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sábado, 13 de agosto de 2011

Que fizemos do Evangelho que nos deixou Jesus?


Máfia e caridade,
um negócio lucrativo


            Sob o título acima, o jornal ‘Gazeta Mercantil’, de 17 de Dezembro de 1996, à página A-20, publica artigo sobre a Rússia assinado por Carol Mattack de Bussiness Week. Do artigo, sobre organizações legais ou não que se aproveitam de isenções de impostos e de taxas alfandegárias, extraímos trecho que comenta sobre a Igreja Ortodoxa:

            Até mesmo a Igreja Ortodoxa da Rússia pegou carona no trem do lucro fácil, com a isenção de impostos. Não há sinal de que o crime organizado tenha penetrado na Igreja, mas ela tem construído silenciosamente seu próprio império de negócios. Em 1994, Yeltsin permitiu que a Igreja importasse dez mil toneladas de cigarros isentos de impostos como ‘ajuda humanitária’. As importações da Igreja, no valor de USD 75 milhões no mercado, representaram cerca de 10% das importações de tabaco da Rússia, em relação ao volume dos dois últimos anos.

            Quando o acordo vazou para a imprensa russa, meses atrás, o patriarca Alexy II disse que não sabia de nada sobre as transações. Ele prometeu que a Igreja Ortodoxa não venderia cigarros. Em vez disso, ela os transferiu a outros grupos, que os venderam e depositaram parte do dinheiro arrecadado em organizações da Igreja.

            Enquanto isso, a Igreja está se aventurando em outros negócios atrativos. Ela é uma fundadora e acionista (com 40% de participação) da Cooperativa Econômica Internacional, uma empresa de comércio de petróleo, que ganhou acesso a oleodutos do governo em troca da concessão de uma parte dos lucros para organizações beneficientes. Agora, ela está ajudando a renovar o Kremlin. De acordo com um decreto assinado no último verão, Yeltsin permite a grupos religiosos descontar lucros para restaurar edifícios históricos.”

            Como se pode concluir, a Igreja Romana teve seu exemplo seguido por outras organizações religiosas, inclusive na Igreja Ortodoxa.

            Próximo ao enceramento desta sequência de artigos e notas e com o uso da pena de Divaldo Franco, expressando o pensamento do Espírito Vianna de Carvalho, apresentamos mensagem recebida em 8-8-1970, no Monte Aventino, em Roma, conforme publicado em Reformador(FEB) de Abril de 1971, sob título:

Lamentação


            Roma dos deuses pagãos!

                Roma dos mártires cristãos!

                Roma de novas e muitas paixões!

                No tumulto das tuas ruas vencidas pelos dias ciclópicos da atualidade, as novas indústrias do turismo internacional colorem tua paisagem cinza-parda com  tintas fortes e exibem da fauna humana os espécimes mais sofredores e atormentados, excitados pelas fantasias de propaganda bem urdida, que desfilam em enganosas vitórias, como fizeram os teus soldados no passado...

                Inutilmente buscas reviver as glórias pretéritas, ora imortalizadas no mármore, no granito, no bronze ou impressas em pergaminhos amarelecidos, quanto duradouras nos tesouros empoeirados...

                Contas aos visitantes atônitos a História e estórias e eles, na voragem da pressa e do desinteresse que têm por tudo, preferem as narrativas imaginosas e românticas, às informações legítimas sobre os homens e as mulheres que no teu solo um dia tentaram consolidar o amor e a verdade no seio da Humanidade...

                As tuas colinas célebres e o teu decantado rio Tibre mudaram pouco nestes muitos séculos. Não poucas vezes reverdeceram as terras com o suor dos cativos e o sangue dos soldados, nas batalhas incessantes que travaste através deles para sobreviver.

                Exibes tudo e tudo devassas...

                A peso de ouro arqueólogos e historiadores te redescobrem para revender-te aos bulhentos passantes, quase com desconsideração pelas tuas conquistas.

                Importas loucuras e exportas sandices.

                Onde antes se elevavam hinos de fidelidade e gratidão a Deus, onde se derramavam lágrimas de fervor e se mantinham sublimes colóquios com o Senhor, a bulha dos gárrulos visitadores e a voz extenuada dos guias pouco fiéis aos fatos soam agora em algazarra estranha.

                Que fizeste do Cordeiro cujo amor um dia se derramou pela tua cidade e se espraiou na direção do mundo?!

                Onde colocaste Deus?!

                Por que abafaste as melodias dos mártires com a gargalhada ensurdecedora das tuas ambições?!

                Constantino e Elena, aos dominadores temporários, encheram-te de símbolos e sinais, lembranças e objetos que consagraste, tomados à Palestina, à força, mas nublaram as visões da Imortalidade, desde então, quase ocultando-a.

                Saquearam templos e alteres dos antigos deuses da tua rica Mitologia e com as suas pedras e tesouros ergueram novos Domos e Catedrais e outros altares criando, igualmente, estranhos deuses para os governar...

                Muitos séculos depois, a França dos enciclopedistas e dos revolucionários de 1789, enlouquecida, também exilou Deus e entronizou a deusa Razão... Tu lhe devolveste, porém, a pedido dela os teus deuses, através da Concordata de Pio VII com Napoleão. E assim fizeste porque já não O tinhas mais...

                A França, depois, recebeu Allan Kardec que O desvelou ao mundo moderno, e a Mensagem que d’Ele vem pela Nova Revelação ressuscita os mortos que já não dormem nas tuas catacumbas e convoca os santos que desceram dos teus altares para caminhar pelo mundo, em nome de Jesus, cuja lição deslustraste ou esqueceste. 
                Ante os escombros nos quais a irrisão da ganância exibe espetáculos de grosseiras ignomínias, disfarçados de modernismos diante dos teus palácios e igrejas, eu, deste monte, revejo Jesus fitando com tristeza a Jerusalém do passado que O não recebia, e recordo-me das Suas palavras.

                “-Jerusalém, Jerusalém! que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar teus filhos, como galinha ajunta os do seu ninho debaixo das suas asas, e tu não o quiseste!...”

                “-Em verdade te digo, que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada.”

                É que, semelhante a Jerusalém, o teu poder e as tuas conquistas, os teus museus e esplendores não são para ‘a maior glória de Deus’, como afirmas, mas para a tua já duradoura, porém, ainda efêmera glória, que se acaba quando começam estes dias do Consolador Prometido por Jesus à Humanidade sofredora de todos os tempos do futuro.

                ...E enquanto lamento, parece-se rever Jesus, numa paisagem de muita tristeza, em tuas terras, como a repetir singular história do pretérito, avançando com firmeza e decisão.

                -Quo vades, Domine?! - pergunto-lhe.

                -Saio de Roma para morrer pelos homens outra vez, longe daqui! -Responde-me Ele.

                Roma dos Deuses!...


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