981, 
pelo médium Olímpio Giffoni.)


10 (e final) Estudar e ... Estudar


10 (e final)
Estudar e... Estuda
por J D Innocêncio

“Reformador” (FEB)  -    Dezembro de 1981

"Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão,
em todas as épocas da Humanidade."
Allan Kardec

            André Luiz na obra mediúnica "Evolução em dois Mundos", psicografada por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, 5ª ed. FEB, 1979, páginas 90/91, no capítulo "Monoideísmo e Reencarnação", nos apresenta extraordinários esclarecimentos quanto aos Espíritos que perdem o próprio corpo espiritual ou perispírito, o que nos leva a transcrevê-lo:

            "Ressurgir na própria taba e renascer na carne, cujas exalações lhe magnetizam a alma, constituem aspiração incessante do selvagem desencarnado.

            Estabelece-se nele o monoideísmo pelo qual os outros desejos se lhe esmaecem no íntimo. Pela oclusão de estímulos outros, os órgãos do corpo espiritual se retraem ou se atrofiam, por ausência de função, e se voltam, instintivamente, para a sede do governo mental, onde se localizam, ocultos e definhados, no fulcro dos pensamentos em circuito fechado sobre si mesmos, quais implementos potenciais do germe vivo entre as paredes do ovo.

            Em tais circunstâncias, se o monoideísmo é somente reversível através da reencarnação, a criatura humana desencarnada, mantida a justa distância, lembra as bactérias que se transformam em esporos quando as condições de meio se Ihes apresentam inadequadas, tornando-se imóveis e resistindo admiravelmente ao frio e ao calor, durante anos, para regressarem ao ciclo de evolução que lhes é peculiar, tão logo se identifiquem, de novo, em ambiente propício.

            Sentindo-se em clima adverso ao seu modo de ser, o homem primitivo, desenfaixado do envoltório físico, recusa-se ao movimento na esfera extrafísica, submergindo-se lentamente, na atrofia das células que lhe tecem o corpo espiritual, por monoídeísmo auto-hipnotizante, provocado pelo pensamento fixo-depressivo que lhe define o anseio de retorno ao abrigo fisiológico.

            Nesse período, afirmamos habitualmente que o desencarnado perdeu o seu corpo espiritual, transubstanciando-se num corpo ovóíde o que ocorre, aliás, a inúmeros desencarnados outros, em situação de desequilíbrio, cabendo-nos notar que essa forma, segundo a nossa maneira atual de percepção, expressa o corpo mental da individualidade, a encerrar consigo, conforme os princípios ontogenéticos da Criação Divina, todos os órgãos virtuais de exteriorização da alma, nos círculos terrestres e espirituais, assim como o ovo, aparentemente simples, guarda hoje a ave poderosa de amanhã, ou como a semente minúscula, que conserva nos tecidos embrionários a árvore vigorosa em que se transformará no porvir."

            É, ainda, em André Luiz, que vamos colher novos subsídios quanto à perda do perispírito. Do livro "Libertação", psicografado por Francisco Cândido Xavier, 8ª ed. FEB, 1980, transcrevemos alguns tópicos, sugerindo a leitura completa dos capítulos "Observações e novidades" (págs. 79/89) e "Quadro doloroso" (págs. 90/100).

            "Ante o intervalo espontâneo, reparei, não longe de nós, como que ligadas às personalidades sob nosso exame, certas formas indecisas, obscuras. Semelhavam-se a pequenas esferas ovoides, cada uma das quais pouco maior que um crânio humano. Variavam profusamente nas particularidades. Algumas denunciavam movimento próprio, ao jeito de grandes amebas, respirando naquele clima espiritual; outras, contudo, pareciam em repouso, aparentemente inertes, ligadas ao halo vital das personalidades em movimento.

            Fixei, demoradamente, o quadro, com a perquirição do laboratorista diante de formas desconhecidas.

            Grande número de entidades, em desfile nas vizinhanças da grade, transportavam essas esferas vivas, como que imantadas às irradiações que lhes eram próprias." (Ob. cit.) pág. 84.)

            - "E se consultarmos esses esferóides vivos? ouvir-nos-ão? possuem capacidade de sintonia?
            Gúbio atendeu, solicito:
            - Perfeitamente, compreendendo-se, porém, que a maioria das criaturas, em semelhante posição nos sítios inferiores quanto este, dormitam em estranhos pesadelos. Registram-nos os apelos, mas respondem-nos, de modo vago, dentro da nova forma em que se segregam, incapazes que são, provisoriamente, de se exteriorizarem de maneira completa, sem os veículos mais densos que perderam, com agravo de responsabilidade, na inércia ou na prática do mal. Em verdade, agora se categorizam em conta de fetos ou amebas mentais, mobilizáveis, contudo, por entidades perversas ou rebeladas. O caminho de semelhantes companheiros é a reencarnação na Crosta da Terra ou em setores outros de vida conqênere, qual ocorre à semente destinada à cova escura para trabalhos de produção, seleção e aprimoramento." (Ob. cit., págs. 88/89.)

            "Sim, entendia, por experiência própria, o valor da vida corporal na Crosta Planetária; contudo, ali, diante dos esferóides vivos, tristes mentes humanas sem apetrechos de manifestação, meu respeito ao veículo de carne cresceu de modo espantoso. Alcancei, então, com mais propriedade, o sublime conteúdo das palavras do Cristo: "andai, enquanto tendes luz." (Ob. cit., pág. 89.)

            "Percebi que a infeliz se cercava de três formas ovoides, diferençadas entre si nas disposições e nas cores, que me seriam, porém, imperceptíveis aos olhos, caso não desenvolvesse, ali, todo o meu potencial de atenção.

            Reparo, sim – expliquei, curioso - a existência de três figuras vivas, que se lhe justapoem ao períspirito, apesar de se expressarem por intermédio de matéria que me parece leve gelatina, fluida e amorfa.
            Elucidou Gúbio, sem detença:
            - São entidades infortunadas entregues aos propósitos de vingança e que perderam grandes patrimônios de tempo, em virtude da revolta que lhes atormenta o ser. Gastaram o perispírito, sob inenarráveis tormentas de desesperação, e imantam-se naturalmente à mulher que odeiam, irmã esta que, por sua vez, ainda não descobriu que a ciência de amar é a ciência de libertar, iluminar e redimir."  (Ob, cit., pág. 95.)

            "( ... ) Os impiedosos adversários prosseguiram na obra deplorável e, ainda mesmo depois de perderem a organização perispirítica aderiram a ela, com os princípios de matéria mental em que se revestem. (Ob. cit., pág. 98.)

            "Libertação" apareceu em 1949 (hoje em 8ª edição, atingindo a tiragem de 90.000) e "Evolução em dois Mundos", em 1959 (atualmente na 5ª edição, alcançando a tiragem de 65.000). Nelas apareceu, segundo pensamos, e pela primeira vez, a palavra "ovóide" para designar Espírito temporariamente sem corpo espiritual.

            Aproximadamente um século antes (1865) aparecia na França a obra mediúnica "Os Quatro Evangelhos", psicografada pela Sra. Collignon e à questão n" 58, formulada por Roustaing:  

            "Haveis dito que os Espíritos destinados a ser humanizados, por terem errado muito gravemente, são lançados nas terras primitivas, virgens ainda do aparecimento do homem, do reino humano, mas preparadas e prontas para essas encarnações e que aí encarnam em substâncias humanas, às quais não se pode dar propriamente o nome de corpos, nas condições de macho e fêmea, aptos para a procriação e para a reprodução. Quais as condições dessas substâncias humanas?"

            Esclareceu a Espiritualidade Superior:

            "São corpos rudimentares. O homem aporta a essas terras no estado de esboço, como tudo que se forma nas terras primitivas. O macho e a fêmea não são nem desenvolvidos, nem fortes, nem inteligentes.
            Mal se arrastando nos seus grosseiros invólucros, vivem, como os animais, do que encontram no solo e lhes convenha. As árvores e o terreno produzem abundantemente para a nutrição de cada espécie. Os animais carnívoros não os caçam. A previdência do Senhor vela pela conservação de todos. Seus únicos instintos são os da alimentação e os da reprodução. As gerações se sucedem desenvolvendo-se. As formas se vão alongando e tornando aptas a prover às necessidades que se multiplicam. Mas, não é nossa tarefa traçar aqui a história da Criação.

            O Espírito vai habitar corpos formados de substâncias contidas nas matérias constitutivas do planeta. Esses corpos não são aparelhados como os vossos, porém os elementos que os compõem se acham dispostos por maneira que o Espírito os possa usar e aperfeiçoar.

            Não poderiamos compará-los melhor do que a criptógamos carnudos. Podeis formar ideia da criação humana, estudando essas larvas informes que vegetam em certas plantas particularmente nos lírios. São massa quase inerte, de matérias moles e pouco agregadas que rasteja, ou antes desliza, tendo os membros, por assim dizer, em estado latente." (Tomo Primeiro, págs. 312/313, 5ª ed. FEB, 1971.)

            Criptógamos carnudos.
            Ovóides.
            Quedas espirituais.
            Encarnações.
            Reencarnações.
            Libertações espirituais.

            Estudar e ... estudar é a solução.





09 Estudar e ... Estudar



09  Estudar e... Estuda
por J D Innocêncio

“Reformador” (FEB)  -   Novembro de 1981

"Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão,
em todas as épocas da Humanidade."
Allan Kardec



 Em "O Livro dos Espíritos", Parte Segunda, encontramos, nos capítulos IX - "Da intervenção dos Espíritos no mundo corporal" e X - "Das ocupações e missões dos Espíritos", os esclarecimentos indispensáveis à compreensão do entrelaçamento de encarnados e desencarnados, no cumprimento de missões importantes.

Esse entrelaçamento está bem nítido no preparo da Codificação do Espiritismo, por Allan Kardec, e na consolidação da fé, por Roustaing. E mais, há grande semelhança na evolução dos acontecimentos.

Respeitando o espaço que nos é permitido ocupar, sintetizaremos algumas dessas semelhanças, indicando as fontes onde os estudiosos poderão completar suas pesquisas .

I - INICIAÇÃO

Allan Kardec, na página intitulada "A minha primeira iniciação no Espiritismo" ("Obras Póstumas", Segunda Parte, p.p. 265/271), narra que a primeira vez que ouviu falar nas mesas girantes foi em 1854, através do magnetizador Sr. Fortier. Que tempos depois encontrou a mesma pessoa, que voltou a lhe falar do assunto, acrescentando que as mesas não só giravam e andavam, mas, também, "falavam". Nessa oportunidade disse o Codificador aquela frase muito conhecida no meio espírita: "Só acreditarei quando o vir e quando me provarem que uma mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir e que possa tornar-se sonâmbula."

No ano seguinte, 1855, acontecem-lhe vários fatos significativos. Logo no início encontra um amigo antigo, o Sr. Carlotti, que lhe fala dos mesmos fenômenos. Em maio, acompanhado do Sr. Fortier, comparece à casa da sonâmbula Sra. Roger e lá encontra o Sr. Pâtier e a Sra. Plainemaison, que lhes falam igualmente dos fenômenos das mesas girantes. A seguir, aceita o convite que lhe fora feito e passa a tomar parte nas experiências realizadas na casa da Sra. Plainemaison. Aí assiste, pela primeira vez, à realização do fenômeno. Posteriormente, conhece a família Baudin e passa a frequentar as reuniões que a mesma realizava, com o concurso da mediunidade das duas Srtas. Baudin, que escreviam numa ardósia com o auxílio de uma cesta.

Em 1856 acompanha, também, as reuniões na casa do Sr. Roustan, que tinha como medianeira a Srta. Japhet. Nessa época, já colhera o material que viria a constituir "O Livro dos Espíritos".

Roustaíng, no Prefácio de "Os Quatro Evangelhos", relata que, em janeiro de 1861, um distinto clínico lhe falara da possibilidade das comunicações entre os dois planos de vida e, também, do surgimento do Espiritismo, como consequência desse intercâmbio. Não acreditou. Foi estudar. Começou pelo "O Livro dos Espíritos" e "O Livro dos Médiuns" e aí tudo se modificou. Passa à filosofia profana e religiosa, antiga e moderna. Relê o "Antigo Testamento" e o "Novo Testamento". A seguir, entra na fase da experimentação e da observação através de diversos médiuns.

Em 23 de junho de 1861 roga e obtém manifestações de diversos Espíritos: João Batista, seu pai e seu guia espiritual (na época, era usual dar um patrono ao recém-nascido, no caso, João Batista). O médium ignorava tal rogativa. A 30 do mesmo mês, recebe orientação de Pedro, o Apótolo, através de manifestação espontânea.

Em dezembro conhece a Sra. Collignon, a quem visitara para ver um quadro mediúnico por ela desenhado. Dias depois volta à casa da médium para agradecer-lhe a gentileza anterior e, quando já se retirava, uma entidade deu sinal de que desejava comunicar-se. A médium, atendendo ao pedido, passa a escrever mecanicamente. A mensagem os convoca para o trabalho na Seara do Cristo, a começar pela elaboração de uma grande obra mediúnica ("Os Quatro Evangelhos").

II - ORIENTAÇÕES MEDIúNICAS

Allan Kardec, em 11 de dezembro de 1855, perguntou se poderia concorrer para a propagação dos ensinos dos Espíritos e, diante da resposta afirmativa, inquiriu por que meios poderia fazê-lo, obtendo a seguinte orientação: "Sabê-lo-ás mais tarde; enquanto esperas, trabalha." (Ob. cit., página 273.)

Em 25 de março de 1856, o seu protetor se identifica, a seu pedido, dizendo que o chamasse de "A Verdade"; acrescentando que todos os meses estaria à sua disposição, por um quarto de hora, aduzindo uma série de observações quanto ao que ele escrevia, na época, e que era preciso refazer determinado trecho. (Ob. cit., p. 274;)

Roustaing, da mesma forma, é concitado a trabalhar e é avisado de que quando chegasse a hora de ser publicada a obra ele seria notificado,

III - ORIENTAÇÕES QUANTO A PUBLICAÇÕES

Allan Kardec, a 15 de novembro de 1857, consulta a respeito de sua intenção de iniciar uma publicação espírita ("Revista Espírita") e é orientado. "Consegui-lo-ás, com perseverança. A ideia é boa; preciso se faz, porém, deixá-Ia amadurecer mais." Quanto ao receio de que outros se antecipassem, a resposta foi: "Importa andar depressa." No que se referia a admitir um possível colaborador na tarefa nova, eis a orientação: -"Age com ou sem o seu concurso; não te consumas por sua causa. Podes prescindir dele." (Ob. cit., p. 293.)

Em sessão íntima, médium Sr. D ... , realizada em 9 de setembro de 1867, é focalizada a obra em que Allan Kardec então trabalhava. Dessa mensagem transcrevemos: "Primeiro, duas palavras com relação à obra em preparo. Como já o temos dito muitas vezes, urge pô-Ia em execução sem demora e apressar-lhe quanto possível a publicação. É preciso que a primeira impressão já se tenha produzido nos espíritos, quando estalar o conflito europeu." À pergunta: "Se nenhum contratempo sobrevier, a obra poderá aparecer em dezembro. Prevês obstáculos?" veio a resposta: "Não prevejo dificuldades intransponíveis. A tua saúde seria a principal; por isso é que te aconselhamos incessantemente que não te descuides dela. Quanto a obstáculos exteriores, nenhum pressinto de natureza séria." (Ob, cit., p. 332.)

Da comunicação de 4 de julho de 1868, transcrevemos o primeiro parágrafo: "Vão em bom andamento os teus trabalhos particulares; prossegue na reimpressão da tua última obra; faze a tua tábua geral para o fim do ano; é coisa de utilidade e, quanto ao mais, descansa em nós." (Ob. cit., p.p. 334/335.)

Roustaing registra: "Em maio de 1865 todos os materiais estavam preparados, tanto a respeito dos Evangelhos, como dos Mandamentos. O aviso de dar a conhecer aos homens, de publicar a obra da revelação, me foi espontânea e mediunicamente transmitido em termos precisos."

Muito mais poderia ser focalizado. As obras aí estão. O estudioso combinará o exame das obras de Allan Kardec, inclusive "Obras Póstumas", com o da obra "Os Quatro Evangelhos", de Roustaing, e poderá encontrar a chave que facilita a compreensão da Verdade relativa ao alcance da Humanidade. Verdade progressiva e não absoluta. Verdade que liberta a mente humana!

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

27 de Dezembro



27 Dezembro

 Trata os irmãos atacados
Da cólera e irritação,
A compressas de silêncio
E bálsamos de oração.

Casimiro Cunha 
por Chico Xavier
in ‘Gotas de Luz”  (FEB  4ª Edição 1977)

08 Estudar e... Estudar




08  Estudar e... Estuda
por J D Innocêncio

“Reformador” (FEB)  -   Outubro de 1981

"Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão,
em todas as épocas da Humanidade."
Allan Kardec

Emmanuel, através da psicografia de Francisco Cândido Xavier, na página intitulada "Pelo Evangelho", prefaciando a obra "Vida de Jesus", de Antônio Lima (FEB, 1979, págs. 12 a 21), afirmou:

“Fora ridículo proibir-se a elucidação. O que será de evitar-se, zelosamente, é a azedia da polêmica.”

           É, exatamente, o que temos procurado fazer nesta série de artigos em que, na realidade, a nossa parte é mínima, pois se resume no trabalho de pesquisa e de transcrição, movendo-nos o intuito único de colaborar com os que se interessam pelo conhecimento da Boa Nova, trazida pelo Senhor Jesus.


           Recentemente encontramo-nos com um confrade e companheiro de labuta numa repartição pública. Assunto principal, como não poderia deixar de ser, a doutrina que ambos esposamos.


Relembradas atividades desenvolvidas em conjunto no passado, focalizados alguns eventos recentes, em destaque as últimas publicações espíritas, vem à baila o "Estudar e. .. estudar", com a observação: Tenho lido (diz-nos o confrade), mas, não concordo. Sou kardecista e você roustanguista ... Ao que lhe respondemos, de pronto: Também somos seguidores da Doutrina codificada por Allan Kardec.

Não há lugar para confronto!

           O fato de alguns espíritas não aceitarem as ideias constantes de "Os Quatro Evangelhos" é questão de foro íntimo, é o uso do direito inalienável de cada um pensar livremente. Tanto assim que, embora se digam seguidores de Kardec, não levam em consideração os pronunciamentos do Codificador aceitando a obra, deixando para homologação futura apenas um ponto: o corpo fluídico ("agênere") do Senhor Jesus, assunto hoje superado com os pronunciamentos repetidos da Espiritualidade Superior, inclusive do próprio Allan Kardec, como temos focalizado nesta série de artigos.


O Codificador, e ninguém melhor do que ele, afirmou que a obra "Os Quatro Evangelhos" "( ... ) É um trabalho considerável e que tem, para os espíritas, o mérito de não estar, em nenhum ponto, em contradição com a doutrina ensinada pelo "O Livro dos Espíritos" e o dos "Médiuns" ("Revista Espírita", junho de 1866, págs. 188/190). É ainda o Codificador que, coerente com o que escrevera na "Revista Espírita", de fevereiro de 1859, pág. 40: "Interrogado a respeito, um Espírito superior respondeu que efetivamente podemos encontrar seres de tal natureza ("agêneres"), sem que o suspeitemos; acrescentou que isto é raro, mas que se vê." Na pág. 42, do mesmo artigo, transcreve as 16 perguntas feitas a S. Luiz a respeito do assunto e as respectivas respostas, das quais destacamos um trecho: "(. .. ) por vezes existem na Terra Espíritos que revestiram essa aparência ("agêneres") e são tomados como homens", coerente repetimos, acrescenta no citado artigo da "Revista Espírita", de junho de 1866, apreciando a ideia de que o corpo do Senhor Jesus era um "agênere" (págs. 188/190):

"Nisso nada há de materialmente impossível PARA QUEM QUER QUE CONHEÇA AS PROPRIEDADES DO ENVOLTÓRIO PERISPIRITUAL"  (o destaque é nosso).

Da mesma forma existem os que pretendem uma Doutrina Espírita sem os Espíritos! Também a estes o Codificador orientou na devida oportunidade, o que não impede que aqui e ali surjam apologistas de tal ideia. Na "Revista Espírita", de abril de 1866, o insigne Codificador focalizou o assunto num artigo intitulado "O Espiritismo Sem os Espíritos". Desse artigo (págs. 108/111) transcrevemos três trechos:

"Os Espíritos podem dividir-se em duas grandes categorias: os que, chegados ao mais alto ponto da escola, deixaram definitivamente os mundos materiais, e os que, pela lei da reencarnação, ainda pertencem ao turbilhão da humanidade terrena:"

 (... ) O Espiritismo é o resultado do ensinamento dos Espíritos; de tal sorte que, sem as comunicações dos Espíritos não haveria Espiritismo."

            (. .. ) Coma dissemos, as comunicações dos Espíritos fundavam o Espiritismo. Repeli-Ias depois de as haver aclamado é querer sapar o Espiritismo pela base, tirar-lhe o alicerce."


            Há os que negam valor às preces. O que não impede que se considerem cristãos e espíritas. No entanto, em "O Evangelho segundo o Espiritismo", capítulo XXVII, "Pedi e obtereis", Allan Kardec, partindo de passagens evangélicas, enaltece o valor da prece e, no item 6, primeiro parágrafo, escreve:


“Há quem conteste a eficácia da prece, com fundamento no princípio de que, conhecendo Deus as nossas necessidades, inútil se torna expor-lhas. E acrescentam os que assim pensam que, achando-se tudo no Universo encadeado por leis eternas, não podem as nossas súplicas mudar os decretos de Deus."

             É, ainda, nesse capítulo (item 8, último parágrafo) que encontramos esta extraordinária passagem elucidativa, no que tange à existência de "agêneres" de longa duração:


“Se o anjo que acompanhou a Tobias lhe houvera dito: “Sou enviado por Deus para te guiar na tua viagem e te preservar de todo perigo", nenhum mérito teria tido Tobias. Fiando-se no seu companheiro, nem sequer de pensar precisava. Essa a razão por que o anjo só se deu a conhecer ao regressarem." (FEB, 82ª edição, 1981.)

Os três assuntos: a natureza extra-humana de Jesus (sem confundi-Ia com Deus), a mediunidade entre os dois planos de vida e a eficácia da prece estão presentes na história da Humanidade, de todas as épocas.

Registrados em o Velho Testamento.

Confirmados em o Novo Testamento.

Consolidados com a Doutrina Espírita.

"Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel" (Isaías, cap. 7, verso 14.)

"Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-Ia. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai."  (João, cap. 10, verso 17 e 18.)

"E Pilatos se maravilhou de que já estivesse morto. E, chamando o centurião, perguntou--lhe se já havia muito que tinha morrido. E, tendo-se certificado pelo centurião, deu o corpo a José." (Marcos, cap. 15, verso 44 e 45.)

"Os Espíritos do Senhor, que são as virtudes dos Céus, qual imenso exército que se movimenta ao receber as ordens do seu comando, espalham-se por toda a superfície da Terra e, semelhantes a estrelas cadentes, vêm iluminar os caminhos e abrir os olhos aos cegos. Eu vos digo, em verdade, que são chegados os tempos em que todas as coisas hão de ser restabelecidas no seu verdadeiro sentido, para dissipar as trevas, confundir os orgulhosos e glorificar os justos." (1º e 2º parágrafos do Prefácio, do Espírito de Verdade, em "O Evangelho segundo o Espiritismo".)

As transcrições do Velho e do Novo Testamento são da Bíblia editada pela Sociedade Bíblica do Brasil, em 1947, tradução de João Ferreira de AImeida, e a de "O Evangelho segundo o Espiritismo", da 82ª edição da FEB, em 1981.

Encerramos o presente artigo repetindo com Emmanuel:


         "Fora ridículo proibir-se a elucidação, O que será de evitar-se, zelosamente, é a azedia da polêmica."