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quarta-feira, 27 de julho de 2011

Leão I, papa


Leão  I,   papa

Um homem alto de rosto cheio,
vestido túnica de rendas e trazendo à cabeça um grande resplendor,
é distinguido, entre outros espíritos que o cercam, pelo médium  vidente.

___________

        
          Compareço hoje perante o grande tribunal da cristandade para responder pelos erros e faltas que cometi durante o meu pontificado.

          Leão I, papa e cristão, que se dizia outrora devotado cultor da fé e dos ensinamentos do Cristo, vem trazer-vos, o seu depoimento contra os seus próprios atos.

          Tem a consciência aberta como um livro, onde podeis ler tudo quanto nela se contém escrito e que os anos e os séculos não puderam apagar; a sua alma, neste instante, curva-se perante DEUS e agradece a graça e o favor que lhe foram concedidos, permitindo-lhe comunicar-se com os homens e diante deles penitenciar-se das suas fraquezas e dos seus desvios no desempenho do elevado cargo que exerceu na Terra. Sente-se feliz o papa, que ora se declara culpado e arrependido de haver falseado os santos princípios e as sábias lições recebidas do Calvário, de ter concorrido para o ofuscamento da luz que jorrou do alto da cruz sobre a cristandade, sequiosa da verdade, ansioso, ascender para a perfeição e atingir o seu glorioso e imortal destino.

          Vem o mais obscuro dos representantes do Cristo na Terra pedir o vosso perdão, a vossa benevolência para as suas faltas e culpas, rogando-vos também a piedade e o conforto da vossa caridade para as suas fraquezas e os seus atos de impiedade e orgulho.

          Eu vos contarei a minha vida de papa sem ocultar nada do que fiz, sem omitir uma falta, um pecado, um erro, uma apostasia, uma fraude, uma miséria, enfim, narrarei diante dos homens todas as minhas leviandades, todas as minhas vilanias e todas as minhas crueldades.

          Não sou mais da Terra, não pertenço ao mundo das ilusões, dos sonhos e das fantasias; vivo a vida eterna dos espíritos; pertenço ao número dos que já não tem interesses de ordem inferior e material e, por isso, colocam a verdade acima de todas as coisas; não temo proferi-la, ainda contra mim mesmo, para condenar-me, humilhar-me perante aos cristãos.
                                         
          Fui um papa criminoso. Pratiquei atos que não se coadunavam com a nobreza e elevação moral do cargo que exerci entre vós.

          Cometi erros que nenhum homem de estado, quer leigo, quer religioso, deve praticar.

          Sou, portanto, culpado e responsável também pelo caminho que tem seguido a cristandade. 

          Errei desde o começo do meu pontificado, desde o início do meu reinado religioso, inaugurando um governo despótico e absoluto, não trepidando em dilapidar as consciências, em prostituir caracteres, aviltar
Sentimentos e perverter costumes, implantar abusos, fomentar crimes, acoreçoar discórdias e atear guerra no seio da cristandade, contribuindo, assim para o descrédito e desrespeito daquilo que eu tinha o direito de defender e fazer respeitar, ainda mesmo empregando a força material.

          Fui um mal papa e um péssimo cristão. Duvidei da verdade ensinada por Jesus; descri na justiça de DEUS, na qual devia ter confiado, quando mais não fosse, para exemplo dos que rodeavam. Fui um grande gozador das horas e prerrogativas que a investidura papal dá aos que tomam sobre si a árdua tarefa de dirigir o mundo cristão. Sacrifiquei direitos, calquei com os pés o que antecessores meus edificaram com as mãos. Aviltei o culto cristão, permitindo que aí se introduzissem praticas e fórmulas de outros ritos condenados pela Igreja, repudiados pelos doutores desta. Falsifiquei documentos, violei as leis sagradas, consentindo a presença, o templo de S. Pedro, de pessoas cuja vida moral as incompatibilizava com a pureza e a moralidade do cargo que eu exercia.

          Coloquei os maus elementos dominantes na época em contato com as coisas sagradas e comprometi a fé cristã, deixando que falsos sacerdotes assumissem a direção de institutos religiosos e ali profanassem a lei de DEUS, cometendo abusos e violências, verdadeiros atentados contra a fé, a moral e a religião de Jesus Cristo.

          Pratiquei atos de puro orgulho e de requintada vaidade, dando honras e galardões a quem não os merecia, somente porque essas criaturas podiam e sabiam alimentar a minha vaidade e exaltar o meu orgulho.

          Criei em torno de mim uma atmosfera de ambições, vaidades e falsos orgulhos e da mais desenfreada corrupção.

          Não me preocupei com outra coisa que não fosse a satisfação de apetites brutais e desejos venais e da mais franca dissolução. Arrogue-me direitos  e poderes que não devia possuir sem quebra da minha dignidade pessoa e da instituição da qual era o chefe supremo.

          Fui ao extremo dos abusos e violações, entreguei-me apaixonadamente aos prazeres e desregramentos maiores, à vida sensual e criminosa dos ímpios e pagãos.

          Contrariei as leis cristãs, infligindo castigos desunamos aqueles que me contrariavam os caprichos, procurando sustar a fúria das paixões que me dominavam, dos maus instintos que eu acalentava na alma, onde os afogava com o mesmo carinho com que as mães acariciavam os filhinhos que trazem no regaço.
          Fui depredador e padrasto da cristandade, por cuja felicidade nada fiz. Corrompi os costumes políticos, depravei e abastardei as consciências, barateei os caracteres, manchei as mãos com o sangue generoso de adversários, aos quais fiz eliminar pela gente assalariada do Vaticano, incumbida de executar as minhas ordens, ainda mesmo as mais absurdas e criminosas.

          Desforrei-me sempre que pude dos meus inimigos, muito dos quais foram por mim desterrados e perseguidos até no seio da família, onde a minha cólera ia buscá-lo.

          Provoquei lutas entre os Estados que então formavam a Itália, influindo para que muitos soberanos fossem apeados dos seus cargos. Animei revoltas, aliciei elementos para guerrear o que me degradava e embaraçava a realização dos meus desejos.

          Comunguei com os perturbados e causadores das grandes desordens que abalaram a Europa no tempo em que pontifiquei. Assumi a chefia da igreja cercado das simpatias gerais dos que depositavam na minha gestão todas as esperanças da justiça e de reformas úteis e liberais. Levei a descrença a todos os corações e implantei a desconfiança em todas as almas.

          Substitui a cordura e a calma pela violência e o despotismo; transformei a ação papal em espada de dois gumes: um que feria o adversário e outro que magoava aquele que desferia o golpe. Impus silêncio aos que procuravam pensar livremente, raciocinar, pensando à luz da razão de acordo com a verdade natural que se patenteia no fundo de todas as coisas; sacrifiquei interesses do Cristianismo à cupidez e voracidade, à gula desenfreada que me não deixava saciar de uma só vez todos os maus apetites. Fui a um só tempo déspota e traiçoeiro, falso e prevaricador, dissimulado e sagaz, crente e apostata, orgulhoso e humilde, conforme os interesses da ocasião ditavam a atitude que devia assumir; autoritário com os fracos, dissimulado e manhoso com os fortes; violento com os que mostravam temer as minhas investidas, brando e calculadamente atencioso com os que possuíam algum poder, os que enfeixavam nas mãos o prestígio e a força.

          Não mostrava as minhas garras, senão quando bem seguro da fraqueza e pusilanimidade do adverso, tendo, portanto, a certeza de poder esmagá-lo.

          Não posso narrar minuciosamente todos os pequenos fatos desse funesto pontificado, cujas linhas gerais deixo traçadas, sem, entretanto ter olvidado nenhuma circunstância denunciante da minha culpabilidade, sem omitir nenhum traço cuja ausência pudesse diminuir a minha responsabilidade.

          Apontei-me criminoso sob todos os pontos de vista; acusei-me de todos os erros e crimes que pratiquei, embora sem entrar em minúcias que tiraram a grandeza desta “Revelação”. Fui aqui juiz de mim mesmo, acusando-me, condenando-me publicamente perante DEUS e os homens.

          Já vos falei do homem, agora quero falar-vos do espírito desencarnado, da alma sofredora, das suas reencarnações, da sua evolução através dos tempos, para chegar a ser o que hoje é; espírito lúcido e feliz.

                                * * * * *

          A morte trouxe-me muitas perturbações, aflições e lágrimas.

          Logo ao desencarnar, achei-me, em trevas tão densas que me fizeram chorar amargamente a minha desdita, sem ouvir ali, no meio do horror, uma voz que me consolasse, isto durante um tempo que não posso medir nem calcular, pois, como sabeis, no espaço, onde ficam as almas sofredoras, suportando os horrores das trevas, não existe tempo, o que faz parecer eterno o sofrimento; por isso é que não vos posso precisar a duração do meu tormento.

          Ali fiquei nessa situação dolorosa, nesse desespero que não vos posso descrever; ali permaneci sem ter noção do que se passava no mundo; era como se houvesse para sempre mergulhado no fundo de um abismo, onde todas as esperanças, todos os ideais, todas as aparições, todos os desejos e todos os sentimentos tivessem também apagado para sempre.

          Caminhava sem rumo, sem norte, pois tanto fazia marchar para frente, recuar ou deslizar para a esquerda ou para a direita, nada alterava, era sempre a mesma a minha situação.

          Era um caminho sem saída, um problema sem solução.

          Para variar tinha apenas uma coisa, única: a visão constante dos meus erros, dos meus crimes e das minhas torpezas.

          As minhas vítimas eram as únicas almas que me visitavam no meio desse desespero, e vinham somente para agravar a minha situação, aumentar o meu martírio.

          Chorava copiosamente, implorava que me arrancassem daquele lugar, me furtassem a essa escuridão maldita que tanto me fazia sofrer!gritava e, de tanto gritar e imprecar, sentia-me fatigado e caia em delíquio que, por instantes, me fazia esquecer o sofrimento e as dores que me atormentavam. Assim continuei: assim vivi sem poder encontrar alívio para o meu desespero.

          Comecei depois de muito sofre, a recordar-me das palavras de Jesus e repeti-las constantemente.
          Sentia então um grande e indefinido prazer em recordar certos atos bons que praticara, e um desejo ardente de orar, de  penitenciar-me começou a invadir minha alma.

          Orei de fato, e com fervor.

          Comecei a sentir os efeitos que a prece sincera de arrependimento, que fazia, ia produzindo em torno de mim, aliviando-me, tornando menos densa a treva, permitindo-me avisar, embora a furto, os famosos semblantes do espírito guia, dos protetores e amigos, que ansiavam por me verem liberto e arrependido das minhas culpas.

          O meu fervor aumentava, progredia, avolumava-se, e uma alegria, um gozo que não posso definir, começou a substituir o desespero e a aflição em que me achava  e que me pareciam eternos.

          A prece e o arrependimento me deram paz e sossego, e pude recuperar luz para o meu pobre espírito; aos poucos, achei-me em plena claridade, cercando dos espíritos que me procuravam confortar com os conselhos e explicações que vinham trazer por ordem superior e que eu aceitava com viva satisfação, ouvindo-os com desmedido interesse.

          Foi uma aurora que rompeu para mim, um novo dia que raiou para o meu espírito; foi o começo de uma nova era, na qual entrou minha alma alegre e satisfeita!

          Vi daí por diante todas as coisas espirituais por um prisma muito diverso daquele pelo qual as encarava em vida.

          Compreendi quanto fora culpado, toda a grandeza da responsabilidade que pesara sobre mim, senti-me enfastiado, aborrecido, enojado desse passado negro, dessa vida inútil, na qual eu só procurava comprometer o meu espírito, lançando-o no horror das trevas que me envolveram logo após a morte.

          Direis vós: - estivestes então no inferno a sofrer todos esses tormentos? Eu vos responderei: - não; o inferno não existe, jamais existiu, jamais existirá; estive dentro da minha consciência, esse abismo onde fui mergulhado e de onde dificilmente saí: era ela a minha própria consciência envolta nas trevas criadas pelos meus erros, formadas pelos meus crimes, acumuladas aí pelas minhas torpezas. Foi a minha própria consciência que me castigou; foi aí que encontrei o inferno e as torturas atrozes que suportei.

          O inferno não existe, assim como também não existe o céu.

          O que há no mundo dos espíritos são consciências - sombrias umas, luminosas,  radiantes da claridades eternas outras: aí tendes o inferno e o céu.

          Abandonai essa crença retrógrada; convencei-vos de que vós mesmos podeis criar o vosso céu ou construir o vosso inferno, e , um dia haveis de sofrer os horrores das trevas que fordes, desde já, condensando desde hoje, construindo com a prática do bem e da caridade, com as virtudes que cultivardes na vida terrena.

          Eu vos recomendo cuidado, firmeza, honestidade, fé, tolerância, caridade, justiça, amor ao próximo, abnegação e sacrifício por tudo que é nobre e santo, respeito as leis de DEUS, zelo pelas cosias sagradas e desprendimento do bens e gozos terrenos, pois não são eles os únicos que existem.

          Aconselho que vos prepareis para a vida de amanhã, gloriosa e eterna, para a vida espiritual, onde são felizes unicamente os que na Terra cumprem o seu dever sacrificando-se pelo bem, pela verdade, pela justiça e pelo amor.

          Sejam as minhas palavras um aviso, o toque de rebate nas fileiras cristãs, para que fiquem a postos, alerta, afim de poderem enfrentar os inimigos da alma, que hão de procurar conduzindo-vos para o caminho do mal, da desgraça, da ruína e das trevas.

          Que possais resistir às tentações e ao apelo constante da maldade do crime e do pecado, são os desejos de
    
                                             Leão I  (setembro de 1915)


Leão I   45º papa
Nascimento: Toscana, 400
Eleição: 29 de Setembro de 440
Fim do pontificado: 10 de Novembro de 461

Antecessor: Sisto III
Sucessor: Hilário

O Papa Leão I ou São Leão Magno foi papa de 29 de setembro de 440 até 10 de novembro de 461. É um doutor da Igreja e um dos Padres latinos. Leão I é conhecido por ter convencido Átila, o Huno em Roma, em 452, a voltar atrás de sua invasão da Europa Ocidental.

Vida
  De acordo com o Liber Pontificalis era natural da Toscânia. Em 431, como um diácono, ocupando uma posição suficientemente importante para trocar cartas com Cirilo de Alexandria e o Papa Celestino I. Quando o Papa Sixto III morreu (11 de agosto de 440), Leão foi unanimemente eleito pelo povo para sucedê-lo.
 O seu pontificado, de rara longevidade nos tempos iniciais da Igreja, foi pródigo em importantes acontecimentos, de entre os quais se destacam o encontro em 452 com Átila. Em 451, os hunos assolaram o norte da Península Itálica, saqueando e matando. O imperador do Ocidente não logrou defender o seu território. Leão enfrentou decididamente Átila, o rei dos hunos, em 452. No encontro com ele em Mântua, pelo poder da sua personalidade, conseguiu que Átila, finalmente, firmasse um acordo de paz.

 No entanto, Roma foi pilhada depois pelos Vândalos. Quando, em 455, os vândalos, comandados pelo rei Genserico, se encontraram às portas de Roma, sem que nenhum exército imperial trouxesse ajuda, os olhares se voltaram para Leão Magno. Ele se dirigiu ao acampamento dos inimigos. Embora não lograsse impedir de todo o saque da cidade, alcançou, contudo, que ficasse preservada a vida da população. Leão conseguiu impedir a tortura de muitos cidadãos romanos nessa invasão.

Em 446 o Papa Leão I declarou que "o cuidado da Igreja universal, deve convergir para a cadeira de Pedro, e nada (…) deve ser separado de sua cabeça".[1] Esta doutrina foi reafirmada no Concílio de Calcedónia em 451 por Leão I (através de seus emissários). Leão I impôs a uniformidade da prática pastoral, corrigiu abusos e resolveu disputas. Igualmente fica marcado pela defesa do conceito teológico fundamental de que Jesus Cristo teve duas naturezas distintas, a humana e a divina.

Fonte: Esboço encontrado na Wikipédia, a enciclopédia livre, Seguramente  desenvolvido por um católico.

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