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domingo, 13 de novembro de 2011

06 / 07 Algumas Ideias e Pensamentos de Allan Kardec


Allan Kardec
Algumas Ideias e Pensamentos (6)

Coligidos por Sylvio Brito Soares

Reformador (Setembro 1957)

Siglas usadas no final de cada ideia ou pensamento, indicadoras das obras de onde foram extraídos.

C. I. - O Céu e o Inferno
E. - O Evangelho segundo o Espiritismo
G. - A Gênese
L. E. - O Livro dos Espíritos
L. M. - O Livro dos Médiuns
O. P. - Obras Póstumas
Oq. - O que é o Espiritismo
P. E. - O Principiante Espírita
R - Reformador
R. S. - La Revue Spirite


Progresso

            O progresso geral é a resultante de todos os progressos individuais, mas, o progresso individual não consiste apenas no desenvolvimento da inteligência, na aquisição de alguns conhecimentos. Nisso mais não há do que uma parte do progresso, que não conduz necessariamente ao bem, pois que há homens que usam mal do seu saber. O progresso consiste, sobretudo, no melhoramento moral, na depuração do Espírito, na extirpação dos maus germens que em nós existem. Esse o verdadeiro progresso, o único que pode garantir a felicidade ao gênero humano, por ser o oposto mesmo do mal.  (O.P. - Pág. 349)          

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            Apoiada tão só nas leis da Natureza, (a Doutrina Espírita) não pode variar mais do que estas leis; mas, se uma nova lei for descoberta, tem ela que se por de acordo com essa lei. Não lhe cabe fechar a porta a nenhum progresso, sob pena de se suicidar. Assimilando todas as ideias reconhecidamente justas, de qualquer ordem que sejam, físicas ou metafísicas, ela jamais será ultrapassada, constituindo isso uma das principais garantias da sua perpetuidade. (O.P. - Pág. 314)

Propriedade

            O que, por meio do trabalho honesto. o homem junta constitui legítima propriedade sua, que ele tem  o direito de defender, porque a propriedade que resulta do trabalho é um direito natural, tão sagrado quanto o de trabalhar e de viver. (L.E. Pág. 393)

Proselitismo

            Alguns incrédulos se admiram de que os Espíritos tão poucos esforços façam para os convencer. A razão está em que estes últimos cuidam preferencialmente dos que procuram, de boa fé e com humildade, a luz, do que daqueles que se supõem na posse de toda a luz e imaginam,  talvez , que Deus deveria dar-se por muito feliz em atraí-los a si, provando-lhes a sua existência. (E. - Pág. 113)

Provas

            A alta posição do homem neste mundo e o ter autoridade sobre os seus semelhantes são provas tão grandes e tão escorregadias como a desgraça porque, quanto mais rico e poderoso é ele, tanto mais obrigações tem que cumprir e tanto mais abundantes são os meios de que dispõe para fazer o bem e o mal. Deus experimenta o pobre pela resignação e o rico pelo emprego que dá aos seus bens e ao seu poder. (L. E. - Pág. 366)

 Purgatório

            As preces pagas transformaram o purgatório em mina mais rendosa que o inferno. O  purgatório originou o comércio escandaloso das indulgências, por intermédio das quais se vende a entrada no Céu. Este abuso foi a causa primária da Reforma, levando Lutero a rejeitar o purgatório. (C. l. - Pág. 61)

 Reencarnação

            Assim como, para o Espírito, a morte do corpo é uma espécie de renascimento, a reencarnação é uma espécie de morte, ou antes, de exílio, de clausura.  (L.E. - Pág. 190)

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            A doutrina da reencarnação, isto é, a que consiste em admitir para o Espírito muitas existências sucessivas, é a única que corresponde à ideia que formamos da justiça de Deus para com os homens que se acham em condição moral inferior; a única que pode explicar o futuro o e firmar as nossas esperanças, pois que nos oferece os meios de resgatarmos os nossos erros por novas provações. A razão no-la indica e os Espíritos a ensinam. (L. E. -  Pág. 118)

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            Sem o princípio da preexistência da alma e da pluralidade das existências, são ininteligíveis, em sua maioria, as máximas do Evangelho, razão por que hão dado lugar a tão contraditórias interpretações. Somente esse princípio lhes restituirá o sentido verdadeiro. (E. – Pág. 72)

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            O Espírito só gradativamente avança. Não lhe é dado transpor de um salto a distância que da civilização separa a barbárie e é esta uma das razões que nos mostram ser necessária a  reencarnação, que verdadeiramente corresponde à justiça de Deus. De outro modo, que seria desses milhões de criaturas que todos os dias morrem na maior degradação, se não tivessem meios de alcançar a superioridade? Porque Deus os privaria dos favores concedidos aos outros homens?' (L. E. – Pág. 172)

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            A pluralidade das existências, segundo o Espiritismo, difere essencialmente da metempsicose, em não admitir aquele a encarnação  da alma humana nos corpos animais, mesmo como castigo. Os Espíritos ensinam que a alma não retrograda, mas progride sempre. Suas diferentes existências corpóreas e cumprem na Humanidade, sendo cada uma um passo que a alma dá na senda do progresso intelectual e moral; o que é coisa muito diversa da metempsicose, (Oq. - Pág. 97)


            Deus, em sua justiça, não pode ter criado almas desigualmente perfeitas. Com a pluralidade das existências, a desigualdade que notamos nada mais representa em oposição à mais rigorosa equidade: é que apenas vemos o presente e não o passado. A este raciocínio serve de base algum sistema, alguma oposição gratuita? Não. Partimos de um fato patente, incontestável: a desigualdade das aptidões e do desenvolvimento intelectual e moral, e verificamos que nenhuma das teorias correntes o explica, ao passo que uma outra teoria lhe dá explicação simples, natural e lógica. Será racional preferir-se as que não explicam àquela que explica?   (L.E. - Pág. 144)

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            Que sorte aguarda os que morrem na infância quando ainda não puderam fazer nem o bem, nem o mal?  Se vão para o meio dos eleitos, porque esse favor, sem que coisa alguma hajam feito para merecê-lo? Em virtude de que privilégio eles se veem isentos das tribulações da vida?
            Haverá alguma doutrina capaz de resolver esses problemas?  Admitam-se as existências consecutivas e tudo se explicará conformemente à justiça de Deus. O que se não pode fazer numa existência faz-se em outra. Assim é que ninguém escapa à lei do progresso, que cada um será recompensado segundo o seu merecimento real e que ninguém fica excluído da felicidade suprema, a que todos podem aspirar, quaisquer que sejam os obstáculos com que topem no caminho. (L.E. - Pág. 145.)

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            Reconheçamos, portanto, em resumo, que só a doutrina da pluralidade das existências explica o que, sem ela, se mantém inexplicável; que é altamente consoladora e conforme à mais rigorosa justiça; que constitui para o homem a âncora de salvação que Deus, por misericórdia, lhe concedeu.
            As próprias palavras de Jesus não permitem dúvida a tal respeito. Eis o que se lê no Evangelho de São João, capítulo III:
            3.         Respondendo a Nicodemos, disse Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se um homem não nascer de novo, não poderá ver o reino de Deus.
            4.         Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer já estando velho? Pode tornar ao ventre de sua mãe para nascer segunda vez?
            5.         Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se um homem não renascer da água e do Espírito, não poderá entrar no reino de Deus. O que é nascido de carne é carne e o que é nascido do Espírito é Espírito. Não te admires de que eu te tenha dito: é necessário que torneis a nascer. (L.E. - Pág. 148)

Religião

            Realmente, o sentimento religioso domina nas evocações e em nossas reuniões; mas não temos fórmula sacramental: para os Espíritos o pensamento é tudo e a forma é nada . Nós os chamamos em nome de Deus, porque cremos em Deus e sabemos que nada se faz neste mundo sem sua permissão, e, portanto, que eles não virão sem que Deus o permita; procedemos em nossos trabalhos com calma e recolhimento; porque essa é uma condição necessária para as observações, e, em segundo lugar, porque sabemos o respeito que se deve àqueles que não vivem mais sobre a Terra, qualquer que seja a sua condição, feliz ou infeliz, no mundo espiritual; fazemos um apelo aos bons Espíritos, porque, conhecendo que há bons e maus, desejamos que estes últimos não venham tomar parte fraudulentamente nas comunicações que recebemos. (Oq. -Pág. 86)

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            Todas as religiões têm por base a existência de Deus e por fim o futuro do homem depois da morte. (O.P. – Pág. 37)

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            No sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nós nos ufanamos disso, porque ele  é a doutrina que funda os laços de fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre as mais sólidas bases: as leis da própria Natureza. (R.S., 1868)

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            Se a religião, apropriada em começo aos conhecimentos limitados do homem, tivesse acompanhado sempre o movimento progressivo do espírito humano, não haveria incrédulos, porque está na própria natureza do homem a necessidade de crer, e ele crerá desde que se lhe dê o pábulo espiritual de harmonia com as suas necessidades intelectuais. (C.I. - Pág. 16).  

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            A sublimidade da religião cristã está em que ela tomou o direito pessoal por base do direito do próximo. (L.E. Pág. 391)

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            O laço estabelecido por uma religião, seja qual for seu objetivo, é, portanto, um elo essencialmente  moral que religa os corações, que identifica os pensamentos, as aspirações, e não é somente o fato de compromissos materiais que se rompem à vontade, ou do cumprimento de fórmulas que falam mais aos olhos do que ao espírito. (R.S., 1868; R. Outubro, 1949)

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            O objetivo da religião é conduzir a Deus o homem. Ora, este não chega a Deus senão quando se torna perfeito. Logo, toda religião que não torna melhor o homem, não alcança o seu objetivo. Toda aquela em que o homem julgue poder apoiar-se para fazer o mal ou é falsa, ou, está falseada em seu principio. (E. - Pág. 125.)


Revelação

            A lei do Antigo Testamento teve em Moisés a sua personificação; a do Novo Testamento a tem no Cristo. O Espiritismo é a terceira revelação da lei de Deus, mas não tem a personificá-lo nenhuma individualidade, porque é fruto do ensino dado, não por um homem, sim pelos Espíritos, que são as vozes do Céu, em todos os pontos da Terra, com o concurso de uma multidão inumerável de  intermediários. (E. - Pág. 44)

Riqueza

            Se a riqueza é a causa de muitos males, se exacerba tanto as más paixões, se provoca mesmo tantos crimes, não é a ela que devemos inculpar, mas ao homem, que dela abusa, como de todos os dons de Deus. Pelo abuso ele torna pernicioso o que mais útil lhe poderia ser. É a consequência do estado de inferioridade do mundo terrestre. Se a riqueza somente males houvera de produzir, Deus não a teria posto na Terra. Compete ao homem faze-la produzir o bem. Se não é um elemento direto do progresso moral, é, sem contestação, poderoso elemento de progresso intelectual. (E. - Pág. 218)

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            Quando Jesus disse ao moço que o inquiria sobre os meios de ganhar a vida eterna: "Desfaze-te de todos os teus bens e segue-me", não pretendeu decerto estabelecer corno princípio absoluto que cada um deva despojar-se do que possui e que a salvação só a esse preço se obtém; mas apenas mostrar que o apego aos bens terreno, é um obstáculo à salvação. (E. - Pág. 217)

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            Deplora-se, com razão, o péssimo uso que alguns fazem das suas riquezas, as ignóbeis paixões que a cobiça provoca e pergunta-se: Deus será justo, dando-as a tais criaturas? É exato que, se o homem só tivesse uma única existência, nada justificaria semelhante repartição dos bens da Terra; se, entretanto, não tivermos em vista apenas a vida atual e, ao contrário, considerarmos o conjunto das existências, veremos que tudo se equilibra com justiça. (E. - Pág. 219)

-Continua-



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