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sexta-feira, 20 de maio de 2011

Pobres e Ricos



A Indigência Humana
por Pedro de Camargo, o Vinícius
Reformador (FEB)  01.Julho.1932

            Dizem que no mundo há pobre e ricos. A verdade, porém é que só de pobres se compõe a humanidade. Ricos? Onde estão eles?
           Rico é aquele que de nada precisa. Rico é o que se ache provido abundantemente de tudo o que faz a vida feliz, que proporciona e assegura a alegria de viver. Rico é o que está satisfeito, experimentando pleno contentamento, completa satisfação. Rico, finalmente, é o que possui não só o que lhe basta, porém muito mais, a super abundância de todos os bens.  
         Onde se encontra esse rico no meio em que vivemos? Há os que têm dinheiro, mas não têm saúde. Logo precisam de saúde; e quem precisa de alguma coisa não é rico.
        Além dos pobres de saúde, do corpo e do Espírito (que são todos os homens, visto que não há ninguém isento desta ou daquele doença, desta ou daquela deficiência física ou moral), há os pobres de paz, os pobres de inteligência, os pobres de ideais, os pobres de caráter, de vontade, de esperança e de fé, enfim, os pobres de amor que, dentre todos são os mais desgraçados.
            Onde, portanto, os ricos? Ricos de que? de orgulho? de vaidades? de ambição, cobiças e desejos? de ciúmes e inveja?
            Pois, tudo isso é indício seguro de pobreza, de miséria moral. De tais ricos sim, o mundo está cheio.
          E os ricos de bens materiais? Acaso, as temporalidades serão, de fato, expressão de riqueza? Ouro, prata, fazendas, a quem pertencem? Como se denomina seu legítimo proprietário? Quem garante e mantém o direito de propriedade sobre os bens terrenos?
        Na instabilidade e na insegurança de tal posse está outra forma de pobreza, peculiar a todos os indevidamente chamados ricos; riqueza que a traça rói, que o ladrão rouba, que o tempo consome e que a morte  a todos arrebata não é riqueza, é quimera, é miragem.
            De que serve a posse ilusória do dinheiro aos pobres de inteligência? E aos pobres de sentimentos? E aos que não possuem ideais?
          Decididamente, este mundo não passa de um grande asilo, de um vasto recolhimento de enfermos e indigentes.
            Misericórdia, Senhor, para todos os homens.

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