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quarta-feira, 27 de abril de 2011

Amalia Domingo Soler



Sesquicentenário de

 Amalia  Domingo  Soler

Duilio Lena Bérni
Reformador(FEB), pág. 369 -  Dezembro 1985
               
            Os que viam, com indiferença, a formosa moça que ia buscar a sopa em uma instituição de atendimento a mendigos, não poderiam imaginar que naquele corpo enfraquecido albergava-se lúcido espírito, detentor de sublimes atributos intelectuais e, sobretudo, morais.
            Era Amalia Domingo Soler, reduzida, quase, à indigência. Aos faustosos dias de opulência, proporcionados pela dedicada genitora, sucederam-se duras jornadas de abandono e privações.
            Os parentes e amigos da época da fartura eclipsaram-se.
            Nascida em Sevilha, Espanha, a 10 de dezembro de 1835, defrontou-se com a cegueira, aos oito anos, durante três meses. Curou-a um farmacêutico.
            Aos dez anos, revelou-se-lhe a veia poética; a publicação dos primeiros versos, porém, só ocorreu aos dezoito anos.
            Quando do óbito da mãe bondosa, Amalia estava com 25 anos. Como acontece, normalmente, com os missionários, encaminha-se, naturalmente, para o celibato.
            Costureira hábil e escritora emérita, obtinha no exercício dessas funções, o imprescindível para manter-se com dignidade.
            Precisava, porém, obter melhor remuneração pelo que produzia. Com esse propósito, mudou-se para Madrid.
            A adaptação ao novo meio não foi fácil, de vez que a  dura contingência de ter de pedir a sopa, ocorreu precisamente na capital espanhola.
            O oftalmologista que tratava dos seus olhos, embora materialista, informou-lhe da existência de uns ‘loucos’, os espíritas, os quais procuravam explicar a razão dos sofrimentos.
            Ofertou-lhe, mesmo, um exemplar do periódico “O Criterio”, que inseria esclarecimentos sobre a nova  doutrina. Lendo o jornal, Amalia aceitou, imediatamente, os ensinamentos do Espiritismo.
            De uma família espírita, obteve as obras de Kardec. Inobstante a carência visual, leu-as com muito interesse, fazendo-se adepta da Doutrina Espírita.
            Sentiu uma sensação dolorosa na cabeça certa manhã, tendo ouvido, logo após, uma voz a dizer-lhe: Luz!... Luz!..., recuperando, a seguir, a visão, quase totalmente.
            Parece fora de dúvida ter sido paciente de uma operação espiritual. Começou a escrever. Era o dom mediúnico da intuição, que se revelava.
             Enviou uma poesia ao ‘El Criterio’, que a publicou. Remeteu outra ao jornal ‘La Revelación’, que não somente a publicou, mas ofereceu-lhe suas colunas para receberem colaboração sobre Espiritismo.
            ‘El Criterio’ divulgou seu primeiro artigo, intitulado A Fé Espírita, em seu número 9, na 1ª página, em 1872.
            Na Sociedade Espírita Espanhola, a 4 de abril de 1874, a convite dos dirigentes, declamou a poesia, de sua lavra, intitulada A la memoria de Allan Kardec. Em face do êxito alcançado, passou a participar de numerosas atividades da Sociedade.
            Vários jornais espíritas começaram a disputar sua colaboração. Para atende-los, escrevia à noite, dado que, no seu ganha-pão, trabalhava durante o dia.
            Amalia sempre recusou, com firmeza, as propostas que lhe foram feitas para aceitar remuneração pelos trabalhos realizados na divulgação dos princípios redentores da Doutrina Espírita.
            Convidado pelo Círculo La Buena Nueva, foi para  Barcelona, a 20 de junho de 1876. A 10 de agosto do mesmo ano, também mediante convite, mudou-se para a casa de Luís Llach, generoso obreiro da Causa Espírita, que muito a ajudou.
            Instada por Luís, Amalia rebateu várias críticas feita por opositores do Espiritismo. Ditos opositores conseguiram suspender a publicação, durante 42 semanas, de “La Luz del Porvenir”, cujo primeiro número fora editado a 22 de maio de 1879.
            Os valorosos seareiros da undécima hora não se intimidara, e fundaram “El Eco de la Verdad”, que saiu a lume durante 26 números, até o ressusgimento de “La Luz del Porvenir”, a 11 de dezembro de 1879.
            O guia espiritual da nossa biografada, o Padre Germano, manifestou-se pela 1ª vez, a 9 de maio de 1879, pela mediunidade de Eudaldo, estimulando-a a prosseguir, sem titubear, na defesa e na divulgação do Espiritismo.
            Sucessivamente, em julho de 1880, em março de 1885 e em fevereiro de 1885, Amalia saiu a campo para contestar acusações e ataques de sacerdotes católicos.
            Arrefecendo a mediunidade de Eudaldo, foi de encontro de Amalia a asua amiga Maria, detentosa de acentuada sensibilidade mediúnica.
            Através de seu dons. foram recebidas numerosas páginasa integrantes do livro “Reencarnação e Vida”, vertido de “Hechos que Prueban”[1].
            A 10 de julho de 1912, depois de desencarnada, Amalia, por intermédio da médium Maria, completou suas memórias. O decesso da intimorata sensitiva ocorreu a 29 de abril de 1909, quando contava 73 anos de idade.
            Dentre as obras deixadas, cumpre mencionar as seguintes, de que existem exemplares na Biblioteca da Sociedade Espírita Paz e Amor, integrante do quadro federativo da Federação Espírita do Rio Grande do Sul: “Sus más Hermosos Escritos”[2]. “Palavras do Alvorecer”[3], “Fragmentos das Memórias do Padre Germano”[4], “Ramos de Violetas”[5], “El Espiritismo”[6] e, de Cásar Bogo, “Amalia Domingo Y Soler”[7]

           


[1] SOLER, Amalia Domingo. “Hechos que Prueban” - Trad. sob o título de “Reencarnação e Vida”, de CASTRO, Jurema de. Revisão de ARANTES, Hércio Marcos Cintra e BARBOSA, Elias. Apresentação e nota biográfica de GENTILE, Salvador, Araras, SP, Instituto de Difusão Espírita, 1ª Edição, maio de 1972.
[2]  SOLER, Amalia Domingo. “Sus Más Hermosos Escritos”, Barcelona, Casa Editorial Maucci. Não consta a data nem número da edição. Com dedicatória à Biblioteca da Sociedade Espírita Paz e Amor, feita em Porto Alegre, RS, a 23 de maio de 1925, do próprio punho de Angel Aguarod.
[3] SOLER, Amalia Domingo. “Sus Más Hermosos Escritos” - Trad. sob o título “Palavras do Alvorecer” (Antologia), de GENTILE, Salvador. Revisão de BARBOSA, Elias. Araras, SP, Instituto de Difusão Espírita, 1ª Edição, setembro de 1976.
[4] SOLER, Amalia Domingo. “Fragmentos das Memórias do Padre Germano”. Rio de Janeiro, RJ. Livraria Editora da Federação Espírita Brasileira, 1944, 16ª Edição.
[5] SOLER, Amalia Domingo. “Ramos de Violetas”, tomos primeiro e segundo, Barcelona, Casa Editorial Maucci, tercera edición.
[6] SOLER, Amalia Domingo Y. “El Espiritismo” - Refutando los Errores del Catolicismo Romano. San Martin de Provensales, 1880. Com dedicatória à Biblioteca da Sociedade Espírita Paz e Amor, feita de Porto Alegre, RS, em 1924, do próprio punho de Angel Aguarod.
[7] BOGO, César. “Amalia Domingo Y Soler” - “A Gran-Senhora do Espiritismo”- Trad. RODRIGUES, Wallace Leal V. Matão, SP, Editora O Clarin, 1974, 1 ª Edição.


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